Finanças
Ação da Marisa fica estável após subir antes, de olho em fechamento de lojas
Especialista aponta, no entanto, que a perspectiva para a empresa não é positiva.
A ação da Marisa (AMAR3) fechou estável nesta terça-feira (18), após subir mais cedo ampliando a disparada de quase 9% no dia anterior, com o mercado repercutindo o anúncio de fechamento de 88 lojas em plano de reestruturação. No ano, porém, o papel ainda tem perdas de mais de 58% e em 12 meses, de 96%.
‘Avião em queda’
Max Mustrangi, especialista em reestruturação de empresas e sócio fundador da Excellance, compara a situação da Marisa com um avião em queda. Ele comenta que, com o fechamento de lojas deficitárias, é como se a tripulação se livrasse de parte do “peso morto”, mas em uma ação que, tomada com atraso, apenas diminui a velocidade da queda.
“Há muitos anos, esse avião estava voando com os tanques cheios e começou a ter problemas, perder altura. E a tripulação ficou inerte, não fez nada. O combustível, que é o caixa, continuou gastando”, compara ele.
“Passou-se 1 ano, depois 2 anos, 3 anos, pegaram uma tormenta e o avião começou a perder altura mais rápido ainda. Foi quando veio o evento da Americanas e o ângulo de queda do avião aumentou”, diz ele, acrescentando que “ficaram claras a alavancagem e ineficiência”.
“Quem dá propulsão, sustenta o avião, é o negócio – que é equivalente aos motores. O negócio precisa gerar resultado operacional e isso vai alimentar o caixa. E os motores, que já vinham falhando há muito tempo, começaram a falhar mais ainda.”
‘Peso morto’ a menos
Mustrangi continua a análise apontando que, apesar de estar puxando a alta das ações da empresa, a reestruturação anunciada nesta segunda não soluciona o problema.
“De repente, entra uma nova tripulação e, com anos de atraso, abre a porta do cargueiro e começa a jogar um pouco do peso morto do avião. Jogaram 88 lojas fora. Ele perde um pouco de peso e o ângulo de queda reduz. Mas continua caindo. E o tanque está cada vez mais vazio do combustível que é o caixa, e o suprimento desse caixa está cada vez mais impossível, porque ninguém quer financiar.”
Max Mustrangi, especialista em reestruturação de empresas e sócio fundador da Excellance
Para ele, “a recuperação judicial é o caminho mais provável” para a Marisa. Ele não recomenda investir na ação, mesmo que o movimento recente pareça indicar alguma recuperação.
“A minha recomendação pessoal para a Marisa é: ‘Run Forrest, Run!’ Dê saída, caia fora. Você pode achar que o preço está baixo, mas ainda não atingiu o fundo do poço. Você pode ter perda total, então não se trata apenas de o preço estar baixo, mas sim de preservar o que resta.”
Max Mustrangi
Reestruturação
A Marisa Lojas anunciou na segunda-feira (17) a conclusão de seu processo de readequação de estrutura, com o fechamento de lojas deficitárias que apresentaram geração negativa de caixa no segundo trimestre.
Segundo fato relevante ao mercado, o plano de reestruturação da empresa previa o fechamento de 92 lojas, mas a companhia enxergou em alguns dos pontos que seriam fechados “melhorias que deverão resultar em maior eficiência operacional”.
O investimento necessário para o fechamento das 88 lojas foi de R$ 44,5 milhões, informou a companhia, 16% abaixo do previsto inicialmente. Com isso a empresa espera potencial de captura de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de cerca de R$ 40 milhões este ano, ou de cerca de “R$ 60 milhões ao ano a partir do ano de 2024″.
A Marisa passa agora a ter um parque de 246 lojas, com presença em todos os estados do país.
A companhia afirmou ainda que o processo de renegociação de dívidas com fornecedores atingiu 90% deles e que, no caso dos alugueis, a renegociação ultrapassou o nível de 80% com os proprietários dos imóveis ocupados pela rede.
(* com informações da Reuters)
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