Finanças
Amazon brilha, Apple decepciona e bolsas dos EUA reagem após balanços
As ações da Amazon disparam nesta sexta-feira (4), enquanto os papeis da Apple caem após divulgação dos resultados do 2ª trimestre.
Antes mesmo da abertura dos mercados, a ações da Amazon (AMZO34) disparavam nesta sexta-feira (4) após divulgar na noite da véspera resultado de segundo trimestre. A alta de 9% no pré-mercado dos EUA ajudou a compensar queda nos papéis da Apple (AAPL34) após a companhia divulgar vendas fracas do iPhone, segundo a Reuters.
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Os papeis da bigtech recuavam 3,88% sendo esta a maior queda desde janeiro, o que levou a uma baixa de mais de US$ 120 bilhões em valor de mercado, segundo a Bloomberg. Agora, a gigante não tem mais o valor de mercado histórico de US$ 3 trilhões. A saber até quando.
No entanto, a divulgação dos balanços das empresas de tecnologia deram o tom da temporada positiva de resultados para a maior parte das bigtechs americanas, em especial pela melhora na demanda por serviços de computação em nuvem.
Com isso, as bolsas americanas abriram em alta na manhã desta sexta-feira (4) após dois dias negativos dado o rebaixamento feito pela Fitch Ratings na nota dos Estados Unidos. O índice americanos S&P 500 subia 0,31%, aos 4.515 pontos; a Nasdaq registrava alta de 0,25%, aos 13.989 pontos e a NYSE acompanhava, com alta de 0,37%, às 10h43 de Brasília.
Amazon brilha no 2º trimestre
A performance melhor que a esperada dos negócios de computação em nuvem da Amazon no segundo trimestre também impulsionava outras empresas no clube do trilhão de dólares, com Microsoft (MSFT34) e Alphabet (GOGL34) ambas subindo mais que 1%.
Segundo Richard Camargo, analista da Empiricus Research, “o resultado da Amazon foi formidável”, uma vez que no consolidado, a gigante americana somou vendas de US$ 134,3 bilhões, um crescimento de 11% na comparação anual, acima do esperado.
Entre os principais mercados da Amazon, as vendas nos EUA cresceram 11%, totalizando US$ 84,5 bilhões; no mercado internacional, as vendas cresceram 10%, totalizando US$ 29,7 bilhões.
Olhando individualmente para as linhas de negócio da empresa, as vendas diretas (os produtos vendidos no 1P do e-commerce da Amazon) cresceram 5% na comparação anual, somando US$ 52,9 bilhões. No marketplace, as vendas totalizaram US$ 32,3 bilhões, crescimento de 18% versus o 2T22, desconsiderando os efeitos cambiais. Nas lojas físicas as vendas foram de US$ 5 bilhões, crescimento de 7% na base anual.
“Mais impressionante que o crescimento das receitas, foi o retorno da rentabilidade. Em diversas ocasiões nos últimos trimestres, respondemos perguntas de investidores questionando se de fato havia algum valor no e-commerce da Amazon, que mesmo depois de tantos investimentos ainda apresentava margens operacionais negativas. Num passado não muito distante, erros foram cometidos, sobretudo no dimensionamento dos investimentos em infraestrutura durante a pandemia”, disse Camargo.
O analista reiterou ainda que desde que o novo CEO da Amazon (Andy Jassy, antigo CEO da AWS, divisão de infraestrutura em nuvem da companhia) assumiu, foi deixado claro que sua prioridade seria a lucratividade.
“O fim da era Bezos implica que o restante da empresa precisaria ser lucrativa, assim como a AWS (obviamente com margens menores, devido à natureza dos dois negócios). Bom, Andy já pode dizer que cumpriu sua promessa”.
Richard Camargo, analista da Empiricus Research
Nos EUA, a operação da Amazon apresentou um lucro operacional de US$ 3,2 bilhões no 2T23, contra um prejuízo de US$ 627 milhões no mesmo período do ano passado.
Além destes resultados, outros chamaram atenção do mercado, como o fato do prejuízo operacional em mercados internacionais e em fase de investimentos ter caído pela metade no segundo trimestre do ano.
“O grande destaque dos últimos anos, a Amazon AWS, mostrou um resultado levemente acima do esperado: um crescimento de 12%, com vendas totais de US$ 22,1 bilhões no trimestre. Apesar dos números não serem mais astronômicos como na pandemia (quando a AWS chegou a crescer acima de 40% ao ano), é bom ver o segmento voltar a crescer”, disse.
A divisão de infraestrutura em nuvem da companhia enfrentou percalços no trimestre anterior, registrando pela primeira vez queda de receitas numa base consecutiva (quarto trimestre de 2022).
“Além dos números fortes, a Amazon não decepcionou em seu guidance. Para o 3T23, a Amazon espera atingir vendas entre US$ 138 bilhões e US$ 143 bilhões, acima do esperado pelo mercado no intervalo mais baixo das estimativas (US$ 138 bilhões), reiterou.
Pelo menos 17 analistas elevaram seus preços-alvo para a ação da Amazon, colocando a mediana esperada em 154 dólares, segundo dados da Refinitiv. Isso representa uma possibilidade de valorização de quase 20% sobre uma ação que já subiu quase 50% este ano.
Apple come poeira?
Já o balanço da Apple (AAPL34) não desceu tão “redondo” para agentes do mercado. A companhia já tinha dado pistas que estava caminhando para o quarto trimestre seguido de queda nas vendas, uma vez que vem diminuindo o apetite dos consumidores pelo iPhone, especialmente em mercados desenvolvidos.
A companhia reportou queda marginal nas vendas, porém com uma rentabilidade melhor que a esperada pelo mercado, apontou a Empiricus. No total, a Apple apresentou uma receita de US$ 81,8 bilhões no trimestre, 1,5% inferior na comparação anual.
Entre as linhas de negócio, a receita com a venda de iPhones totalizou US$ 39,6 bilhões, uma queda de 2,3% na comparação anual e abaixo do esperado pelo mercado.
“Podemos dizer que, até este momento, a Apple era último pilar firme do segmento mobile a não sofrer com a desaceleração geral do setor desde 2022”.
Apesar disso, o analista reiterou que não foi observado nada que devesse preocupar o investidor. “Numa análise relativa, a Apple ainda é de longe o player mais resiliente do setor”.
Mas os negócios de serviços da companhia foram um ponto de brilho no trimestre e ajudaram a Apple a superar as expectativas do mercado no período.
A divisão de serviços, que compila as receitas da Apple Store, do iCloud e outros, teve receitas de US$ 21,2 bilhões, crescimento de 8% na comparação anual.
Em serviços, a Apple se beneficiou sobretudo dos aumentos de preços realizados nos últimos meses.
“No geral, esse foi um trimestre misto para a Apple: apesar da queda nas vendas e da performance mais fraca do iPhone, o seu extenso programa de recompra de ações e a ajuda de alíquota efetiva cerca de 2,5 pontos percentuais menor que no 2T22 permitiram uma surpresa de US$ 0,05 no lucro por ação, que encerrou o trimestre em US$ 1,26”, observa.
A reação dos resultados da Apple não foi negativa para a totalidade do mercado, uma vez que o Citi segue otimista sobre o que deve acontecer de agora em diante. Em 15 de setembro, será lançado a série do iPhone 15, o que segundo analistas do banco deve ser um catalizador de alta.
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Segundo a Bloomberg, a ação da companhia é negociada a mais de 28 vezes o lucro estimado