Economia
Demissão na Petrobras levará a mudanças no conselho e política de preços
Saída de Coelho era dada como certa entre pessoas mais próximas do presidente.
A demissão de José Mauro Coelho do comando da Petrobras (PETR4) é a primeira de uma série de mudanças que o governo vai fazer na petroleira. Além de demitir Coelho, o ministro de Minas Energia, Adolfo Sachsida, vai fazer mudanças no conselho de administração da estatal.
O conselho foi montado pelo ex-ministro Bento Albuquerque, almirante de esquadra que foi demitido por Bolsonaro logo após o anúncio do reajuste do óleo diesel. A saída de Coelho abre caminho também para mudanças na diretoria da empresa. A Petrobras estava perto de anunciar novo reajuste de gasolina e Bolsonaro quer evitar novos aumentos neste momento de alta volatilidade do preço internacional.
Política de preços
A lógica é a seguinte: governo não pode mandar diretamente na decisão da empresa sobre os preços, mas pode mudar o conselho e o presidente, que mudam a diretoria. O passo seguinte é a mudança na política de preços, como quer Bolsonaro. Ele quer que os reajustes sejam mais esparsos e que haja uma trégua nos preços enquanto o mercado de petróleo estiver vivendo alta volatilidade por conta da crise de energia provocada pela guerra da Rússia com a Ucrânia.
Segundo apurou o “Estadão”, a demissão do terceiro presidente da Petrobras já era dada como certa no círculo mais fechado de auxiliares do presidente Bolsonaro desde sábado, embora investidores vissem o movimento como “loucura” pelo pouco tempo de Coelho à frente da petroleira.
Anúncio da demissão
O anúncio ocorreu depois do mercado fechado, eram quase 22h desta segunda-feira (23). Fontes da indústria de óleo e gás, que não apostavam na saída de Coelho em tão pouco tempo, avaliam que a troca é turbulência desnecessária mais uma vez, causada pelo governo. Coelho avia alertado para o risco de desabastecimento do diesel antes de ser demitido.
A avaliação é de que, se o governo realmente quiser trocar os rumos da empresa, terá que nomear novos conselheiros de administração, dispostos a seguir as suas ordens e não a votar de acordo com “os melhores interesses da empresa”.
Sachsida ainda quer avançar nas privatizações da Petrobras e também da PPSA, a estatal responsável pela parte da União no pré-sal.
Saída de conselheiros
A Petrobras informou no final da noite desta segunda-feira que, se a demissão de José Mauro Coelho da presidência da companhia for aprovada em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), ocorrerá a destituição de todos os membros do Conselho eleitos como ele, por meio do voto múltiplo. A estatal terá, assim, de realizar uma nova eleição.
Em fato relevante, a Petrobras informou que o Ministério de Minas e Energia enviou ofício à empresa solicitando a convocação de uma AGE para destituir Coelho e eleger Caio Paes de Andrade como membro do Conselho de Administração da companhia.
Segundo a Petrobras, o ministério solicitou que a avaliação do nome de Andrade pelo Conselho ocorra após a realização da AGE.
O ministério anunciou nesta segunda-feira a terceira demissão de um presidente da Petrobras em menos de quatro anos. O nome de Andrade já vinha sendo especulado há algumas semanas e ganhou força após a substituição do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque por Adolfo Sachsida, fiel escudeiro do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Veja também
- Petrobras confirma plano de investir mais de R$ 635 bilhões entre 2025 e 2029
- Vai sobrar petróleo: os desafios para o futuro da Petrobras em cinco pontos
- Apesar de recorde no pré-sal, a produção de petróleo cai no Brasil em setembro
- Ibama pede mais informações à Petrobras em processo de exploração da Foz do Amazonas
- Declínio de campos mais antigos derruba produção da Petrobras no Brasil em 8,2%