Economia
Balanços do 3º tri: commodities e bancos devem brilhar; varejo é dúvida
Terceira temporada dos números das empresas com ações negociadas na B3 começa nesta semana.
A temporada de balanços financeiros referentes ao terceiro trimestre deste ano começa nesta semana. Na verdade, a estreia já aconteceu no último dia 10 com a Camil (CAML3), mas a série de divulgações ganha força a partir de quarta-feira (25), quando os números de Klabin (KLBN3) e Santander (SANB11) entram em cena.
A partir daí e até meados do mês que vem, o calendário de resultados prevê episódios praticamente diários com os demonstrativos contábeis das empresas listadas na B3. Serão poucas as pausas de anúncios e teleconferências até 16 de novembro, com concentração de divulgações em vários dias, antes da abertura e/ou após o fechamento do pregão.
Assim, enquanto os investidores tomam fôlego (e preparam a pipoca), o InvestNews faz um spoiler do que esperar para essa terceira temporada de balanços. De um modo geral, a expectativa é positiva, com as empresas devendo apresentar números sólidos, que tendem a refletir a recente aceleração do crescimento da economia brasileira no período.
“A expectativa para a temporada de balanços é boa para alguns setores em específico, mas longe de ser um consenso de que a maioria irá surpreender”, resume André Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.
Os protagonistas
No entanto, alguns setores e empresas devem despontar, chamando a atenção dos mercados. Sem dúvida, as grandes estrelas são Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3), que já deram uma prévia do que vem por aí com seus respectivos relatórios trimestrais de produção.
“As petrolíferas devem surpreender positivamente nos resultados, já que a alta do petróleo não começou agora, mas sim no fim de junho”, lembra Fernandes. Ou seja, o setor deve se beneficiar com os preços mais altos do barril de petróleo. “Além disso, as principais empresas do setor vêm reportando produção recorde”, emenda.
Já em relação aos papéis voltados às commodities metálicas, a XP Investimentos avalia que o terceiro trimestre deve ter sido relativamente melhor para as mineradoras do que para as siderúrgicas. De um lado, os preços do minério de ferro foram sustentados por um renovado otimismo com a China; de outro, os maiores volumes de aço importado pesaram.
Os bancos também figuram como personagens principais. “Os bancos também devem entregar bons resultados. Os ‘bancões’ fizeram a lição de casa de manter a inadimplência em níveis baixos e devem voltar a entregar boa rentabilidade, mantendo a liderança no setor”, avalia o especialista da A7 Capital.
Também entre os protagonistas da terceira temporada de resultados de 2023, o Santander destaca as empresas voltadas à demanda interna.
“Os setores domésticos, incluindo saúde, transporte e imóveis de alta renda, podem ser os destaques do trimestre”
Santander, em relatório
Para o segmento de saúde, o Itaú BBA aponta que Hapvida (HAPV3) como o destaque positivo entre os rivais, enquanto Rede D’Or (RDOR3) deve pressionada por um desempenho mais fraco em serviços hospitalares. Porém, essa avaliação não é unânime.
Fernandes, da A7 Capital, avalia que o setor de saúde está entre os que devem trazer resultados ruins. Para ele, essa previsão está ligada, principalmente, aos planos de saúde.
“A sinistralidade segue alta, houve a discussão sobre o piso dos enfermeiros, e há muitos processos de pacientes por procedimentos que antes os planos liberavam e hoje estão mais criteriosos. Então, é um dos setores que devem seguir sofrendo”
André Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.
Por sua vez, as farmácias, tendem a ser pressionadas pela base de comparação elevada por causa do reajuste de medicamentos e menores estoques.
Já no caso dos transportes, enquanto as concessionárias Rumo (RAIL3) e EcoRodovias (ECOR3) devem ter uma continuidade da dinâmica positiva, beneficiadas pelo forte tráfego nas estradas pedagiadas, Vamos (VAMO3) e Movida (MOVI3) não devem refletir a alta demanda por veículos leves de lazer, apesar do crescimento contínuo do aluguel.
Um capítulo à parte
Por sua vez, as varejistas tendem a garantir o clímax da temporada. “O mercado deve ficar bem de olho no setor de varejo para ver qual segmento teve melhor performance no terceiro trimestre, após um desempenho desastroso dos indicadores de vendas no trimestre passado”, ressalta Fernandes, da A7 Capital.
Portanto, será mais uma temporada de desafios para o varejo. “De um modo geral, espera-se um trimestre fraco para o setor, potencialmente sendo o vale para as varejistas frente a um poder de compra ainda pressionado, base de comparação forte e efeitos pontuais”, diz a equipe de analistas da XP, em relatório especial para o setor.
O clima, por exemplo, deve ter afetado algumas empresas do varejo de moda, ao passo que as varejistas de alta renda devem reportar um sólido crescimento de receita. Já no varejo alimentar, a desaceleração da inflação de alimentos ainda não compensa o endividamento e a baixa renda disponível.
Por fim, para o segmento do e-commerce não deve escapar da competição mais acirrada com as varejistas asiáticas. Ainda assim, a XP prevê que Magazine Luiza (MGLU3) deve ser o destaque, com melhora das margens trimestrais e geração de caixa, enquanto o Grupo Casas Bahia (ex-Via; BHIA3) deve ser o destaque negativo.
Temporada sem vilão
Ainda assim, dificilmente deve haver alguma surpresa, ou mesmo um vilão. “A expectativa para a temporada de balanços é boa para alguns setores em específico, mas longe de ser um consenso de que a maioria irá surpreender”, avalia.
Fernandes lembra que a taxa Selic seguiu em nível elevado no período, apesar do início do ciclo de cortes nos juros básicos em agosto. Com isso, o custo do crédito também permaneceu alto.
“E tudo isso acaba impactando no resultado das empresas pelo lado das despesas financeiras, exigindo maior Capex”, explica, referindo-se às despesas de capital.Cálculos do Santander na comparação com o terceiro trimestre de 2022 e ponderados pela capitalização de mercado projetam um crescimento médio de receita de 16% e um aumento de 17,6% no lucro líquido.
Já a linha do balanço antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda) deve subir, em média, 15%.
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