Economia
EUA enfrentam impasse para evitar paralisação e calote do governo
O governo pode ficar sem dinheiro até 18 de outubro, segundo a secretária do Tesouro.
Correligionários do presidente norte-americano, Joe Biden, buscavam evitar uma paralisação do governo e uma inadimplência de crédito potencialmente incapacitante ao país nesta terça-feira (28), enquanto também tentavam chegar a um acordo sobre um gigantesco pacote de gastos e tributário voltado à ambiciosa agenda de política social do presidente.
Em meio às negociações no Congresso, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, avisou parlamentares que o governo pode ficar sem dinheiro até 18 de outubro a menos que o Congresso tome uma atitude para elevar o limite da dívida federal antes de o Departamento do Tesouro esgotar os esforços para preservar os recursos.
Impasse no Congresso
Os democratas esperavam evitar uma paralisação parcial do governo e suspender o teto da dívida federal com uma única votação. Mas eles sofreram na segunda-feira (27) um bloqueio no Senado pelos republicanos, que disseram que as duas questões deveriam ser tratadas separadamente.
Nesta terça-feira, os democratas agiram para lidar com esses pontos por conta própria.
O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que tentaria realizar uma votação para aumentar o limite da dívida, que poderia ser aprovado apenas com o apoio dos 48 democratas da Câmara e dos dois independentes aliados a eles.
Mas os republicanos ainda precisam concordar primeiramente em realizar a votação, e vários membros do partido disseram que se opõem a essa ideia.
A Câmara dos Deputados também realizará votação para estender o financiamento do governo e aumentar o limite da dívida “nos próximos dias, certamente”, disse Steny Hoyer, o democrata número dois da Câmara.
Os parlamentares têm apenas três dias para evitar uma possível paralisação do governo até a meia-noite de quinta-feira (30), fim do atual ano fiscal. Não fazer isso pode resultar em licenças para centenas de milhares de funcionários federais em meio a uma crise de saúde pública.
Os democratas detêm pequenas maiorias no Senado e na Câmara, que estão em disputa nas eleições de meio de mandato do próximo ano.
Os democratas do Congresso também buscarão uma maneira de aumentar o limite máximo de US$ 28,4 trilhões para empréstimos do governo antes que o Departamento do Tesouro fique sem meios de pagar a dívida do país.
Histórico
O temor fiscal tornou-se uma característica regular da política dos EUA na última década, graças à polarização partidária em curso.
A paralisação do governo mais recente, ocorrida durante a presidência do antecessor republicano de Biden, Donald Trump, durou 35 dias antes de terminar em janeiro de 2019.
Os democratas apontam que grande parte da nova dívida do país foi contraída durante a administração de Trump.
Uma paralisação do governo ou um calote seria um revés para os democratas, que se colocaram como o partido de um governo responsável após a caótica presidência de Trump.
Pacotes de gastos
Os democratas também estão lutando para se unir por trás de dois pilares da agenda de política interna de Biden: uma conta de infraestrutura de US$ 1 trilhão e um pacote de gastos sociais de US$ 3,5 trilhões.
Nesta terça, Biden pediu aos congressistas que aprovem tanto o projeto de infraestrutura, que atraiu apoio de democratas e republicanos, quanto a legislação que ampara sua agenda “Construir Melhor”, dizendo que os democratas foram eleitos para agir.
“O povo norte-americano enviou uma mensagem clara nas urnas em novembro passado. Precisamos aproveitar este momento e entregar. Precisamos aprovar o Acordo Bipartidário de Infraestrutura e minha Agenda Construir Melhor”, escreveu Biden em postagem no Twitter.
Dois importantes democratas moderados, a senadora Kyrsten Sinema e o senador Joe Manchin, vão à Casa Branca nesta terça-feira para discutir o projeto de lei de gastos sociais, disseram fontes. Ambos afirmaram que o preço de US$ 3,5 trilhões é muito alto.
Democratas de centro têm hesitado diante da escala do custo do pacote de gastos sociais. A Casa Branca e os principais parlamentares podem reduzir alguns benefícios para diminuir o preço, dizem fontes, mas ainda não chegaram a um valor.
Congressistas à esquerda do partido ameaçaram lançar fogo amigo contra o projeto de lei de infraestrutura. Eles expressaram preocupação de que o plano para expandir os benefícios de saúde e educação e combater a mudança climática possa cair no esquecimento se o Congresso priorizar gastos com rodovias, banda larga e outros tipos de infraestrutura.
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