Economia

Fitch: piora da economia pode levar a consolidação de fintechs no Brasil

Altos custos de aquisição de clientes também limitarão os gastos de marketing, fundamentais para os objetivos de expansão acelerada da base, diz o relatório.

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A deterioração acentuada das condições macroeconômicas pode levar a uma consolidação no mercado brasileiro de plataformas digitais de serviços financeiros, afirmou nesta sexta-feira (17) em relatório a agência de classificação de risco Fitch.

Citando fatores como o ciclo de alta dos juros no país e a menor disposição de investidores de venture capital de seguir aportando recursos em negócios num ambiente econômico mais hostil globalmente, a Fitch citou que o foco do setor deve mudar de crescimento da base para busca de receitas.

A Selic subiu 0,5 ponto na quarta-feira (15), para 13,25% ao ano, após ter tocado a mínima de 2% anuais no começo do ano passado.

“As fintechs que dependem de mais capital devem ser desafiadas no atual cenário, dada a redução de apetite do investidor”, considerou a agência, frisando que repassar custos de financiamento maiores para os clientes pode ser um desafio, dadas as estratégias das fintechs orientadas por preço e o compromisso relativamente fraco dos clientes com suas franquias.

Além disso, os altos custos de aquisição de clientes também limitarão os gastos de marketing, fundamentais para os objetivos de expansão acelerada da base, diz o relatório.

“Isso tem o potencial de mudar a indústria para ser mais orientada para a retenção de clientes, com base em vendas cruzadas”, afirmou a Fitch, adicionando que fintechs com negócio mais desenvolvido e que já abordaram aspectos de capital provavelmente manterão o ritmo de crescimento, aumentando a participação de mercado ou comprando rivais menores.

Popularização de plataformas financeiras

Após quase uma década de ascensão acelerada no país, apoiada em arcabouço regulatório mais flexível do Banco Central e grandes volumes de investimentos do exterior, bancos e carteiras digitais como Nubank, PicPay e outros formaram bases de dezenas de milhões de clientes, criando plataformas muito mais baratas do que as dos tradicionais bancos de varejo.

E a pandemia do covid-19, o PIX e o open banking aceleraram a migração dos clientes bancários para serviços online. O PIX, lançado pelo Banco Central em 2020, permitiu que mais de 50 milhões de pessoas fizessem sua primeira transferência bancária. No fim de março, havia 124 milhões de usuários do PIX, com transações de cerca de 780 bilhões de reais mensais.

“Mas a piora do mercado nos últimos meses, combinada com o aumento dos juros, pode desafiar a postura de financiamento e liquidez das fintechs, especialmente para aquelas que dependem de produtos de financiamento estruturado e de investidores institucionais por limitações regulatórias”, diz o relatório.

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