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Marcas trocam carros de volume por modelos premium para lucrar mais

Estratégia está no foco em segmentos com maior valor agregado, mesmo que vendas não sejam como antes.

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Faz um tempo que o segmento de carros populares está encolhendo no Brasil. Esse fenômeno, inclusive, foi até abordado por aqui algumas colunas atrás.

Só que nunca houve uma migração tão clara para as categorias mais luxuosas como agora.

Hoje não é só a Ford que aposta em modelos mais caros que evidentemente venderão menos, mas resultam em margens de lucro mais generosas.

Mudança na estratégia

A Honda é o exemplo mais recente. Após descontinuar seus grandes sucessos Fit e Civic, a empresa revelou novos detalhes de sua ousada estratégia para o mercado brasileiro.

A ofensiva começa já no segundo semestre deste ano, com a confirmação do novo HR-V. O modelo estreia em agosto em nova geração e com duas motorizações: a revigorada 1.5 i-VTEC da linha City e um inédito 1.5 turboflex, desenvolvido especialmente para o Brasil.

No último trimestre deste ano é a vez do novo Civic desmarcar por aqui. Ao invés de ser produzido no país, o modelo será trazido dos Estados Unidos apenas na versão híbrida, com conjunto semelhante ao Accord Hybrid.

Grandes novidades vem aí

Falando em Civic, a Honda também apostará nos esportivos com o novo Civic Type R. O carro sequer foi apresentado oficialmente, mas já está confirmado para o Brasil em 2023. Não por acaso, a vinda do modelo ocorreu poucas semanas após a arquirrival Toyota ter confirmado o lançamento do GR Corolla no Brasil. Coincidência? Eu diria que não.

No ano que vem também chega o CR-V híbrido e uma grande novidade no segmento de SUVs médios. A expectativa é que a Honda lance o HR-V vendido nos Estados Unidos, que, apesar do nome, é bem diferente do HR-V que debuta por aqui ainda em 2022.

Para evitar confusões, a Honda escolherá outro nome para batizar o modelo, que, por ser maior, deve encarar Jeep Compass e Toyota Corolla Cross.

Franceses seguem mesmo rumo

Antes da Honda, a Renault já havia indicado uma mudança na rota. Como parte de seu plano ‘Renaulution’, a empresa abriu mão de alguns de seus modelos mais populares no Brasil.

A dupla Logan e Sandero será aposentada sem deixar sucessor. Apenas o pequenino Kwid segue como opção de entrada na gama, mas não sem ganhar uma versão elétrica. O Kwid E-Tech sai por R$ 142.990 e se tornou o carro elétrico mais barato do mercado brasileiro.

A ideia foi abrir uma porta de entrada para a linha de veículos elétricos da Renault. Além do Kwid, a gama eletrificada ainda conta com o hatch Zoe (que custa mais de R$ 200 mil) e o furgão Kangoo, hoje disponível apenas para vendas diretas.

Até o ano que vem, a ‘família’ ganhará o reforço do Mégane E-Tech. Agora um SUV, o modelo entrega 218 cv em sua versão mais potente e um nível de sofisticação capaz de fazer com que muitos mudem a percepção que têm da Renault hoje em dia.

FORMAT 4-3

SUVs ainda em alta

Para não dizer que a Renault abandonou de vez os segmentos mais populares, a empresa prepara o lançamento de um inédito SUV compacto.

Feito sob a base modular CMF-B, que será fabricada em São José dos Pinhais (PR), ele já está sendo testado debaixo de uma carroceria de Stepway europeu. A tendência, porém, é que ele tenha personalidade própria.

Essa plataforma, aliás, deve ser aproveitada em vários modelos da Renault nos próximos anos. Um deles poderá ser a versão final do Bigster, um SUV de sete lugares que já havia sido confirmado para a América do Sul.

Como se vê, vender mais deixou de ser fundamental para algumas montadoras. Até porque elas descobriram que é possível fazer dinheiro vendendo menos – e lucrando mais.

*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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