Economia
Petrobras aprova Jean Paul Prates como CEO; mercado tem reação negativa
Horas antes, ela havia renunciado ao mandato de senador.
O nome de Jean Paul Prates foi aprovado, pelo Comitê de Elegibilidade da Petrobras (PETR4, PETR3), para assumir a presidência da companhia nesta quinta-feira (26), afirmou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), em nota.
Após a notícia da aprovação, o papel preferencial da estatal recuava 3,38% na bolsa brasileira, negociado a R$ 26,03, por volta de 14h55. Veja mais destaques da B3.
A expectativa do governo é que ele já seja aprovado como presidente interinamente, para depois ser confirmado em definitivo em assembleia de acionistas, a ser convocada.
Horas antes da assembleia, Prates apresentou sua renúncia do mandato de senador, conforme publicado no Diário do Senado desta quinta-feira (26). Ele assume a estatal logo após o anúncio do primeiro reajuste da gasolina do governo petista, que entrou em vigor nas distribuidoras de combustíveis na quarta-feira (25).
A indicação formal de Prates para exercer os cargos de presidente e de membro do conselho de administração da companhia ocorreu em 12 de janeiro. No entanto, a escolha do nome do ex-senador do PT do Rio Grande do Norte para presidir a Petrobras foi confirmada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda em 2022.
Experiência em consultoria
Com mais de 25 anos de trabalho nas áreas de petróleo, gás natural, biocombustíveis, energia renovável e recursos naturais, Prates chegou a fundar em 1991 uma consultoria pioneira especializada em petróleo, chegando a ter 120 consultores associados, segundo currículo publicado anteriormente.
O ex-senador também participou de outras empresas com esse fim. No entanto, atualmente, as empresas das quais Prates participou “encontram-se desativadas há vários anos ou ele já se desligou delas também há alguns anos”, segundo sua assessoria de imprensa.
Biografia
Prates é formado em Direito na UERJ e economia na PUC/RJ. Nos Estados Unidos, tornou-se Mestre em Planejamento Energético e Gestão Ambiental pela Universidade da Pennsylvania. Na França, obteve o segundo mestrado, em Economia de Petróleo, Gás e Motores, pelo Instituto Francês do Petróleo.
Foi membro da assessoria jurídica da Petrobras Internacional (Braspetro), no final da década de 80. Em 1991 fundou a primeira consultoria brasileira especializada em petróleo. E em 1997 participou da elaboração da Lei do Petróleo. Também foi o redator do Contrato de Concessão oficial brasileiro e do Decreto dos Royalties.
Em 2014, foi eleito primeiro suplente da Senadora Fátima Bezerra (PT-RN) para o período 2015-2022. Em janeiro de 2019, assumiu a cadeira de senador pelo estado do Rio Grande do Norte.
Análise do mercado
Em relatório, os analistas Bruno Amorim, Joao Frizo e Guilherme Costa Martins, do Goldman Sachs, explicaram que a notícia já era esperada pelo mercado.
“Além disso, as notícias sugerem que a intenção do novo CEO é mudar gradualmente a estratégia da Petrobras, tranquilizando o mercado que não há nada de drástico em pauta – principalmente no que se refere à política de preços de combustível”, afirmaram.
A equipe do Goldman manteve classificação neutra para a Petrobras, “apesar da avaliação atraente”, ao reconhecer o aumento da incerteza em torno das políticas a serem adotadas nos próximos anos, conforme destacado no relatório de rebaixamento da companhia pelo banco de investimento.
A Ativa Investimentos frisou em comentário enviado ao mercado que será alvo de atenção dos investidores no decorrer dos próximos dias se os indicados ao Conselho pelo Governo Federal terão “perfil político ou técnico”.
“Enquanto isso, o mercado acompanhará os primeiros passos de sua conduta e, fundamentalmente, a decisão da companhia quanto a distribuição de proventos no quarto trimestre de 2022”, avaliou a casa.
Além disso, a oficialização deve acontecer daqui a 45 ou 60 dias, quando deverá ocorrer a próxima Assembleia Geral Extraordinária da empresa.
Veja também
- Petrobras confirma plano de investir mais de R$ 635 bilhões entre 2025 e 2029
- Vai sobrar petróleo: os desafios para o futuro da Petrobras em cinco pontos
- Apesar de recorde no pré-sal, a produção de petróleo cai no Brasil em setembro
- Ibama pede mais informações à Petrobras em processo de exploração da Foz do Amazonas
- Declínio de campos mais antigos derruba produção da Petrobras no Brasil em 8,2%