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Primeira Marcha

Com vendas em baixa, Anfavea aposta em IPI menor para alavancar setor em 2022

Associação diz que imposto menor pode impulsionar vendas a partir de março.

A indústria automotiva ainda está longe de ter motivos para celebrar. Números divulgados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) indicam que as vendas de veículos leves e pesados seguem caindo em relação a 2021.

Em fevereiro, 129.275 unidades foram emplacadas, resultando em discreto crescimento de 2,2% ante janeiro. O resultado, porém, é de queda de 22,8% comparando com o resultado do mesmo mês em 2021.

Segmentando apenas automóveis de passeio e comerciais leves, foram 120.458 modelos comercializados. O volume representa alta de 3,2% frente a janeiro, mas queda de 24% em relação a fevereiro do ano passado. 

O resultado também não foi tão positivo no bimestre, período no qual 255.793 unidades foram licenciadas no acumulado. Isso representa uma queda de 24,4% em comparação aos dois primeiros meses de 2021. 

Poderia ser pior

Apesar dos pesares, a Anfavea não classificou o desempenho de fevereiro como ruim. Além da persistente dificuldade com o fornecimento de semicondutores (que já se arrasta por anos), o segundo mês é tradicionalmente o mais curto do ano. Mesmo contando com um dia útil a menos, a média diária foi de 6.500 emplacamentos, mais do que os 6 mil de janeiro.

“Em janeiro enfrentamos os desafios da variante ômicron da covid-19 e a falta de componentes. Em fevereiro tivemos um dia útil a menos e, mesmo assim, conseguimos aumentar discretamente o desempenho”, disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, em coletiva de imprensa online realizada na última terça-feira (8).

Vale ressaltar que, curiosamente, o segmento de pesados teve comportamento totalmente oposto ao dos automóveis. Em fevereiro, foram 7.943 unidades de caminhões e ônibus vendidos no país, representando queda de 8,8% em relação às vendas de janeiro. Só que, no bimestre, as 16.648 unidades resultaram em alta de 2,1% em relação ao acumulado no mesmo período do ano passado.

IPI reduzido pode alavancar setor

A Anfavea confia nos efeitos positivos da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) anunciada no fim de fevereiro pelo Governo Federal. Existe até um otimismo em torno da medida, que pode representar o primeiro passo da retomada do setor.

E é bom que a associação esteja certa. Estimativas apontam que os estoques de fevereiro somaram 6 mil unidades, totalizando 120 mil veículos. Considerando montadoras e rede de concessionárias, os estoques chegam a 27 dias.

“A média diária já está melhor (em março) e vamos ter o impacto do IPI, que deve ajudar em um mês que não tem feriados e possui mais dias úteis para ajudar os volumes do setor”, disse Moraes.

A medida, inclusive, foi considerada “corajosa” pelo presidente da Anfavea. O executivo revelou também que um grupo de trabalho foi criado pela própria entidade há três anos para analisar a reforma tributária, e que um dos assuntos em pauta é a redução e até a futura extinção do IPI.

“Concluímos que o IPI não faz sentido dentro da reforma tributária e começamos a discutir com o ministro da Economia Paulo Guedes formas de reduzir de forma horizontal o imposto e caminhar para a reforma tributária. Se o IPI não vai existir no futuro, por que não promover a redução para estimular o consumidor?”, explicou Luiz Carlos.

Montadoras já reduzem preços

Até o fechamento desta coluna, algumas montadoras já anunciaram reduções em suas tabelas de preços.

A primeira delas foi a Kia, que fez reajustes de até R$ 20 mil nos valores de tabela. Jeep, Ford e Renault também repassaram a redução do imposto para o consumidor.

Na Jeep, os preços chegaram a cair até R$ 16,5 mil no caso do Commander Overland com motor 2.0 turbodiesel. Já a Ford promoveu reduções em toda sua linha, composta apenas por modelos de luxo importados. Enquanto a linha Ranger teve reajuste médio de 2% em todas as versões, o cupê Mustang teve queda de R$ 25.210, mas ainda custa mais de R$ 500 mil.

A Renault confirmou que realizará um reajuste na tabela de seus modelos com base nos valores praticados em fevereiro, mas ainda não divulgou os novos preços.

*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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