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Quando vai chegar o ‘verão’ do criptomercado? Entenda os ciclos
Negociações de moedas digitais mudam a cada ‘estação’.
Tudo na natureza é marcado por ciclos: desde a água até as estações do ano, o que vemos é uma repetição de “começos, meios e fins”. No mercado de criptoativos, isso não é diferente: as movimentações são cíclicas, previsíveis e valem para praticamente todos os criptoativos. E, de acordo com o histórico, esses ciclos se completam a cada 4 anos, aproximadamente.
Explico: ao longo desses pouco mais de 13 anos de mercado, já temos a expectativa de início de ciclos que coincidem com o halving do bitcoin – esse evento reduz a recompensa dos mineradores de $ BTC pela metade e é um marco para a “primavera” dos criptoativos (dezembro de 2012, maio de 2016 e maio de 2020).
Geralmente, esse é um período em que o tema de criptomoedas começa a ganhar certa importância por conta de tendências que parecem ter mudado de direção e projetos que começam a ganhar certa atenção e, por consequência, veem seus valores de mercado dispararem.
O interessante dessa fase é que as movimentações de preço são importantes, é claro, mas o discurso todo costuma se misturar com os aspectos fundamentalistas dos projetos. Portanto, aqui é comum vermos as grandes apostas em projetos, que poderão se valorizar bastante, serem feitas, que poderão ser confirmadas (ou não) já na próxima fase do ciclo.
Seguindo a analogia, em aproximadamente um ano após cada halving, ocorre o “verão” das criptomoedas (para o bitcoin, tivemos as máximas históricas de US$ 1000 em novembro de 2013, US$ 20.000 em dezembro de 2017 e US$ 69.000 em novembro de 2021).
Nesta fase, geralmente a movimentação de preços é tão grande que as discussões mais fundamentalistas dos projetos ficam em segundo plano.
Na verdade, o principal componente aqui é o FOMO (do inglês fear of missing out, ou “medo de ficar de fora”, em bom português) ocasionado por altas de preços que se renovam a cada dia e por manchetes relacionadas aos criptoativos estampados em todas as mídias quase que diariamente.
Continuando o ciclo, na sequência vem o “outono”, marcado pelo início da correção de preços de praticamente todos os criptoativos.
Aqui, é comum encontrarmos aqueles que se recusam a acreditar que o “verão acabou” e chegaram atrasados para pegar os picos de valorização, tão comuns no mercado até então.
Também é uma fase marcada pela conjunção das análises técnicas com os fundamentos de projetos – afinal, existe a famosa ancoragem nas antigas máximas de preço de boas iniciativas que, por seus fundamentos, devem continuar a se valorizar.
Ocorre que, no mercado de cripto, da mesma maneira que as valorizações muitas vezes surpreendem as melhores expectativas, as correções também podem ser mais árduas do que inicialmente se possa supor. E tem sido assim nesses mais de 13 anos de criptomercado.
Assim, chega o que seria o “inverno”, onde se verifica o preço mínimo após a queda (no caso do bitcoin, US$ 152 em janeiro de 2015, US$ 3120 em dezembro de 2018 e US$ 17.800 em junho de 2022).
Obviamente, é difícil saber se chegou ao fundo da correção de preços no momento em que isso ocorre. Contudo, uma característica dessa fase que pode ser um grande indicador de que se está nesse momento é que os fundamentos dos projetos de cripto passam a ser o ponto principal da discussão.
As questões aqui deixam de ser os suportes e resistências do gráfico e passam a ser focadas exclusivamente em pontos como escalabilidade, segurança, o papel dos criptoativos na implementação de modelos de negócio disruptivos, etc.
Exatamente por isso, esse “inverno” costuma ser a fase onde vemos surgir grandes iniciativas e são anunciadas atualizações importantes de iniciativas já existentes. Os resultados, como é de se esperar, apenas serão colhidos na época propícia para tanto.
Portanto, trata-se da fase onde os mais atentos a esses ciclos de valorização aproveitam para estudar o mercado e iniciativas promissoras e para acumular o máximo que puderem, já visando o próximo ciclo de valorização.
Essa provavelmente é a fase que estamos vivendo nesse momento e teses de escalabilidade de plataformas de contratos inteligentes (ethereum 2.0, polygon), Metaverso (MANA), DeFi (Uniswap, Aave) e tokenização de ativos estão entre as principais discussões que estamos presenciando. Portanto, é de se esperar que tenhamos boas oportunidades focadas nessas teses de investimento visando um médio e longo prazo.
Daqui para a frente, é de se esperar que todo o gelo comece a derreter, conforme o criptomercado prepara-se para um novo halving e, com isso, para a chegada de uma nova primavera, prevista para maio de 2024.
Esse ciclo de 4 anos para o mercado inteiro de criptoativos se explica principalmente por dois fatores:
- A dominância atual do US$ BTC é de cerca de 40% de todo market cap de moedas digitais, o que ainda é consideravelmente alto e permite ao criptoativo ditar tendências;
- E o mercado em si é novo demais para que investidores consigam entender, categorizar as mais de 19 mil moedas digitais existentes e compreender que o valor gerado pela maior parte delas em nada tem a ver com os ciclos de valorização do bitcoin.
Contudo, da mesma maneira que o mercado de ações evoluiu, é de se esperar que em breve tenhamos mais investidores com experiência para identificar que nem todos os criptoativos deveriam seguir esses ciclos, já que o halving a cada 4 anos é um processo particular do bitcoin.
Até que isso ocorra, podemos aproveitar a repetição de tendências e usar o “inverno cripto” para “estocar” o máximo que pudermos, visando colher os frutos no verão. É isso que investidores mais experientes e as grandes baleias do mercado vêm fazendo nos últimos meses: enquanto o mundo inteiro entra em pânico com inflação e taxas de juros crescentes, eles se focam nos fundamentos para acumular cada vez mais US$ BTC, US$ ETH e outras criptomoedas.
Portanto, se atentar a esses ciclos, situar-se em que ponto estamos e posicionar-se parece uma decisão inteligente a se fazer. E, na minha opinião, a hora é agora!
*Helena Margarido é especialista em blockchain e moedas digitais e sócia da Monett |
As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação.
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