Economia

China é o único país que cresce acima do pré-crise; compare os PIBs

País asiático é caso isolado de uma economia que está 4,9% à frente que no mesmo período do ano passado.

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 4 min

Assim como em grande parte dos países, a economia brasileira saiu da recessão no terceiro trimestre de 2020 ao avançar 7,7% frente ao segundo trimestre. Mas quando se compara o PIB (Produto Interno Bruto) do país e dos demais países com igual período do ano passado, o tombo ainda é grande. A exceção é a China, que avança 4,9% nessa base de comparação (veja o gráfico abaixo).

É o que mostram os dados de um levantamento feito pelos professores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Henrique Castro e Claudia Yoshinaga, com base em números já disponibilizados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) do último trimestre.

Em relação ao terceiro trimestre de 2019, o PIB brasileiro recuou 4,9%. No segundo trimestre deste ano, a atividade apresentou uma retração de 9,7% no segundo trimestre, período em que a economia foi afetada pelo fechamento de parte do comércio, indústria e serviços, em razão da pandemia da covid-19. A expectativa é que a atividade do país avance entre 8% e 9% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior.

“Crescer é uma boa notícia, mas não quer dizer que estamos bem. Basta olhar para o terceiro trimestre de 2019 para constatar isso”, explica Castro ao InvestNews. Segundo ele, o fato de o segundo trimestre ter sido muito deprimido pode passar a impressão ilusória de que as economias estão com tudo.

O Chile, par emergente do Brasil, é o país que apresentou a maior queda dentro da amostra de países selecionados: a atividade econômica mostrou uma contração de 10,3% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

Os exemplos dos EUA e da China

Um exemplo do quanto ainda falta evoluir para os patamares pré-pandemia é a economia dos Estados Unidos. O país apresentou um crescimento de 33% no terceiro trimestre, frente ao período anterior, indicando um processo de ampla recuperação após a queda histórica de 32,9% entre abril e junho deste ano.

Mas quando se observa a comparação com o terceiro trimestre de 2019, o PIB americano apresentou um recuo de 2,9% entre julho e setembro deste ano.

Já a economia chinesa é praticamente um caso isolado, por estar em um patamar 4,9% acima do 3º trimestre de 2020, o que alguns já chamam de “recuperação em J”. Segundo Castro, muito deste resultado se explica pelo fato de a segunda maior potência do mundo ter sofrido apenas no primeiro trimestre do ano, quando caiu 6,9%. Já entre abril e junho, cria 3,2% enquanto o resto do mundo tombava.

“Os chineses rapidamente contiveram o avanço da pandemia no território deles e a economia voltou ao normal, o que não aconteceu em outros países”, lembra o professor da FGV.

Perspectivas para o 4º trimestre

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) previu nesta terça-feira (1) que o PIB deve cair 6% em 2020 e projeta uma recuperação de 2,6% em 2021. A entidade acredita que, no final de 2022, a economia brasileira ainda não terá recuperado seu nível pré-pandêmico.

Para o quarto trimestre deste ano, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) prevê uma “desaceleração do ritmo de crescimento” do país. Entre os motivos estão a redução no valor do auxílio emergencial distribuído desde abril a 67 milhões de brasileiros, a aceleração da inflação, as incertezas quanto à retomada do mercado de trabalho e a piora recente do quadro fiscal do país, além do consumo ainda desaquecido.

“As vendas da Black Friday no varejo total foram meio frustrantes este ano, ainda por conta dos efeitos da pandemia. Mesmo crescendo, não é que vamos recuperar o ritmo de crescimento que vinha antes”, observa Castro.

O governo estima uma contração de 4,5% do PIB brasileiro em 2020 e um crescimento de 3,2% no próximo ano.

Mais Vistos