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Bolsa fecha em queda de 0,49% com Trump e adiamento do Renda Cidadã

Mal saiu do hospital, Trump causou estragos; no Brasil Renda Cidadã fica sem rumo até eleições municipais

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A bolsa de valores operava em alta nesta terça-feira (6) mas virou para a queda com forte estímulo externo. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em baixa de 0,49% aos 95.615 pontos.

O presidente dos EUA, Donald Trump travou as negociações do pacote trilionário de estímulos econômicos e defendeu no Twitter que estes só serão aprovados após ele ser eleito para um segundo mandato. Com a notícia as bolsas americanas fecharam em queda generalizada. Dow Jones cedeu 1,34%, S&P 500 recuou 1,40% e Nasdaq caiu 1,57%.

Impactou também no pessimismo do cenário externo o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, que apontou que a recuperação dos EUA está longe de acontecer. E pode até agravar se a covid-19 não for controlada.

O dólar à vista operava com forte desvalorização mas virou para alta no período da tarde seguindo incerteza do cenário externo.

O dólar comercial fechou em alta de 0,52%, cotado a R$ 5,595. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,484.

O dólar teve dia de forte volatilidade. Caiu a R$ 5,48 pela manhã e foi a R$ 5,61 no final da tarde. Mais cedo, a trégua acertada entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ajudou a fortalecer o real, mas nos negócios da tarde foi o noticiário externo que ditou o ritmo das cotações. Primeiro veio o alerta do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a necessidade de estímulos fiscais para reaquecer a economia americana, que está perdendo fôlego. Em seguida, o dólar voltou a superar R$ 5,60 quando Donald Trump anunciou ter instruído os republicanos a pararem as negociações para o pacote emergencial até depois das eleições.

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No cenário doméstico, os investidores chegaram a relaxar com reaproximação entre Rodrigo Maia e Paulo Guedes como gesto conciliador. Contudo, a paz acabou quando circulou a notícia de que Bolsonaro não pretende apoiar medidas polêmicas antes das eleições municipais. Adiando mais uma vez o anúncio do Renda Cidadã.

Destaques da Bolsa

O destaque negativo do dia foi do IRB Brasil (IRBR3) que despencou 17,11%. Apesar de subir quase 60% nos últimos dez pregões os papéis da companhia desabaram com recomendação de venda do UBS BB e preço-alvo de R$ 4,60. Segundo o banco vai demorar para que a resseguradora recupere a sua lucratividade.

Recuaram também Marfrig (MRFG3) e B3 (B3SA3) com queda de 3,65% e 3,57%, respectivamente.

Entre os destaques positivos subiram CVC Brasil (CVCB3) com alta de 9,34%. Além de Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) que avançaram 7,30% e 6,50%, respectivamente. O setor aéreo foi estimulado com expectativa em torno da vacina. Ontem a Gol também divulgou seus dados de tráfego em setembro com forte recuperação.

Bolsas americanas

Os mercados acionários de Nova York tiveram sessão volátil nesta terça-feira, 6. Após uma abertura mista, os índices perderam fôlego em meio ao discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, mas chegaram a se firmar em alta no meio da tarde. Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeitar acordo com a oposição por mais estímulos fiscais, porém, o quadro piorou.

O índice Dow Jones fechou em baixa de 1,34%, em 27.772,76 pontos, o S&P 500 recuou 1,40%, a 3.360,97 pontos, e o Nasdaq caiu 1,57%, a 11.154,60 pontos.

Após terem subido ontem, as bolsas mostravam pouco fôlego desde o início do dia, à espera de declarações de Powell. O presidente do Fed reafirmou a postura favorável a estímulos do BC e pediu mais estímulos fiscais, porém os índices acionários perderam um pouco de força em meio a suas declarações, ainda sem sinal único. Já mais para o fim da tarde, houve piora e mínimas no dia, após Trump rejeitar o diálogo com os democratas, dizendo que pretende aprovar estímulos fiscais apenas após a eleição presidencial de 3 de novembro.

Ações de gigantes do setor de tecnologia também contribuíram para o recuo de hoje. Além da declaração de Trump, pesou nesse caso relatos da imprensa americana de que deputados da Câmara dos Representantes poderiam recomendar restrições a seus negócios, inclusive potencialmente a divisão dessas empresas. Facebook fechou em baixa de 2,26%, Apple caiu 2,87%, mesmo em meio à notícia de que pode anunciar o novo Iphone em 13 de outubro, Alphabet cedeu 2,15% e Amazon, 3,10%.

Já o papel da Boeing caiu 6,81%, após a fabricante de aviões informar que projeta impacto da pandemia no setor que pode somar US$ 200 bilhões em uma década. General Electric fechou em baixa de 3,74%, após ela ter dito que recebeu notificação da Securities and Exchange Commission (SEC) relacionada a seus práticas de reconhecimento de receita, com potenciais violações.

A Pantheon comenta que os casos da covid-19 mostram certa estabilização nos EUA “por ora”, mas diz que as altas taxas de positivos nos testes em muitos Estados significam que ainda há riscos altos. Para a consultoria, sem estímulo fiscal “muito em breve”, aumenta o risco de que a economia americana sofra com estagnação ou mesmo passe a contrair.

*Com Estadão Conteúdo

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