Economia

Após bater R$ 4,80, dólar deve seguir em queda no curto prazo, dizem analistas

Aperto monetário nos EUA pode pressionar ainda mais a moeda, assim como maior disposição para o risco.

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O dólar acumula queda de mais de 8% sobre o real em 2023 até o fechamento desta quinta-feira (15) e ainda deve continuar depreciando no curto prazo, conforme apontam especialistas. Na véspera, a moeda norte-americana caiu pela 5ª vez consecutiva, com baixa de 0,09%, negociada a R$ 4,80 – menor nível em mais de um ano (em 6 de junho de 2022, a moeda encerrou a R$ 4,79).

Luan Alves, analista chefe da VG Research, comenta que a tendência gráfica de curto prazo para o dólar ainda é de baixa e aponta que a moeda pode chegar ao “preço justo” de R$ 4,60, assim como aconteceu em abril do ano passado.

“Quando analisamos os fundamentos macroeconômicos, acreditamos que o dólar está próximo do ‘fair price’, finalmente.” 

Luan Alves, analista chefe da VG Research.

Para ele, parte disso se justifica porque as projeções para a inflação são de baixa, o que faz com que o mercado volte a se arriscar mais. “Muitos investidores estão voltando a países emergentes“, diz. 

Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos, também acredita na desvalorização da moeda norte-americana no curto prazo. Para ele, se o fim do ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos da América (EUA), concretizar-se em breve, isso deve puxar ainda mais a moeda. 

Outro fator que ele destaca para a queda do dólar é a melhora da perspectiva da nota de crédito do Brasil por parte da S&P, agência de classificação de risco. A perspectiva mudou de “estável” para “positiva”, e reafirmou o rating “BB-“.

“Talvez ela possa cair para faixa em torno de R$ 4,70, R$ 4,75. É muito difícil fazer qualquer previsão, mas não seria uma surpresa isso acontecer agora no curto prazo”. 

Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.

Sillas Cezar, professor de economia na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), menciona que pode-se esperar que esse cenário se mantenha nos próximos meses. “Se mantivermos as medidas fiscais e monetárias responsáveis, o mercado começará a apostar em quedas maiores”, diz. 

Ele também menciona que algumas commodities exportadas pelo Brasil estão em um bom momento internacional, o que tem desfavorecido o dólar em relação ao real.

Dólar num maior prazo 

Notas de real e dólar 10/09/2015 REUTERS/Ricardo Moraes

Costa, da Monte Bravo Investimentos, aponta que para o restante do ano, principalmente a partir do momento que o Banco Central (BC) começar a fazer a flexibilização da Selic, taxa básica de juros, a tendência é de diminuição da força de apreciação do real. Ele projeta o câmbio a R$ 5 até o fim de 2023.

Já Alves, da VG Research, menciona que no longo prazo vê a evolução da inflação no Brasil mais elevada do que nos EUA, o que deve colocar uma apreciação natural da moeda americana.

O Boletim Focus desta segunda-feira (12) projetou o dólar a R$ 5,10 até o fim do ano. Para 2024, espera-se que a moeda norte-americana chegue no patamar de R$ 5,17.

É hora de investir em dólar? 

Para Mauro Rochlin, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é difícil prever o que irá acontecer com o dólar, portanto ele acha interessante que o investidor procure parcelar a compra e venda do ativo, visto que isso minimiza os riscos. 

“O parcelamento faz com que o investidor tenha um preço médio do que se refere a sua aplicação e com isso ele minimiza a chance de perder dinheiro.”

Mauro Rochlin, professor de MBAs da FGV.

Cezar, da FAAP, pontua que “talvez não seja um bom momento para comprar dólar como investimento”. Ele expõe que há um entendimento técnico de que a compra e venda de dólar para fins meramente especulativos são um negócio arriscado em termos pessoais e, também, nocivo em termos sociais. 

“O mercado futuro de dólar existe para proteger exportadores e importadores de oscilações bruscas e servem bem a essa finalidade. Sendo assim, não é recomendável estimular ações que fujam a esse propósito”, comenta. 

Por outro lado, Alves, da VG Research, pontua que dentro de uma estratégia de investimento, é importante ter uma parcela dos ativos em moeda forte, como é o caso do dólar.

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