Economia

5 fatos para hoje: IPC-Fipe sobe; Brasil acelera entrada na economia digital

O Índice de Preços ao Consumidor atingiu 0,43% na primeira quadrissemana de julho, ganhando força em relação à alta de 0,28% de junho.

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1 – IPC-Fipe sobe 0,43% na 1ª quadrissemana de julho

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,43% na primeira quadrissemana de julho, ganhando força em relação à alta de 0,28% observada ao longo do mês de junho, segundo dados publicados nesta segunda-feira, 11, pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Na primeira leitura de julho, quatro dos sete componentes do IPC-Fipe migraram para inflação ou avançaram com maior vigor: Habitação (de -0,57% em junho para 0,06% na primeira quadrissemana deste mês), Alimentação (de 0,93% para 1,04%), Saúde (de 0,47% para 0,61%) e Educação (de 0,21% para 0,30%).

Por outro lado, houve desaceleração em Despesas Pessoais (de 1,02% para 0,80%) e Vestuário (de 1,39% para 1,23%). Além disso, o item Transportes (de -0,25% para -0,57%) recuou de forma mais acentuada.

Veja abaixo como ficaram os componentes do IPC-Fipe na primeira quadrissemana de julho:

  • Habitação: 0,06%
  • Alimentação: 1,04%
  • Transportes: -0,57%
  • Despesas Pessoais: 0,80%
  • Saúde: 0,61%
  • Vestuário: 1,23%
  • Educação: 0,30%
  • Índice Geral: 0,43%

2 – Brasil deve acelerar entrada na economia digital

A China desenvolvendo um carro voador. Os Estados Unidos autorizando o mercado de mineração de bitcoin. Emmanuel Macron utilizando o Minecraft para a sua reeleição à presidência na França.

Essa é a economia digital, que em alguns lugares vem mudando a forma como as pessoas consomem e se relacionam. No Brasil, ela ainda dá os primeiros passos, “bem lá atrás”, disse Gil Giardelli, professor e especialista em inovação e economia digital.

“Sendo muito honesto, sou muito otimista com o meu país. Mas não estamos preparados. Estamos bem atrás. Por isso, estamos vendo muitas indústrias automobilísticas se mudando daqui. Esse é um efeito que vem acontecendo com as empresas nos últimos anos porque, por exemplo, a gente não criou um projeto de futuro de nação para o carro elétrico e para o carro autônomo”, afirmou ele, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo Giardelli, para o país avançar nessa inovação é preciso se pensar em políticas públicas. “O primeiro ponto é que nós precisamos ter uma super conexão, o que é chamado de tríade e de inovação, que são políticas públicas – e eu não estou falando só de financiamento e dinheiro porque isso nós temos. Mas, por exemplo, acelerar as leis de patentes para que não demorem tanto tempo”, disse ele. “É necessário uma política que envolva todos os entes da federação para se pensar em um projeto de nação”, ressaltou.

“Se tivéssemos uma capacitação de alto impacto na educação desde a primeira infância, hoje os quase 15 milhões de empregos disponíveis em biotecnologia, neurotecnologia, digital tech e nanotecnologia, se o mundo fosse simples, você pegaria aqueles 13 milhões de desempregados [no Brasil] e colocaria nesses empregos. Só que para você fazer isso, você teria que ter preparado essas pessoas desde a primeira infância”, explicou o especialista.

Para ele, a iniciativa privada também precisa fazer a sua parte nesse processo. “A iniciativa privada precisa dar a mão para esses dois entes, que são a academia e a universidade, para se criar uma política de nação. Hoje temos iniciativas fantásticas aqui, porém, são ilhas de inovação”, ressaltou.

Durante apresentação no 17º Congresso Internacional das Indústrias, entre quinta-feira (7) e sábado (9), em Florianópolis, Giardelli apresentou aos empresários diversos usos dessa nova tecnologia, que passa pelo metaverso, pelas vendas online e chega até as fazendas do futuro, com a produção, por exemplo, ocorrendo em ambientes confinados. E quem vem liderando essa nova forma de economia é a China, acrescentou.

“A China superou os Estados Unidos em números de patentes. Nos últimos dois anos, eles [os chineses] superaram em trabalhos acadêmicos de classe A, que são os trabalhos que consideramos que realmente ajudam a mudar a sociedade em todos os aspectos”, ressaltou.

“Muitas pessoas acham que o metaverso é para vender tênis caríssimos, coisas que parecem bobas. Mas você tem a outra parte, chamada de omniverso, que são os chamados gêmeos digitais das máquinas, das fábricas, das cidades. Para você ter uma ideia do impacto dessa economia digital, a China conseguiu desenvolver um carro na indústria dela de US$ 4,5 mil no preço final. Isso porque dos 903 itens que vão no carro elétrico, ela colocou blockchain [um registro digital de transações e contratos descentralizada e publicamente disponível] em tudo”, explicou.

O 17º Congresso Internacional das Indústrias foi promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) e pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab).

3 – Candidatos entram em corrida ao posto de premiê britânico

A disputa para substituir o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ganhou ritmo no domingo (10), conforme mais cinco candidatos declararam sua intenção de concorrer ao posto, com muitos prometendo impostos mais baixos e um início limpo após um governo Johnson marcado por escândalos.

Johnson disse na quinta-feira (7) que renunciaria ao cargo de primeiro-ministro, depois que parlamentares e colegas de gabinete se rebelaram por ele ter se envolvido em uma série de escândalos, incluindo violações das regras de bloqueio contra a Covid-19 em reuniões em seu escritório em Downing Street. Ele disse que permaneceria até que um novo líder fosse eleito.

Um membro de um comitê do partido conservador que define as regras para as eleições de liderança disse no domingo que o resultado final será anunciado em setembro.

A ministra júnior (que não faz parte do gabinete de governo) do Comércio, Penny Mordaunt, declarou oficialmente neste domingo que está concorrendo, juntando-se ao secretário de Transportes Grant Shapps, ao ministro das Finanças Nadhim Zahawi e aos ex-ministros Jeremy Hunt e Sajid Javid, que anunciaram suas candidaturas à liderança a tempo para os jornais do domingo, elevando o total para nove.

“Este é um ponto de inflexão crítico para nosso país. Acredito que um governo de coalizão socialista ou liderado por socialistas nas próximas eleições seria um desastre para o Reino Unido”, disse Mordaunt em comunicado. “Devemos ganhar a próxima eleição.”

O Comitê 1922 de legisladores do Partido Conservador, que estabelece regras para o partido no Parlamento, estabelecerá o cronograma exato após uma reunião na segunda-feira.

4 – Empresas testam semana de 4 dias

Mais de um século desde a adoção da semana de cinco dias de trabalho pelo americano Henry Ford, que virou regra no mundo todo, um novo modelo com apenas quatro dias de atividades começa a ser testado, com resultados positivos.

No Brasil, companhias que instituíram a nova jornada veem melhorias de eficiência, bem-estar dos trabalhadores, retenção de talentos e até aumento de receitas. Por ora, a mudança tem sido adotada mais pelas companhias de tecnologia, como Crawly, NovaHaus, Winnin, AAA Inovação, Gerencianet e Eva.

Mas o modelo, que reduz a carga horária de 40 horas para 32 horas semanais sem alteração de salário, exige um planejamento prévio com atenção à legislação trabalhista e à cultura organizacional. Além disso, para ter êxito em termos de gestão de pessoas e negócios, é necessário revisar metas e tarefas diárias e mensurar com frequência os resultados.

O conceito vem de experiências de empresas em países como Islândia, Reino Unido, Bélgica, Nova Zelândia, Escócia e EUA. Muitas decidiram adotar regimes mais flexíveis diante do fenômeno da “grande debandada” (profissionais pedindo demissão) e do esgotamento profissional provocado pelo trabalho, condição oficializada na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No País, 61% dos trabalhadores brasileiros consideram mudar de emprego em caso de problemas de saúde mental e 74% acreditam que seriam mais produtivos em uma semana de quatro dias. Dados da plataforma de recrutamento Indeed, obtidos com exclusividade pelo Estadão, indicam ainda que 79% concordam em aumentar as horas diárias de trabalho para ter uma semana mais curta, e a maioria está disposta a apoiar a empresa na implementação do novo modelo (84%).

De acordo com a pesquisa, a redução da carga também melhoraria a saúde mental (85%) e o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal (86%). É o que vem ocorrendo com Gabriele Lima Silva, analista de experiência do cliente da Gerencianet, desde que ganhou a sexta-feira livre. “Aproveito o momento para estar mais próxima da minha família, filho e cachorro, além de cuidar mais de mim.”

O diretor de vendas da Indeed Brasil, Felipe Calbucci, afirma, porém, que a semana de quatro dias pode não fazer sentido para todo tipo de negócio, o que requer avaliar bem a mudança. Isso implica atenção especial à cultura organizacional, diz Evanil Paula, presidente da Gerencianet.

A empresa de meios de pagamentos adotou a sexta-feira livre no início de julho e manteve o controle do ponto para as oito horas de serviço diárias de segunda a quinta. Para implementar o modelo, a Gerencianet fechou acordo com os sindicatos para um novo contrato com os profissionais, atualizando a jornada por seis meses de teste. “Isso é importante, porque a empresa consegue reverter a decisão, caso necessário, sem traumas.”

De forma semelhante, a startup Eva organizou uma assembleia e fechou acordos individuais com os funcionários para reduzir a carga horária a partir de julho. “Antes de definir o dia do descanso, é fundamental um estudo para avaliar os impactos e alinhar às expectativas de todos”, diz o presidente da empresa, Marcelo Lopes.

5 – Indústria de café do Brasil vê alívio na oferta só em 2024, diz presidente da Abic

Com a colheita de uma safra abaixo do potencial em 2022, o Brasil deve ver um aumento na produção de café em 2023, mas um alívio para os estoques apertados só deve ser sentido a partir de 2024, avaliou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

Pavel Cardoso, eleito em junho para comandar a associação das empresas torrefadoras do Brasil até 2025, comentou em entrevista à Reuters que a firmeza das exportações e do consumo nacional de café não dá margem a problemas climáticos, o que explica os preços futuros sustentados da commodity, enquanto o mercado físico não recua apesar da colheita já avançada no país.

Desde o final de março, quando os produtores no Brasil começam a se preparar para a colheita, os preços do café arábica subiram cerca de R$ 100 por saca, para cerca de R$ 1.350, segundo indicador do Cepea/Esalq. Até momento, o total colhido está próximo de 50% da produção prevista.

“A partir de 2024, é possível que tenhamos oferta maior, mas no horizonte de 18 meses não se vislumbra mudança no cenário de aperto”, disse ele à Reuters.

Para justificar sua avaliação, Cardoso citou projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que em seu último levantamento reduziu a previsão para a safra nacional de 2022 a 53,4 milhões de sacas, com a colheita de arábica sentindo os efeitos de geadas e seca de 2021.

Ele disse ainda que o país tem exportado 40 milhões de sacas ao ano, enquanto a demanda brasileira se aproxima de 22 milhões de sacas ao ano, o que resulta na redução de estoques.

As projeções da Conab tradicionalmente ficam abaixo das do mercado. O Rabobank, por exemplo, projeta a safra nacional deste ano em 64,5 milhões de sacas –ainda assim, o saldo é relativamente apertado, considerando exportações e consumo.

O presidente da Abic avalia que as geadas de 2021 colaboraram para uma inversão de ciclo bianual do arábica em 2022, o que o leva a crer que em 2023 a produção poderá superar a deste ano.

“Mesmo com uma boa oferta em 2023, considerando safra de 65 milhões de sacas, por exemplo, a exportação de 40 e consumo de 22… dentro deste cenário, se não tiver boas chuvas na florada (para 2023) e se tiver qualquer evento climático negativo, novamente teremos oferta justa na próxima safra”, afirmou.

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