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Economista usa IA para criar índice de sentimento dos comunicados do Copom

Recurso tem o intuito de fazer análises sobre a conduta do órgão nos textos sobre política monetária.

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Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, desenvolveu um índice de sentimento para analisar os comunicados do Comitê de Política Monetária (Copom), com o objetivo de revelar o quanto o órgão está tendo uma postura mais dovish (tendência de redução de juros) ou hawkish (de elevação de juros) a cada texto que divulga.

O especialista explica que o índice foi desenvolvido por meio de Inteligência Artificial (IA), que faz o processamento e a leitura da linguagem natural.

“Basicamente, o que esse indicador faz é capturar o tom emocional de cada frase de um documento do Copom.”

Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores.

O recurso conta com uma série de palavras pré-definidas que indicam se o texto tem uma postura mais dovish ou hawkish, que varia entre -100 para o primeiro e +100 para o segundo. Ou seja, quanto mais alto, mais hawkish e, quanto mais baixo, mais dovish. Para cada uma das frases dos comunicados é atribuída uma pontuação de -1, 0 ou 1. 

Fonte: LCA Consultores.

O economista da LCA Consultores ainda esclarece que o índice está focado fazer uma análise quantitativa da leitura dos comunicados do Copom, diferente das análises qualitativas que a maior parte do mercado faz. 

“Historicamente, o mercado financeiro analisa [os comunicados e] as atas do Copom de maneira qualitativa, às vezes tem viés – algum agente do mercado financeiro pode ser mais conservador ou ter algum tipo de ideologia. A ideia é que na verdade esse indicador seja uma análise quantitativa desses documentos do Copom.” 

Ele conta que posteriormente também poderá haver um indicador para as atas do órgão.

O índice foi criado a partir da inspiração de um produto parecido que avalia os comunicados do Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos. 

Próximas reuniões do Copom

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O indicador mostrou que o último comunicado apresentado ao mercado teve uma postura mais próxima de dovish quando comparado ao anterior, mesmo com o órgão ainda definindo a manutenção da Selic em 13,75% ao ano. Desse modo, a informação leva a crer que a redução da taxa de juros deve estar próxima se o contexto econômico seguir conforme as expectativas do Banco Central (BC).

Após o último comunicado do Copom, a maior parte dos especialistas avaliou que o BC não sinalizou cortes de juros à frente, e inclusive deixou aberta a possibilidade de novas altas se julgar necessário. 

Sede do Banco Central, em Brasília 14/02/2023 REUTERS/Adriano Machado

O BC citou os riscos que enxerga para uma alta da inflação, entre eles a maior persistência das pressões inflacionárias globais; a incerteza ainda presente sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional; e uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.

Já entre os riscos de baixa, foram colocados a queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local; a desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições adversas no sistema financeiro global; e uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.

Dados da B3 sobre contratos de opção de Copom, considerando a expectativa para a próxima reunião, mostram probabilidade de manutenção da Selic é 82,63%, segundo informações desta terça-feira (9).

Para a reunião de agosto, as expectativas são mistas, mas a maior parte das apostas (49,02%) ainda aponta maior probabilidade de manutenção, seguida pelo percentual de 38,93% de expectativas por queda de 0,5 ponto percentual e 8,95% para com baixa de 0,25 p.p. 

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