Economia
BofA lista perspectivas para a economia global em 2024; veja 5 destaques
Cortes nos juros encabeçam lista do banco americano, que vê alta de 10% para o S&P e Brent a US$ 90; Brasil fica de fora.
A menos de um mês para o Natal e faltando apenas cinco semanas para o fim de 2023, as previsões de Ano Novo entraram em cena. Enquanto especialistas fazem as contas para projetar a pontuação do Ibovespa, já perto da máxima histórica, instituições financeiras já deram a largada nas previsões para o que deve ser destaque no mercado financeiro em 2024.
Pensando nisso, a equipe global de pesquisa do Bank of America (BofA) preparou uma lista com as principais perspectivas para a economia global. O destaque fica com a expectativa de cortes nas taxas de juros nas economias desenvolvidas, em um movimento encabeçado pelo Federal Reserve e o Banco Central Europeu (BCE). Já o Brasil ficou de fora da lista.
Ainda assim, o BofA afirma que o alívio monetário é positivo para os ativos emergentes. Isso pode beneficiar a bolsa brasileira, que tende a pegar carona nas demais previsões do banco americano, de valorização de 10% do índice acionário S&P, da bolsa de Nova York, e preço médio de US$ 90 para o barril do petróleo tipo Brent, a referência global.
Outros temas em destaque são: inflação no Japão; incerteza política – afinal, 2024 é ano de eleições presidenciais nos Estados Unidos; tensão geopolítica e endividamento elevado do governo americano, em meio a gastos com defesa. Somados, são 10 grandes temas. Confira, abaixo, os cinco principais tópicos da lista de investimento temático do BofA, selecionados pelo InvestNews:
1 – Inflação menor, PIB modesto e pivô dos BCs
O economista global do BofA, Claudio Irigoyen, prevê que a inflação irá diminuir gradualmente em todo o mundo, ao passo que o crescimento econômico irá desacelerar apenas modestamente. Com isso, Fed e BCE devem começar a cortar os juros em junho, com a taxa nos Estados Unidos caindo até o intervalo entre 4,50% e 4,75% em dezembro.
Com isso, pode haver uma redução total de 1 ponto percentual (p.p.) no custo do empréstimo pelo Fed em apenas seis meses. Ainda nos números, a previsão é de alta global de 3,1% do índice de preços ao consumidor em 2024, e aumento de 4,2% em 2023. O banco prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve recuar de 3,0% para 2,8% entre este ano e o próximo.
2 – Susto nos mercados
O estrategista de investimentos do BofA, Michael Hartnett, acredita que o mercado de baixa (bear market) provavelmente não terminará até que o trio formado por crédito, petróleo e consumidores escape por um triz de uma “aterrissagem brusca”. Até por isso, o BofA prefere rendimento (yield) de qualidade, com as taxas e emissões desafiando em 2024.
Com isso, apenas a ameaça de um iminente pouso forçado no mercado de crédito, na cotação do petróleo e na confiança do consumidor é que deve desencadear um movimento de pânico, o que, por sua vez, deve propiciar um mercado de alta (bull market) em títulos e metais preciosos.
3 – 10% para o S&P 500
Ainda assim, a estrategista de ações do BofA, Savita Subramanian, encontra razões para ser otimista no mercado acionário, em especial com Wall Street. Para ela, o índice S&P 500 deve alcançar a marca simbólica de 5 mil pontos ao final de 2024, o que representa uma valorização ao redor de 10%.
“Estamos otimistas não porque esperamos que o Fed faça cortes, mas pelo que o Fed realizou (em termos de cortes”, afirma a estrategista de ações do BofA, Savita Subramanian, em relatório.
Para ela, as empresas americanas se adaptaram às taxas mais elevadas de juros e de inflação. Por isso, a escolha do BofA inclui os papéis cíclicos, de modo a aproveitar o momento econômico, de queda dos juros e crescimento moderado.
O banco prevê que os mercados acionários na Europa devem cair no primeiro semestre de 2024 e, então, engatar uma recuperação na segunda metade do próximo ano.
4 – Petróleo a US$ 90
O estrategista de commodities do BofA, Francisco Blanch, estima que o barril do petróleo tipo Brent, a referência global, tenha em média um preço de US$ 90. Embora o aumento da demanda pela commodity em 2024 seja mais lento, os países exportadores da Opep+ devem cortar ainda mais a produção, pois a questão geopolítica é um risco ascendente.
Ou seja, o BofA alerta que o abastecimento de matérias-primas e recursos básicos, em especial do petróleo, está em risco, caso as tensões militares ou econômicas regionais aumentem. Entre os pontos de conflito, o banco cita o Oriente Médio.
Já entre os metais, enquanto as taxas de juros mais baixas devem impulsionar o preço do precioso ouro, a reposição de estoques deve impulsionar o preço dos principais metais básicos industriais, com o cobre podendo atingir US$ 10,5 mil por tonelada e o alumínio indo a US$ 3 mil a tonelada.
5 – Mercados emergentes
Para não dizer que o BofA não falou em mercados emergentes, um dos tópicos destacados na lista de investimentos temáticos é exatamente a perspectiva positiva para os ativos mais arriscados. Essa previsão decorre do cenário de cortes nos juros nas economias desenvolvidas e com o dólar deixando o pico, depois de alcançá-lo no início de 2024.
“Isto deverá ser positivo para os mercados emergentes e as small caps, entre outros ativos da região, que também devem se beneficiar da estabilização do crescimento na China”, comenta David Hauner, estrategista global de mercados emergentes do BofA, em relatório
Segundo ele, os mercados emergentes têm um ano de alta pela frente. Afinal, o ano em que o Fed inicia sua flexibilização monetária deverá ser positivo para os ativos de maior risco, sendo que esta fase inicial do ciclo geralmente é responsável por 80% dos retornos desses mercados ao longo dos cortes. A conferir.
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