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Reino Unido começa a testar semana de trabalho com 4 dias; vai dar certo?

Por 6 meses, 3.300 funcionários de 70 empresas vão experimentar trabalhar 80% da jornada atual por 100% do salário.

Close-up of office worker sitting at his workplace and typing on laptop computer he working online at office

Trabalhar quatro dias por semana, ganhando um dia de folga a mais na semana, além do sábado e do domingo, parece ser o futuro da jornada de trabalho. O que começou faz uns anos como experiências isoladas de empresas geralmente ligadas ao setor de tecnologia, aos poucos começa a ser testado em escalas maiores.

É o caso do maior experimento feito até agora que começa a ser desenvolvido no Reino Unido. Por seis meses, 3.300 funcionários de 70 empresas vão experimentar trabalhar 80% da jornada atual por 100% do salário com o desafio de manter 100% da produtividade.

Leia mais: Fim de semana de 3 dias? Por que grandes empresas já testaram o modelo

São funcionários de cervejarias, lanchonetes e de empresas de serviços financeiros, entre outras, que trabalharão um dia a menos por semana, sendo acompanhados por pesquisadores da Universidade de Cambridge, da Universidade de Oxford e do Boston College em parceria com as ONGs 4 Day Week Global e 4 Day Week UK Campaign e o think tank Authority.

Em uma cervejaria, por exemplo, a semana reduzida será uma forma de experimentar novos modelos de trabalho entre as pessoas da produção, que não puderam fazer home office durante a pandemia. A direção da empresa diz que a nova jornada é uma maneira de melhorar o bem-estar e a saúde mental dos funcionários.

Os pesquisadores devem acompanhar junto a cada organização para medir o impacto da redução de horas.

Experimento na Islândia funcionou

O modelo é o bem sucedido experimento realizado na Islândia em 2015 e 2016 com 2.500 trabalhadores de escolas, hospitais e funcionários públicos, que trocaram uma jornada de sete horas por dia, cinco dias por semana, pelas mesmas 35 horas, mas divididas em jornadas diárias de 8 horas e 45 minutos.

Pela escala, envolveu 1% da população islandesa, o experimento foi importante para mostrar os efeitos. Mostrou que a produtividade não é afetada e, com mais tempo livre, as pessoas conseguem se animar para produzir mais.

Em resposta aos pesquisadores que acompanhavam o experimento, os trabalhadores se disseram menos estressados, mais criativos e se tornaram menos propensos ao burnout, causado por excesso de trabalho. E o resultado levou a mudanças concretas no regime de trabalho no país. Hoje, 86% dos trabalhadores islandeses gozam de algum tipo de esquema flexível de trabalho.

Esse é o lado bom. Mas até agora, nos experimentos, ficaram de fora os trabalhadores das linhas de produção das fábricas, pois houve a avaliação que a carga de trabalho a mais seria muito pesada para eles. É de notar que o experimento islandês foi diferente do experimento britânico, que não exige compensação de horas nos outros dias.

O modelo inglês, por isso mesmo, poderia beneficiar esses grupos, que geralmente ficam de fora de esquemas mais cômodos de trabalho. O mesmo poderia servir para trabalhadores de limpeza e outros que não atuam em escritórios, onde o arranjo costuma ser mais frequente.

Estudo na Nova Zelândia

Quanto a isso, vale olhar as conclusões de um estudo feito na Nova Zelândia com uma empresa do ramo imobiliário. A quantidade de funcionários que se diziam estressados caiu de 45% para 38%. Além disso, 80% dos empregados relataram um melhor equilíbrio entre vida e trabalho, contra 50% anteriormente.

Especialistas em RH dizem que um modelo mais flexível poderia servir para atrair e reter funcionários mais facilmente, um problema que as empresas, principalmente nos Estados Unidos, mas também na Europa, vem enfrentando.

Agora, não deixa de ter razão quem critica esse tipo de debate diante de outros trabalhadores. Motoristas e entregadores de aplicativos não recebem se não trabalharem. Talvez o debate sobre esse grupo devesse vir antes.

Deve ficar claro que mesmo dentro dos escritórios e das sedes das empresas, ocupantes de cargos de chefia, que estão entre os mais estressados, dificilmente poderão ter uma semana de quatro dias.

Na Islândia, eles acabaram desistindo e trabalhando todos os dias. No caso deles, a semana de quatro dias não funcionou, pois tinha sempre trabalho.

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