Economia

Nomes da equipe de transição elevam expectativa por ministro técnico da Economia

Frustração dessa perspectiva levaria a alta do dólar, dizem especialistas.

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O anúncio dos nomes para compor grupo técnico na área de economia na transição de governo não deu pistas claras de quem deve ser o novo ministro da Economia a partir de 2023, quando o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, inicia seu novo mandato. No entanto, especialistas apontam que a maior expectativa é de um nome técnico para o comando da pasta, e qualquer cenário diferente desse pode ser um “banho de água fria” para o mercado. 

Na terça-feira (8), o vice-presidente eleito e coordenador da transição de governo, Geraldo Alckmin, anunciou o grupo técnico na área de economia com André Lara Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e Pérsio Arida.

Dos quatro economistas, Guilherme Mello, professor da Unicamp, e Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda no governo de Dilma Rousseff, são ligados ao PT. Já André Lara Resende e Pérsio Arida, com ligações históricas com o PSDB, estão entre os formuladores do Plano Real. Outro nome que deve ainda ser parte da equipe de transição é do ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Guido Mantega.

Alckmin disse que Lula tem lembrado que fazer parte da transição não significa automaticamente fazer parte do governo. No entanto, a divulgação dos nomes já alimentou expectativas sobre quem pode assumir o ministério da Economia.

Além dos nomes anunciados, também chegaram a ser cogitados para o cargo Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central no governo Lula e ministro da Fazenda no governo de Michel Temer, e Fernando Haddad, que já foi ministro da educação. 

“Teve uma especulação na semana passada em relação ao Henrique Meirelles e o mercado reagiu super bem. Nesta semana, teve uma especulação em relação ao Fernando Haddad, que não é economista, então o mercado reagiu super mal”, lembra Alison Correia, CEO da Top Gain. 

Mas Haddad não foi o único nome mal-recebido pelo mercado, conforme aponta Leandro Petrokas, Diretor de Research e sócio da Quantzed. “Me parece que o mercado não gostou dos nomes que foram citados na terça muito por flertarem mais com a centro-esquerda. O próprio Nelson Barbosa fez parte do governo Dilma no passado”, menciona. 

De qualquer forma, para Correia, “existe uma grande expectativa de que ele (Lula) possa compor um time muito dentro daquele que ele montou em 2003, no seu primeiro governo. Por mais que o ministro, na época, fosse o (Antonio) Palocci, que não era economista, era médico, ele (Lula) trouxe o Henrique Meirelles, Marcos Lisboa, Joaquim Levy. Ele montou um time muito forte naquela época, que agradou o mercado, que soube trabalhar muito bem pautas econômicas.”

Maciel Vicente da Silva, Consultor de Câmbio da iHUB, diz que “a equipe de transição anunciada por Geraldo Alckmin, composta por André Lara Resende, Persio Arida, Guilherme Mello e Nelson Barbosa, indica a preocupação do futuro governo com a questão fiscal”. 

Ministro técnico x ministro político: como fica o dólar?

Felipe Steiman, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da B&T Câmbio, lembra que “o mercado sempre vai preferir nomes técnicos do que políticos. Uma escolha puramente política mostrará ao mercado que a questão fiscal não é prioridade, e que pautas relacionadas a reformas e privatizações talvez possam ser deixadas de lado”.

Na mesma linha, Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, diz que “uma política econômica populista, voltada para gastos elevados, e uma menor preocupação fiscal elevariam o risco de investimentos no país, consequentemente haveria uma fuga de capital estrangeiro, resultando na desvalorização do real perante ao dólar”. 

Nesse cenário, os especialistas ouvidos pelo InvestNews estimam os efeitos da escolha sobre o câmbio. Nos últimos dias, o dólar chegou a oscilar entre R$ 5,05 e R$ 5,24. A estimativa do mercado, segundo o último Boletim Focus, é de que a moeda encerre o ano em R$ 5,20. 

Gonçalvez acredita que o dólar deve seguir nessa faixa até o final do ano, “visto que os principais fatores que influenciam a moeda já estão precificados pelo o mercado”. O que poderia alterar esse cenário seria “a escolha de um perfil político para o cargo” de ministro da Economia. O especialista diz que isso “poderia causar uma oscilação momentânea negativa e acima das projeções da cotação do Banco Central”. 

Correia, CEO da Top Gain, comenta que “a expectativa é de que, se (for anunciado) um nome forte, uma equipe igual à que foi montada no primeiro mandato (de Lula, em 2003), a ideia é que o dólar venha para R$ 4,85, aproximadamente, até o primeiro trimestre do ano que vem.”

“Agora, se entrar algum aventureiro, uma pessoa com viés mais populista, sabendo que a gente já vai ‘startar’ com o governo visando romper teto, sem sombra de dúvida o dólar pode caminhar para R$ 5,50 ou R$ 6 de uma forma muito fácil”, complementa ele.

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