Finanças
Bolsa fecha em alta de 0,31% com cenário externo em dia de sessão volátil
Discurso de Bolsonaro na ONU virou pano de fundo; risco fiscal preocupa investidores
Nesta terça-feira (22), o mercado foi marcado por forte volatilidade. Mas, com ajuda do cenário externo o Ibovespa conseguiu segurar os ganhos e fechou em alta de 0,31% aos 97.293 pontos. No mês de setembro o índice acumula perda de 2,09%.
O principal índice da B3 seguiu o otimismo em Wall Street. Os índices americanos Dow Jones e S&P 500 avançaram 0,52% e 1,05%, respectivamente. E o Nasdaq teve alta de 1,71%.
A fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed) que reforça o apoio incondicional do banco central americano na recuperação econômica dos EUA contribuiu com o otimismo lá fora, apesar dos riscos da segunda-onda de covid-19.
O dólar comercial fechou em alta de 1,26%, cotado a R$ 5,468. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,49.
O dólar se valorizou em relação às principais moedas. De um lado, a busca por segurança desencadeada ontem no mercado ainda não se dissipou, apesar dos ganhos nas bolsas de Nova York. Por outro, o aumento dos novos casos de covid-19 na Europa e novas restrições no Reino Unido enfraqueceram o euro e a libra.
As commodities tiveram desempenho positivo durante o dia mas viraram para a queda no fechamento. Os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) recuaram 0,48%. Enquanto as ações ordinárias da companhia (PETR3) caíram 0,05%.
E as ações da Vale (VALE3) fecharam em leve alta de 0,12%, apesar da queda do minério de ferro negociado no porto chinês de Qingadao, de 2,10%, a US$ 117,30 a tonelada nesta terça-feira (22).
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Pesou no cenário interno a preocupação com o risco fiscal e a capacidade do Tesouro de honrar compromissos.
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF) afirmou hoje que o Brasil respondeu à crise da covid-19 com “uma grande expansão fiscal”, maior do que outros emergentes e comparável a alguns desenvolvidos.
O mercado também repercutiu a ata do Copom que reitera a estabilidade nos juros e a intenção de não aumentar a taxa Selic até 2022.
Os investidores também ficaram atentos a discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU. O mandatário falou sobre uma campanha de desinformação que impacta o agronegócio brasileiro, fortalecida na atenção internacional a incêndios e desmatamento de biomas. Contudo, a fala de Bolsonaro foi pano de fundo para o mercado financeiro que ainda está preocupado com o risco fiscal.
Destaques da Bolsa
Entre os destaques positivos do dia estavam IRB (IRBR3), com alta de 6,28%. Seguida do MRV (MRVE3), as ações da companhia valorizaram 3,73%.
Subiu também a CSN (CSNA3) que avançou 3,39%. Os papéis da companhia tiveram forte alta com o IPO da controlada CSN Mineração que foi aprovado.
No lado oposto, a B2W (BTOW3) puxou as quedas do dia com baixa de 3,80%. Seguida da Embraer (EMBR3) com desvalorização de 2,83%. Recuaram também Suzano (SUZB3) e JBS (JBSS3) que caíram 2,39% e 2,13%, respectivamente.
Bolsas americanas
As bolsas de Nova York fecharam em alta nesta terça-feira (22) após abertura semanal em baixa. Os setores de tecnologia e serviços de comunicação foram responsáveis por alguns dos principais ganhos na sessão. Os reforços ao longo do dia à adoção de estímulos fiscais pelo presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e pelo secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin, auxiliaram nas altas.
O índice Dow Jones fechou em alta de 0,52%, em 27.288,18 pontos. O S&P 500 avançou 1,05%, a 3.315,57 pontos, e o Nasdaq subiu 1,71%, a 10.963,64 pontos.
Em audiência no Congresso dos EUA, Powell renovou compromisso para usar todos os instrumentos necessários para a superação da crise provocada pela covid-19. O banqueiro central reiterou que os juros devem ficar baixos por um bom tempo e argumentou que a economia precisa de novas medidas de estímulos fiscais. Por sua vez, Mnuchin reiterou que a Casa Branca está em busca de um acordo no Legislativo para um pacote de auxílios.
A Capital Economics avaliou que as quedas recentes no mercado acionário estão ligadas “às chances de fracasso de outra rodada de apoio fiscal nos EUA em breve”. As baixas nos últimos dias estiveram mais relacionadas a fatores técnicos do mercado do que a preocupações com perspectivas econômicas, afirma a consultoria.
Na percepção da Capital Economics, a volatilidade das ações que caíram por conta de notícias negativas sobre coronavírus também pode representar alta em caso de melhora no cenário: “Na medida em que foram motivados por preocupações com o aumento do número de casos e novas restrições, parece razoável para nós esperar que eles diminuam quando esses números começarem a cair novamente – e ainda mais se e quando uma vacina segura e eficaz eventualmente tornar-se amplamente disponível”.
O setor de tecnologia teve grandes altas na sessão de hoje, após alguns dias de perdas, no que na última semana chegou a ser chamado de “Techxit” pelo Commerzbank. A Capital Economics avalia que “deixando de lado as movimentações de agosto, argumentamos contra a ideia de que os preços das ações das maiores empresas de tecnologia em geral estão excessivamente inflados”. A Amazon registrou alta de 5,69% no dia, acompanhada por Twitter (+7,09%), Alphabet (2,08%) e Apple (1,57%).
O Facebook teve alta de 2,66%, em um dia marcado pela notícia de que a rede social pode intervir nos conteúdos em sua plataforma caso haja situações de violência seguindo os resultados das eleições presidenciais dos EUA.
Pelo lado negativo, as bolsas foram pressionadas pelo setor financeiro, com quedas de bancos como Goldman Sachs (-1,23%), JPMorgan (-1,09%) e Morgan Stanley (-1,51%). O setor tem sido pressionado após o BuzzFeed e o ICIJ mostrarem que esquemas de lavagem de dinheiro envolvendo grandes bancos movimentaram mais de US$ 2 trilhões nas últimas duas décadas.
*Com Estadão Conteúdo