Finanças

A saga da recuperação: Americanas fecha acordo com parte dos credores

Plano de recuperação judicial prevê capitalização de R$ 24 bilhões.

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A Americanas (AMER3) anunciou nesta segunda-feira (27) que concluiu acordo com seus principais credores para apoio à aprovação do plano de recuperação judicial, que ainda prevê um aumento de capital de R$ 24 bilhões, sendo R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência (Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles) e outros R$ 12 bilhões em conversão de dívida concursal por parte dos credores.

A varejista acredita que terá a adesão de mais de 50% dos credores ao PSA (Plan Support Agreement) até a realização da Assembleia Geral de Credores (AGC), convocada para 19 de dezembro.

Às 10h30, as ações da companhia registravam alta de 2,7%, cotadas a R$ 1,13, enquanto o Ibovespa tinha oscilação negativa de 0,02%. Nos últimos 30 dias, os papeis acumulam ganhos na ordem de 42,8%.

Loja da Americanas em São Paulo, em setembro de 2023 (Foto: Karina Trevizan/InvestNews)

Entre os bancos credores da companhia, estão Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), BTG Pactual (BPAC11), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander Brasil (SANB11). O Safra ficou “de fora” e pede acesso aos documentos que embasaram as demonstrações financeiras embasadas pela Americanas.

Do ponto de vista dos acionistas, em especial debenturistas, o Instituto Empresa (que representa essa fatia dos credores) aponta que estes serão os mais afetados, com o patrimônio aportado podendo virar pó ou então, sofrendo um drástico desconto no plano de recuperação judicial, podendo ser pagos através de ações da varejista, a depender de como evoluirem negociações futuras.

“Quem colocou R$ 100 mil, pode ficar com R$ 5 mil ou R$ 10 mil, se receber, e ainda assim, este valor talvez seja convertido com grandes deságios em ações ou debêntures para daqui 5 ou 20 anos. Agora resta processar as auditorias, onde vamos buscar o ressarcimento para essas pessoas”, aponta o advogado Adilson Bolico.

Seguros-garantia com bancos

Nesta negociação, a Americanas conseguiu assegurar com os bancos uma linha de fianças bancárias ou seguros-garantia no montante de R$ 1,5 bilhão, disponível por dois anos após a homologação do plano, ou até o encerramento da recuperação judicial, o que ocorrer primeiro.

Os bancos que oferecerem esse seguro fiança terão “acesso prioritário” a uma parcela de R$ 1,5 bilhão de um pagamento antecipado de R$ 6,7 bilhões previsto no plano. Após a execução do plano de recuperação, a dívida bruta da varejista será de R$ 1,875 bilhão, segundo afirma em fato relevante.

A Americanas afirmou ainda que os credores que manifestaram apoio concordaram em “dar suporte” e a votarem favoravelmente ao plano de recuperação que apresenta evolução de alguns dos termos divulgados em março.

Entre eles, está a priorização do pagamento de credores que aceitem receber até R$ 12 mil à vista em cota única, logo após a aprovação do plano, além de alternativas especiais para os credores fornecedores da “classe 3”.

Outros termos do acordo

Além disso, serão reservados R$ 8,7 bilhões para pagamento de credores financeiros, por meio de leilão reverso (R$ 2 bilhões) ou pagamento antecipado de créditos com desconto (R$ 6,7 bilhões).

A companhia prevê ainda uma bonificação para as ações a serem emitidas após aprovação do valor via Conselho. A cada três novos papéis emitidos, haverá um bônus de subscrição, cujo preço de exercício será de R$ 0,01. O preço de emissão de cada ação corresponderá a 1,33x ao preço médio de mercado por volume negociado nos últimos 60 dias até a véspera da data da assembleia.

Após adiamentos, a Americanas divulgou em 16 de novembro as demonstrações financeiras referente 2022 e apresentou seu plano estratégico de negócios, onde prevê a geração de Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões em 2025, puxado pelas vendas no canal físico, seguido do digital e pela oferta de serviços financeiros através da “Ame” e via retail media, que rentabiliza seus ativos por meio de publicidade.

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