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Peugeot 208 aposta em motor 1.0 da Fiat para turbinar vendas

Grupo Stellantis não descarta promover sinergia entre marcas em futuros lançamentos.

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Alguns meses atrás, esta coluna falou sobre a transformação da categoria dos populares de entrada. A indústria brasileira viu uma debandada das fabricantes do segmento, que hoje conta com poucas opções.

Entretanto, a Peugeot decidiu remar contra a maré com o 208 1.0, que marca o retorno da marca à categoria depois de 16 anos. O movimento, porém, faz sentido, especialmente por conta das necessidades atuais da empresa.

O 208 está bem posicionado dentro do segmento de populares. A Peugeot abordou uma das fraquezas da concorrência ao oferecer um produto recheado de equipamentos, especialmente na nova versão Style. Nesta configuração, o hatch sai de fábrica com faróis full LED, carregador de celular por indução, teto solar panorâmico, rodas de liga leve de 16 polegadas, entre outros itens.

Desde a versão de entrada Like, o 208 tem itens como 4 airbags, central multimídia com tela de 10,3 polegadas (a maior da categoria) e iluminação diurna por LEDs, que deixam o compacto com um ar mais sofisticado.

A marca também adotou uma política agressiva de preços promocionais – que certamente vai durar pouco. Nos dias seguintes ao lançamento, o modelo estará disponível por R$ 72.990 na versão Like e R$ 79.990 na configuração Style. Apenas como referência, as versões mais equipadas de Fiat Mobi e Renault Kwid (ambos menores e pertencentes a uma categoria inferior) já batem na casa dos R$ 70 mil.

Ajuda em casa

A Stellantis foi inteligente ao aproveitar alguns dos melhores “ingredientes” da Fiat para criar a nova versão do 208. Da marca italiana veio o motor 1.0 Firefly, que entrega até 75 cv e 10,7 kgfm quando abastecido com etanol. É o mesmo conjunto que já esteve em Uno e Mobi, e hoje equipa o Argo. Sobre este modelo, a Peugeot afirmou que não existirá concorrência com o 208.

“O perfil de consumidor do 208 é bem diferente de quem compra um Argo”, garantiu Felipe Daemon, responsável pela marca Peugeot na América do Sul.

Entretanto, não pense que a engenharia da Stellantis apenas transplantou o conjunto motor-transmissão de um carro para o outro. Algumas peças são exclusivas do 208, como alternador, compressor e a sonda lambda, ao passo que a central eletrônica foi recalibrada para ser utilizada no hatch da marca francesa.

Este, inclusive, não será o único capítulo da colaboração entre Fiat e Peugeot. No segundo semestre, o 208 ganhará o motor 1.0 turbo que hoje equipa o Pulse. Com 130 cv, ele vai substituir o antigo 1.6 16V flex, que segue em linha nas versões mais caras da gama 208.

Boas expectativas

O 208 é, atualmente, o modelo mais vendido da Peugeot no país. Frente aos quatro primeiros meses do ano passado, o hatch teve uma alta de expressivos 155% em suas vendas no mesmo período. É ele quem puxa o crescimento da própria marca, que vendeu mais de 12 mil unidades no primeiro quadrimestre de 2022. Esse volume foi suficiente para obter uma alta de 96%.

Daemon acredita que o 208 1.0 pode ser peça importante para atingir um crescimento de expressivos 60% no número de emplacamentos do modelo. 

Em tempo: a escolha da Peugeot pelo motor 1.0 se deu por um importante motivo. Com a nova motorização, a marca ganha fôlego para crescer nas vendas diretas. Clientes grandes, como frotistas e locadoras de veículos, podem optar pelo 208 por ser um carro maior, mais completo e moderno do que Kwid e Mobi. Assim, a marca francesa pode turbinar suas vendas – algo fundamental em um momento de ascensão.

“Nossa projeção de incremento de volume é proporcional ao ganho de mercado, então as expectativas são grandes com essa oportunidade de trazer a Peugeot de volta ao segmento de modelos 1.0 depois de 16 anos”.

É por isso que a Peugeot trabalha duro para ampliar sua rede de concessionárias, segundo Daemon. “Hoje temos 140 pontos de venda e até o final do ano vamos chegar a 180 pontos”, revelou o executivo, afirmando que a maioria das revendas será inaugurada em praças onde a marca ainda não está presente.

*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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