Economia

Preço da gasolina para o consumidor deve subir 11% após reajuste da Petrobras

Cálculo é do economista André Perfeito; para o diesel, alta prevista nas bombas é de 18%.

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Após o reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras nesta quinta-feira (10), o consumidor deve sentir na ponta final um aumento de 11,6% no preço da gasolina gasolina e de 18,34% no do diesel. É o que calcula o economista-chefe da Necton, André Perfeito, com base na formação de preço dos combustíveis da Petrobras e as alíquotas dos impostos que incidem sobre os combustíveis.

Se esses números se confirmarem, o aumento de preços para o consumidor será menor do que o anunciado pela Petrobras para as refinarias. Veja abaixo:

Preço da gasolina e do diesel: refinarias x postos

Petrobras (PETR4 e PETR3) informou mais cedo que fará ajustes nos preços de venda de gasolina e diesel para as distribuidoras a partir desta sexta-feira (11), seguindo sua política de preços. O preço da gasolina em média nas refinarias terá uma alta de variação de R$ 0,44 por litro ou 18,56%. Para o diesel, a alta será de R$ 0,81 por litro ou 24,9%. Já para o GLP (gás de cozinha), o preço terá reajuste médio de R$ 0,62 por kg, ou 16,06%.

Após o anúncio a ação preferencial (PETR4) da Petrobras chegou a subir mais de 6% na máxima do dia até agora, enquanto o ordinário (PETR3) saltou mais de 5% no pico do pregão.

Impacto sobre a inflação

André Perfeito também calculou o impacto que esse aumento no preço da gasolina e do diesel deve ter sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o indicador oficial de inflação no Brasil.

“Levando em conta que o peso da gasolina no IPCA é de 6,58% e do diesel de 0,24%, temos que a alta ponderada da gasolina será de 76 pontos base e do diesel de 4 pontos base, ou seja, o impacto total das altas anunciadas hoje será de 80 pontos base. Neste sentido, vamos supor que você tenha projetado um IPCA de 5% em 12 meses sem considerar a alta da gasolina e do diesel, neste caso você teria que rever para 5,80%“, explica o economista da Necton.

“Nossa projeção hoje para o IPCA está em 6%, mas muito provavelmente iremos rever para 6,5% ou mais. Vale lembrar que calculamos exclusivamente o impacto da alta na gasolina e no diesel, não levamos em conta os efeitos difusos da alta dos combustíveis no resto do tecido econômico”, ressalta.

A alta dos preços dos combustíveis ocorre em meio à disparada da cotação do petróleo em razão da guerra na Ucrânia. Até o fechamento desta quarta-feira (9), o barril do Brent já havia subido mais de 18% desde a invasão da Rússia ao país vizinho.

Falando sobre as perspectivas, Perfeito comenta que “a alta do petróleo tende a ser persistente – pelo menos durante três meses – uma vez que não há como imaginar uma resolução rápida para o conflito na Ucrânia e mesmo uma eventual alta da produção da Opep pode demorar a chegar nos mercados globais de maneira consistente”.

“Contudo vale lembrar que trabalhamos com a hipótese que o barril irá cair até o final do ano, uma vez que não acreditamos que a guerra no leste europeu se estenderá de maneira indefinida”, diz Perfeito. “Há grande dose de especulação neste nosso cenário, mas é importante lembrar que provavelmente estamos no auge da inflamação desta crise militar, econômica e social.”

Postos já aumentando preço da gasolina

Embora o reajuste da Petrobras entre em vigor nas refinarias a partir de sexta-feira (11), há relatos de postos aumentando preços já nesta quinta. Em nota, o Procon-SP orientou os consumidores a denunciarem a prática.

“O Procon-SP vai combater especulação no preço dos combustíveis. Os consumidores que se depararem com a situação devem fazer sua denúncia no site do Procon-SP, anexando fotos dos preços da bomba”, afirmou em nota o diretor executivo do Procon-SP, Fernando Capez.

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