Economia
Ficou sabendo: Vale reorganiza operações; reparação por trabalho escravo e mais
Vale aprova reorganização de operações de metais básicos no Brasil; MPT e Volkswagen não chegam a acordo sobre reparação por trabalho escravo.
Vale aprova reorganização de operações de metais básicos no Brasil
O Conselho de Administração da Vale aprovou a reorganização das operações de metais básicos no Brasil, informou a mineradora nesta quinta-feira.
Em comunicado divulgado ao mercado, a companhia disse que a aprovação prevê a transferência dos ativos de cobre para a Salobo Metais S.A., enquanto os ativos de níquel deverão ser transferidos para uma nova sociedade a ser constituída pela Vale no Brasil.
A reorganização acontece em momento em que a companhia vê crescente demanda por níquel e cobre, impulsionada pela eletrificação de veículos no mundo e pela expansão de sistemas de energia renováveis, que requerem esses metais.
A Vale afirmou, ainda, que não há, no momento, nenhuma deliberação sobre novas transações envolvendo o negócio de metais básicos, e que os ativos de níquel e cobre continuarão a ser consolidados e detidos integralmente pela companhia.
“A reorganização busca centralizar as operações de metais básicos no Brasil em duas sociedades, trazendo maior eficiência nos processos e na gestão”, disse a mineradora, no comunicado.
Mais cedo neste ano, o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, reforçou que a empresa estava empenhada em encontrar meios que reconheçam o valor da área na companhia.
Anteriormente, a Vale cogitou a possibilidade de um “spin off” (cisão) e IPO do segmento, como forma de agregar valor ao negócio.
MPT e Volkswagen não chegam a acordo sobre reparação por trabalho escravo
Em audiência realizada na tarde desta quinta-feira, 29, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e representantes da Volkswagen do Brasil não chegaram a um entendimento sobre uma reparação da empresa em relação a casos envolvendo trabalho escravo. Nova audiência administrativa foi agendada para 29 de novembro, novamente na sede do órgão em São Paulo.
O fato teria ocorrido nas décadas de 70 e 80, na Fazenda Vale do Rio Cristalino, conhecida como Fazenda Volkswagen, no Pará, segundo denúncias de trabalhadores.
Em nota, o MPT informa que, durante a audiência, ressaltou mais uma vez a responsabilidade da empresa nas graves violações de direitos humanos praticadas na fazenda.
De acordo com as investigações, essas violações incluiriam falta de tratamento médico nos casos de malária, impedimento de saída da fazenda, em razão de vigilância armada ou de dívidas contraídas (servidão por dívidas), alojamentos instalados em locais insalubres, sem acesso à água potável e com alimentação precária.
Essa foi a segunda audiência para discutir o tema. A primeira ocorreu em 14 de junho, na Procuradoria-Geral do Trabalho (PGT), em Brasília. O processo teve início em 2019, quando o MPT recebeu documentos relacionados a situações de submissão de trabalhadores a condições degradantes de trabalho na propriedade entre os períodos de 1974 e 1986. À época, o grupo tinha o plano de construir um grande projeto agrícola na Amazônia para a criação de gado.
Entre as violações denunciadas estão falta de tratamento médico nos casos de malária; impedimento de saída da fazenda, em razão de vigilância armada ou de dívidas contraídas com a empresa; alojamentos instalados em locais insalubres, sem acesso à água potável e com alimentação precária.
A fazenda mantinha cerca de 300 empregados diretos para funções administrativas, mas os serviços de roçagem e derrubada da floresta, realizados nas frentes de trabalho, eram executados por trabalhadores sem vínculo empregatício.
Empresa não se pronuncia
O material entregue ao MPT foi reunido pelo padre Ricardo Rezende Figueira, que, à época, era coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) para a região do Araguaia e Tocantins da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Para apurar as denúncias, foi constituído um grupo de trabalho composto por procuradores do Trabalho, com ampla experiência no combate ao trabalho escravo contemporâneo. A Volkswagen informa que não comenta processos em andamento.
PicPay adere a compartilhamento no Open Finance
O PicPay quer aumentar a presença no Open Finance e aproveitar o pioneirismo do Guiabolso para se diferenciar dos concorrentes na disputa para ser o principal canal de acesso ao sistema financeiro do cliente, “batalha” central no setor nos próximos anos, na visão do Banco Central. Com exclusividade, o chefe de Open Finance da empresa, Thiago Alvarez, contou ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o aplicativo de pagamentos aderiu recentemente à segunda fase do ecossistema regulamentado pelo BC, de compartilhamento de dados bancários, e que está lançando ferramentas para facilitar a gestão financeira do cliente.
Segundo Alvarez, o Open Finance é estratégico para o PicPay e a ideia é que impacte toda a jornada do cliente, com personalização de produtos e serviços desde o crédito até o seguro e o investimento. O executivo tem experiência quando o assunto é “sistema financeiro aberto”. Ele é um dos fundadores do Guiabolso, aplicativo de planejamento financeiro criado em 2012 e adquirido pelo PicPay no ano passado. A plataforma é considerada uma espécie de precursora do Open Finance, já que possibilitava a visualização e organização de diversas contas em um só lugar.
Agora, com o Open Finance, a ideia do PicPay é virar um grande “consolidador” de transações financeiras, algo que outros bancos tradicionais e também os “desafiantes” estão apostando para angariar mais clientes. Mas, na empresa, a experiência do Guiabolso é vista como “uma vantagem natural” ante os rivais. O chefe da área explica que, com a compra em 2021, o PicPay já começou a usar a tecnologia de Open Banking do Guiabolso e, em paralelo, começou a construir a estrutura do ecossistema regulado pelo BC. “O Guiabolso criou esse conceito de Open Finance em 2012, de o usuário compartilhar os dados, na época que não existia nem o nome fintech”, argumenta Alvarez. “O diferencial do PicPay começa com experiência de mais de 10 anos do Guiabolso. Já começa com uma tecnologia robusta. É uma vantagem natural ante os demais”, completa.
E, apesar de pouco tempo, a empresa já vê resultados. Há cerca de três meses, a instituição de pagamentos vem fazendo testes com a fase 2 e exibe uma taxa de conversão de consentimentos de 80%, acima da média do mercado (em torno de 20%), conforme dados da convenção do Open Finance, citados por Alvarez. Ou seja, de 10 pessoas que iniciaram a jornada no PicPay para compartilhar dados com outros bancos, oito concluem com sucesso. “É o consentimento que a gente controla. É altíssimo e, de longe, o maior. Mostra que é muito possível fazer uma boa jornada de transmissão de dados.”
Por outro lado, o executivo não abre o número de autorizações já concedidas à instituição para acessar as informações de clientes de outros bancos, mas diz que está na casa de “centenas de milhares”, enquanto sua base de clientes ativos é de 30 milhões. No total, o BC contabiliza mais de 7,5 milhões de consentimentos.
Lançada em agosto de 2021 pela autoridade monetária, a fase 2 do Open Finance não é obrigatória para instituições do porte do PicPay. Mas as regras do BC incentivam a participação, uma vez que a instituição precisa participar como transmissora de dados aos concorrentes para ter acesso a informações semelhantes, algo importante para formular ofertas personalizadas e conquistar novos clientes.
No PicPay, uma novidade já disponível é o hub do Open Finance, uma plataforma que vai possibilitar que os usuários vejam onde seus dados foram compartilhados e gerenciem os consentimentos que deram para outras instituições.
Além da nova funcionalidade, está prevista para outubro uma ferramenta de planejamento financeiro semelhante ao serviço que era oferecido pelo Guiabolso, que vai permitir ao usuário concentrar informações de todos os seus bancos em um só aplicativo, que serão organizadas por categorias. “Vai ser um mini Guiabolso dentro do PicPay”, explica Alvarez, completando que a empresa ainda pretende lançar em breve um iniciador de pagamentos.
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