
O mercado futuro é a negociação de contratos que são acertados em uma data futura a um valor preestabelecido. A principal finalidade dessa operação é se proteger da variação de preços ao longo do tempo. A especulação também é um dos objetivos de quem investe neste mercado.
A origem do mercado futuro foi marcada pela operação entre produtores e compradores de commodities, como café, milho, soja e boi gordo. Atualmente, a bolsa de valores brasileira, a B3, negocia outros derivativos, como moedas estrangeiras, índices, ações e taxas de juros.
Os derivativos são contratos que derivam de outros ativos. No caso do mercado futuro, as posições de quem compra e de quem vende depende diretamente do desempenho dos ativos no mercado à vista. Essa variação acontece por causa da demanda e do cenário econômico.
Como é a cotação dos derivativos no mercado futuro?
A cotação no mercado futuro depende da padronização do contrato. Alguns contratos são cotados em pontos, como os de índices, enquanto outros são expressos em reais por unidade, como os contratos de dólar, café ou boi gordo. Há também contratos cotados em centavos, dependendo do ativo negociado.
O preço do contrato varia conforme as projeções dos investidores em relação à direção do mercado, considerando também expectativas sobre fatores como cenário econômico, juros, câmbio e eventos corporativos.
Para índices futuros de ações, como o Índice Bovespa Futuro (IND) e o mini-índice (WIN), o valor do contrato é derivado da expectativa do mercado em relação ao desempenho futuro do índice Ibovespa.
A cotação desses contratos é expressa em pontos, sendo que cada ponto equivale a um valor em reais. Para o contrato cheio (IND), cada ponto vale R$ 1,00. Já no mini-índice (WIN), cada ponto equivale a R$ 0,20.
Por exemplo: se o contrato está cotado a 130.000 pontos, isso representa R$ 130.000 no contrato cheio e R$ 26.000 no minicontrato.
Qual a diferença entre mercado a vista e mercado futuro?
O mercado à vista e o mercado futuro são dois ambientes distintos de negociação dentro do mercado financeiro, com finalidades e dinâmicas diferentes.
No mercado à vista, a compra e a venda de ativos, como ações, ocorrem com liquidação imediata ou em poucos dias. O preço, neste caso, é determinado pelas condições atuais do mercado, refletindo a oferta e demanda naquele momento. Geralmente é utilizado por investidores com foco em formação de patrimônio ou longo prazo.
Já o mercado futuro envolve contratos com vencimento em uma data futura. Nesse caso, as partes combinam um preço hoje para comprar ou vender um ativo mais adiante. Até lá, o valor desses contratos pode variar conforme as expectativas do mercado. Nesses contratos, não há entrega do ativo, mas a liquidação financeira das diferenças de preço entre a data da negociação e o vencimento.
O mercado costuma atrair investidores com maior apetite a risco, que buscam se proteger contra oscilações de preços (hedge) ou obter ganhos com a variação do ativo no curto prazo, muitas vezes por meio de alavancagem.
Qual a diferença entre mercado a termo e mercado futuro?
Tanto o mercado a termo quanto o mercado futuro envolvem acordos de compra ou venda de ativos em uma data futura. Porém, eles apresentam algumas diferenças importantes.
No mercado a termo, o investidor firma um contrato diretamente com outra parte, combinando hoje o preço para comprar ou vender um ativo numa data futura, sendo que as partes assumem sua posição até o prazo de liquidação do contrato. Esse contrato não é padronizado, é feito sob medida. Ou seja, as condições como quantidade, prazo e preço podem ser negociadas entre as partes. No vencimento paga-se o valor acordado, independentemente do preço do dia.
Já no mercado futuro os contratos são padronizados e têm as mesmas especificações para todos os participantes. Neste tipo de contrato os ativos são ajustados diariamente conforme a variação do ativo de referência. Ao chegar no vencimento, o investidor receberá os rendimentos (ou não) da diferença desses preços. Neste tipo de contrato torna-se mais fácil encerrar a posição antes do prazo final.
Enquanto o mercado a termo tende a ser mais restrito e menos flexível, o mercado futuro oferece mais possibilidades de negociação, sendo uma escolha comum entre investidores com maior familiaridade com o mercado e tolerância a oscilações.
Quais são os tipos de contrato?
Os contratos futuros são divididos basicamente em quatro grandes segmentos: commodities, índices, moedas e juros. Todos padronizados e negociados na B3, a Bolsa de Valores Brasileira. Veja a seguir os detalhes de cada um.
Contrato de commodities
Os contratos futuros de commodities são acordos negociados em bolsa que envolvem a compra ou a venda de produtos como café, soja, milho, boi gordo, petróleo, com liquidação em uma data futura. Na prática, funcionam como uma forma de proteção contra as oscilações de preço que esses produtos podem sofrer ao longo do tempo.
Por exemplo: um produtor de café pode vender contratos futuros para garantir agora o preço de venda da sua produção que será colhida meses depois. Já uma empresa que utiliza soja como matéria-prima pode comprar contratos para travar os custos e evitar surpresas com a variação de mercado.
Além disso, também são utilizados por investidores e especuladores que não têm interesse na entrega física do produto, mas na possibilidade de obter ganhos com a variação de preços.
Contrato de índices
Os contratos futuros de índices permitem ao investidor negociar a expectativa de desempenho de um índice de ações, como Bovespa e S&P500, em uma data futura. Em vez de comprar ações, o investidor assume uma posição sobre a valorização ou desvalorização do índice. Um dos mais conhecidos é o contrato futuro de Ibovespa. Ele representa uma exposição à alta ou à queda do principal índice da bolsa brasileira.
Existe também o minicontrato de índice, que representa uma fração menor do contrato tradicional. Por isso, exige um volume financeiro menor e se tornou bastante popular entre investidores individuais, inclusive iniciantes.
Esses contratos são usados tanto para proteção (hedge) quanto para operações de curto prazo. Mas atenção: por serem alavancados, eles apresentam risco, pois pequenas oscilações podem gerar ganhos ou perdas significativas.
Contrato de moedas
Os contratos futuros de moedas permitem ao investidor se proteger de oscilações cambiais ou buscar ganhos com a variação no câmbio. As moedas mais comuns são dólar e euro, porém a B3 disponibiliza diversas moedas para esse tipo de contrato.
Muito utilizados por empresas que têm receitas ou dívidas em moeda estrangeira, esses contratos ajudam a reduzir o impacto da flutuação do dólar, por exemplo. É o que se chama de hedge cambial.
Além disso, também são procurados por investidores que querem especular com base em expectativas sobre o cenário econômico, juros ou política monetária, no Brasil e no exterior.
Contrato de taxa de juros
Os contratos futuros de taxa de juros permitem ao investidor negociar a expectativa sobre os juros no futuro. Esses contratos são utilizados por instituições financeiras, empresas e grandes investidores para protegerem suas carteiras de crédito ou aplicações sensíveis às variações de juros. Também podem ser usados por investidores que buscam aproveitar movimentos de alta ou queda nas taxas.
Os principais contratos de taxas de juros disponíveis na B3 são:
- Taxa DI;
- Taxa Selic;
- Cupom Cambial de DI;
- Cupom de IPCA.
Como funciona o mercado futuro?
O mercado futuro funciona como um acordo de compra e venda de um ativo em uma data futura a um preço previamente acordado.
Apesar do nome, o objetivo principal nem sempre é comprar ou vender o ativo no vencimento. Muitos investidores usam esse tipo de contrato para se proteger de oscilações de preço ou buscar lucro com a variação entre o valor de entrada e saída do contrato.
Para entender na prática, imagine que você acredite que o índice Bovespa vai subir. Você pode comprar um minicontrato de índice futuro de Ibovespa (WIN) esperando que, até a data de vencimento, o preço suba. Se isso acontecer, você pode vender o contrato antes do vencimento e lucrar com a diferença. Por outro lado, se o índice cair, poderá encerrar a posição com prejuízo.
Alavancagem no mercado futuro
Você não precisa ter o valor todo para um contrato do mercado futuro. É possível usar a alavancagem, em que você oferece só uma parte do valor, a chamada Margem de Garantia. Essa margem representa um percentual do total do contrato.
O valor dessa margem depende de qual é o ativo relacionado, o prazo da operação e quanto a corretora pede como valor mínimo. Cada instituição define essa margem mínima para você operar, caso seja no day trade, em que a negociação começa e termina no mesmo dia. Se for de mais de um dia, a B3 tem uma tabela de valor mínimo.
Você paga esse contrato em dinheiro e com outros investimentos de alta liquidez, como ações, títulos públicos ou outros de renda fixa.
Para que serve o mercado futuro?
O mercado futuro serve tanto para proteção quanto para estratégias de investimento. Ele é utilizado por empresas e investidores para reduzir riscos, aproveitar oportunidades de valorização e ter mais previsibilidade sobre preços.
Uma de suas principais funções é permitir o chamado hedge, ou proteção contra oscilações nos preços de ativos como moedas, commodities, índices e taxas de juros. Também é um ambiente comum para operações de especulação, nas quais o investidor busca lucrar com a variação dos preços, mesmo sem ter o ativo.
Além disso, os contratos futuros ajudam na formação de preços no mercado, ao refletirem as expectativas dos agentes sobre cenários econômicos e políticos.
Com diferentes tipos de contratos e estratégias possíveis, o mercado futuro atende a perfis variados, desde os mais conservadores, que buscam proteção, até os mais arrojados, que operam com foco em ganho de capital.
Como operar no mercado futuro?
1. Tenha consciência do seu perfil
Nem todo mundo se baseia no perfil de investidor na hora de tomar as decisões de usar o dinheiro no mercado financeiro. Mas conhecer seu perfil ajuda a enxergar qual é o seu nível de exposição a riscos. O mercado futuro pode ter ganhos rápidos, assim como os prejuízos. Conheça seu perfil de investidor neste artigo.
2. Qual seu objetivo de operar no mercado futuro?
Você quer se proteger das oscilações ou ganhar sobre elas? É importante ter esse objetivo em mente a cada vez que operar neste mercado. Vai ser um parâmetro para definir qual preço vai negociar um contrato. Além disso, caso perca, terá uma dimensão de quanto esse prejuízo vai impactar no seu objetivo final.
3. Defina a corretora em que vai operar
Pesquise informações, taxas, preços e procedimentos para escolher em qual corretora vai operar contratos futuros. Como dissemos, cada uma define quanto deve ser a margem mínima de garantia do contrato caso você opere no day trade.
4. Acompanhe o mercado
É preciso acompanhar o mercado e o comportamento do ativo ao qual o contrato vai estar atrelado. Este não é um investimento que você pode fazer e se preocupar só no vencimento. Você pode ter uma oportunidade melhor encerrando o contrato antes do que no prazo final.
5. Escolha o segmento e o tipo de contrato (ativos que podem ser negociados)
A B3 trabalha com os seguintes segmentos.
- Ações e índices: Índice Bovespa e S&P500 e Futuro de ações;
- Taxas de juros: DI, Selic, Cupom Cambial de DI, Cupom de IPCA;
- Moedas: dólar americano, euro, libra esterlina, iene japonês, yuan chinês etc.;
- Commodities: milho, café, soja, açúcar, etanol, boi gordo.
Será contrato cheio ou minicontrato? De qual ativo? Defina o mês e o ano de vencimento, bem como a quantidade e o preço em que acha que vai estar. Faça a oferta de compra ou venda e acompanhe as cotações.
A maioria dos contratos futuros é liquidada financeiramente, ou seja, pela diferença entre os preços acordados e os preços de mercado. A entrega física do ativo acontece em raros casos, geralmente ligados a commodities agrícolas e, mesmo assim, é pouco comum.
Hedge
O hedge é uma estratégia usada para proteger o investidor ou a empresa contra oscilações nos preços de ativos financeiros. Em vez de buscar lucro com a operação, o objetivo principal é evitar prejuízos em função da volatilidade do mercado.
Um exemplo prático é o de uma empresa exportadora brasileira. Como essa empresa recebe em dólar, uma queda na cotação da moeda americana pode reduzir significativamente sua receita. Para evitar esse risco, ela pode vender contratos futuros de dólar. Assim, mesmo que o dólar caia até a data do recebimento, a empresa garante uma taxa previamente contratada e protege sua receita em reais.
Arbitragem
A arbitragem é uma estratégia em que o investidor aproveita a diferença de preços de um mesmo ativo em mercados diferentes para obter lucro. Essa operação costuma ser rápida e envolve comprar em um lugar e vender em outro, ganhando com a diferença.
Imagine o seguinte cenário: o contrato futuro do milho está sendo negociado a R$ 80 na Bolsa, mas no mercado físico (mercado à vista), o preço do milho está R$ 75. Um investidor pode comprar o milho no mercado físico por R$ 75 e, ao mesmo tempo, vender o contrato futuro por R$ 80. Se o preço se mantiver até o vencimento, ele garante um lucro de R$ 5 por saca, descontando os custos da operação.
Especulação
A especulação no mercado futuro envolve a busca por lucro com a variação dos preços dos ativos, assumindo o risco de que o cenário projetado não se concretize.
Por exemplo: imagine que um investidor acredita que o índice Ibovespa vai subir nas próximas semanas. Ele pode comprar contratos futuros do mini-índice. Se o Ibovespa realmente subir, esses contratos se valorizam e ele pode vendê-los por um preço maior do que pagou.
No entanto, se o Ibovespa cair, ele pode ter prejuízo. A especulação exige análise de mercado, acompanhamento constante e tolerância ao risco, sendo mais comum entre investidores com perfil arrojado e com experiência em renda variável.
Quais são as vantagens do mercado futuro?
Uma das principais vantagens do mercado futuro é a possibilidade de operar em diferentes cenários de mercado. Como é possível tanto comprar (acreditando na alta) quanto vender (acreditando na queda) contratos futuros, o investidor tem oportunidades de ganhos mesmo em momentos de queda nos preços dos ativos.
Outra característica relevante é a alavancagem. No mercado futuro, não é necessário desembolsar o valor total do contrato. O investidor precisa apenas manter uma margem de garantia, que representa uma fração do valor negociado.
Além disso, o mercado futuro se destaca pela liquidez, especialmente em contratos amplamente negociados, como os de dólar futuro e mini-índice. Isso facilita a entrada e saída de posições, permitindo que o investidor ajuste sua estratégia de forma ágil conforme as condições do mercado.
Quais são os riscos do mercado futuro?
O principal risco de investir no mercado futuro é perder dinheiro com a variação do contrato. Esse prejuízo pode acontecer antes mesmo do vencimento, já que os ajustes da negociação são feitos a cada pregão.
Além disso, o tipo de contrato e de operação podem aumentar o risco. Digamos que você esteja operando com minicontrato no day trade porque quer investir um valor baixo e acha que terá um prejuízo menor também. No entanto, como esses contratos são alavancados, uma variação de poucos pontos pode gerar perdas significativas, principalmente em dias de alta volatilidade — como quando uma notícia inesperada afeta o mercado.
O problema dessa operação é que, ao apostar em minicontratos, você vai enxergar os prejuízos como pequenos e talvez não note o total. Ao mesmo tempo, quando vierem os ganhos, vai querer se arriscar mais. Se operar sem a ponderação do seu perfil de investidor, objetivo com o dinheiro e o acompanhamento do mercado, essa operação vai ser cada vez mais arriscada.
Como saber se o mercado futuro é para você?
Operar no mercado futuro pode oferecer oportunidades de ganhos significativos, mas também envolve riscos elevados. Ele pode atrair diferentes perfis de investidores, mas não é indicado para todos. Antes de investir, é importante entender como ele funciona e avaliar se as características do produto estão alinhadas aos seus objetivos, prazos e tolerância ao risco.
Por se tratar de um mercado com alavancagem, o investidor movimenta valores maiores do que o capital inicialmente investido. Isso amplia tanto o potencial de ganho quanto o de perda, exigindo disciplina, gestão de risco e acompanhamento constante das posições.
Esse tipo de operação costuma ser mais utilizado por investidores com perfil moderado a arrojado, que já têm algum conhecimento sobre o mercado financeiro ou contam com orientação profissional.
Se a intenção é manter uma carteira mais conservadora ou com foco no longo prazo, pode ser interessante buscar outras alternativas antes de entrar nesse segmento.