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Economia

PIB do Brasil tem queda recorde de 9,7% no 2° trimestre

País entrou oficialmente em recessão técnica, quando há dois trimestres seguidos de retração; IBGE revisou 1° trimestre para queda de 2,5%.

comércio de rua
Comércio de rua em Brasília.

Prejudicada pela pandemia do novo coronavírus, a economia brasileira sofreu uma retração recorde de 9,7% no segundo trimestre de 2020, na comparação com o primeiro trimestre do ano, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (31).

MAIS SOBRE O PIB:

Foi a maior queda trimestral do PIB desde o início da série histórica do IBGE, em 1996. Até então, a retração mais intensa havia ocorrido no 4º trimestre de 2008, quando a economia encolheu 3,9%.

Em valores correntes, o PIB (Produto Interno Bruto) somou R$ 1,653 trilhão de abril a junho. No primeiro semestre, a economia do país acumulou queda de 5,9%. Foi a primeira taxa semestral negativa desde 2017, quando o país tentava superar a crise econômica entre 2015 e 2016.

PIB trimestral IBGE

Com isso, a economia brasileira retrocedeu para o patamar do final de 2009, auge da crise financeira internacional do subprime, em termos nominais. O resultado veio dentro do esperado pelo mercado.

Com a forte queda, o país entrou oficialmente em recessão técnica, que se caracteriza quando há dois trimestres seguidos de retração da economia. No primeiro trimestre, o PIB brasileiro havia recuado 1,5% na comparação com o último trimestre de 2019, retornando ao patamar do segundo trimestre de 2012. Mas o IBGE revisou a queda entre janeiro e março para 2,5%.

As medidas de distanciamento social para conter o avanço da Covid-19 levaram ao fechamento de estabelecimentos comerciais e à paralisação da atividade industrial, principal fator que desencadeou a atual crise econômica.

Resultado por setores

A indústria e o setor de serviços (que também abrange o comércio) apresentaram quedas históricas e foram os responsáveis por puxar o PIB para baixo. Enquanto a atividade industrial recuou 12,3%, serviços encolheu 9,7% entre os meses de abril e junho. Juntos, os dois setores somam 95% do PIB nacional.

A agropecuária foi o único componente do PIB, do lado da oferta, que apresentou crescimento no segundo trimestre. Ela avançou 0,4%, puxada, principalmente, pela produção de soja e café.

Veja os resultados do PIB pelo lado da oferta:

  • Indústria: -12,3%
  • Serviços: -9,7%
  • Agropecuária: 0,4%

Consumo das famílias recua 12,5%

A maior queda pelo lado da demanda foi vista no consumo das famílias, que recuou 12,5% no trimestre. Este componente tem um peso de 65% do PIB.

Em nota, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, observou que a queda só não foi maior graças aos programas de apoio financeiro como o auxílio emergencial de R$ 600. “Isso injetou liquidez na economia. Também houve um crescimento do crédito voltado às pessoas físicas, que compensou um pouco os efeitos negativos”.

Segundo o IBGE, os gastos do governo recuaram 8,8% no segundo trimestre, principalmente em razão das quedas nas áreas de saúde, cujo foco ficou mais voltado para o combate à Covid-19, e a educação pública, levanto em conta o percentual de alunos da rede pública que ficou sem aula no período.

Os investimentos em bens de capital (Formação Bruta de Capital Fixo), por sua vez, apresentaram um recuo de 15,4%, por conta da queda na construção e na produção interna de maquinários. De acordo com o IBGE, apenas a importação de bens de capital apresentou crescimento.

Na balança comercial, houve alta de 1,8% nas exportações, puxada pelas commodities e o petróleo, enquanto as importações recuaram 13,2% entre abril e junho, incluindo veículos, serviços, viagens, entre outros.

Veja os resultados do PIB pelo lado da demanda:

  • Consumo das famílias: -12,5%
  • Gastos do governo: -8,8%
  • Investimentos (FBCF): -15,4%
  • Exportações: 1,8%
  • Importações: -13,2%

Projeções para 2020

Ao longo das últimas semanas, os economistas do mercado financeiro vêm melhorando suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020. O Boletim Focus do Banco Central desta segunda-feira (31) mostra que a projeção para a economia este ano passou de retração 5,46% para queda de 5,28%. Há quatro semanas, a estimativa era de baixa de 5,66%. Para 2021, o mercado manteve a previsão de alta de 3,50% do PIB brasileiro.

Fim da recuperação econômica

A queda provocada pela pandemia desde o primeiro trimestre do ano interrompeu uma sequência de quatro trimestres de crescimento e encerrou o ciclo de recuperação da economia. Este foi o pior resultado desde o segundo trimestre de 2015, quando o país sofreu uma retração de 2,1%.

O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de todas as riquezas geradas por um país, em moeda local. Ele é medido a cada trimestre pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Seu resultado anual é um dos principais termômetros sobre a saúde da economia de um país.

Para chegar ao valor do PIB, o IBGE usa dados de pesquisas anteriores que mediram o desempenho dos setores de serviços, indústria e agronegócio.

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