Finanças
Americanas afasta parte do alto escalão durante investigações
Decisão acontece em meio a apurações do rombo contábil de cerca de R$ 20 bilhões revelado pela companhia no mês passado.
A Americanas (AMER3) disse nesta sexta-feira que seu conselho de administração decidiu afastar três diretores durante as apurações do rombo contábil de cerca de R$ 20 bilhões revelado pela companhia no mês passado.
A empresa afastou Timotheo Barros, diretor de lojas físicas, logística e tecnologia; Anna Saicali, que comandava a Ame Digital; e Marcio Cruz, diretor de digital, consumo e marketing.
Os três faziam parte do mais alto escalão da companhia, que engloba ainda o atual presidente-executivo, João Guerra, que assumiu após a revelação das inconsistências contábeis, e a diretora financeira e de relações com investidores, Camille Loyo Faria, contratada depois da crise vir à tona.
Além disso, os executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes também foram afastados.
A empresa não citou no fato relevante os nomes de potenciais substitutos, e disse apenas que detectou “lideranças internas e externas que darão continuidade aos negócios e às operações”. Entre essas lideranças está Loyo Faria, que tomou posse em 1º de fevereiro, segundo a varejista.
A Americanas afirmou que os seis quadros foram afastados “de todas as suas funções e atividades na companhia e suas controladas, durante o curso das apurações… sem que o afastamento represente qualquer antecipação de juízo”.
Relembre o caso Americanas
No dia 11 de janeiro, a Americanas anunciou inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões, o que resultou na renúncia dos então CEO e CFO da empresa.
Dois dias depois, credores pediram o vencimento antecipado das dívidas da companhia e notícias indicaram que os acionistas de referência propuseram um aumento de capital de R$ 6 bilhões, enquanto bancos credores exigiram um mínimo de R$ 10 bilhões. Na mesma data, a companhia conseguiu uma tutela de urgência na Justiça, suspendendo por 30 dias o vencimento antecipado das dívidas e quaisquer obrigações.
Posteriormente, o BTG Pacutal realizou um pedido para derrubar a medida, que foi indeferido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Em meio aos desdobramentos, a companhia teve sua nota de crédito rebaixada por agências de classificação de risco.
No dia 19 de janeiro, a Americanas divulgou um comunicado informando que entrou com o pedido de recuperação judicial, que foi aceito pela Justiça horas depois. A varejista informou uma dívida junto aos credores que soma R$ 43 bilhões.
Após a notícia, a B3 informou que excluiu a varejista de todos os seus índices de referência, incluindo o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira. Já a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou a criação de uma força-tarefa com várias superintendências para analisar o caso. O órgão disse que buscava cooperação com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
O bloqueio de valores a pedido do BTG foi derrubado em decisão judicial dias após o pedido de recuperação judicial ter sido aceito pela Justiça.
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