Finanças

Bolsa fecha nos 107 mil pontos, maior patamar desde 21 de fevereiro

Petrobras, Vale e siderúrgicas seguraram os ganhos do índice

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Dia de realização de ganhos a nível global após forte valorização nos mercados na segunda-feira (16) com a notícia de que a vacina da Moderna atingiu 94,5% de eficácia. O avanço de novos casos de coronavírus voltou a ficar no radar dos investidores e o Ibovespa e S&P 500 quase ameaçaram parar de respirar. No entanto, o índice brasileiro se manteve no positivo e foi na contramão dos mercados globais.

O Ibovespa fechou em alta de 0,77% aos 107.248 pontos nesta terça-feira (17). Este foi o maior patamar do índice desde o dia 21 de fevereiro quando a bolsa fechou nos 113.681,42 pontos.

Durante o dia, o Ibovespa quase encostou nos 108 mil pontos puxado pelo desempenho das commodities. As ações da Petrobras, Vale e siderúrgicas sustentaram os ganhos. Facilitou também a entrada de investidores estrangeiros após a safra de balanços do terceiro trimestre.

As ações da Petrobras (PETR4;PETR3) fecharam em alta de 1,72% e 1,13%, respectivamente. Estas acompanharam a alta nos preços do petróleo internacional. O WTI para dezembro fechou em alta de 0,27%, cotado a US$ 41,45 o barril, enquanto o Brent para janeiro avançou 0,11%, cotado a US$ 43,87 o barril.

Os papéis da Vale (VALE3) avançaram 3,16%, repercutindo a alta dos futuros do minério de ferro e do aço na China.

Apesar da recuperação em relação às mínimas do ano, quando se aproximou dos 60 mil pontos, o Ibovespa ainda está distante da máxima histórica intraday de quase 120 mil pontos que rondou em janeiro.

Nos Estados Unidos, as bolsas americanas abriram em forte queda mas amenizaram as perdas durante a tarde. Dow Jones recuou 0,56%, o S&P 500 caiu 0,43% e na Nasdaq teve baixa de 0,21%,

Na Europa também foi um dia de incertezas, as bolsas fecharam mistas. A maior queda foi da Bolsa de Londres que fechou em baixa de 0,87%, aos 6.365,33 pontos.

O dólar fechou na mínima em dois meses frente ao real nesta terça-feira, com a moeda brasileira exibindo o melhor desempenho global nesta sessão, amparada por expectativas de suporte do Banco Central, em meio a um dia amplamente positivo para ativos brasileiros.

O dólar comercial fechou em queda de 1,97%, cotado a R$ 5,33. Este foi o menor patamar da moeda americana desde 17 de setembro. Na máxima do dia, o dólar comercial chegou a R$ 5,421.

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Destaques da Bolsa

A maior alta do dia foi da CVC (CVCB3) que valorizou 9,21%, seguida de Hypera (HYPE3) e Engie (EGIE3) que avançaram 7,51% e 4,88%, respectivamente.

No lado oposto do índice recuaram: MRV (MRVE3) com queda de 3,64%, Suzano (SUZB3) desvalorizou 3,37% e Intermédica (GNDI3) caiu 2,95%.

No terceiro trimestre de 2020 a Intermédica teve lucro de R$ 197 milhões, quase o dobro do que em 2019, impulsionada por aumento de beneficiários e leitos ao longo deste ano. Contudo, apesar do bom resultado as ações da companhia despencaram.

Ainda no cenário corporativo Murilo Breder, analista da Easynvest, destaca o desempenho da Linx (LINX3) que fechou em alta de 2,94%. Os acionistas da companhia se reúnem hoje em assembleia para decidir sobre a incorporação de ações pela Stone.

Hoje a companhia StoneCo elevou a sua oferta em dinheiro para a aquisição da Linx. Houve também uma oferta por parte da rival Totvs (TOTS3), mas não será votada nesta terça-feira. As ações da TOTS3 caíram 1,31% pela grande possibilidade de perder a disputa.

No setor financeiro, o Banco Santander (SANB11) aprovou um estudo para separar as participações acionárias da Getnet, responsável pela maquininha. A ideia é fazer uma cisão parcial semelhante a processos como Itaú-XP, Bradesco-Next, entre outros. A próxima a entrar na fila será a corretora Ágora.

Segundo Breder aparentemente os bancos tradicionais descobriram uma forma de destravar valor, como parte da estratégia de competição contra bancos digitais e fintechs. “Isso vai acelerar com a introdução do PIX e o open banking, além dos hábitos digitais dos clientes que foram intensificados na pandemia”, avalia.

As ações do Santander (SANB11) fecharam em alta de 1,85%.

Bolsas americanas

Os principais índices de ações dos Estados Unidos recuaram nesta terça-feira de máximas recordes de fechamento, encerrando esta sessão em baixa, com o salto de novos casos de Covid-19, a crescente ameaça de uma nova rodada de fechamentos de negócios e dados fracos de vendas no varejo amortecendo a euforia gerada por potenciais progressos sobre vacinas.

A queda das bolsas de valores representou uma reversão do rali de segunda-feira, em que o Dow, índice de blue-chips, alcançou sua primeira máxima recorde desde antes da pandemia.

As perdas no Nasdaq foram contidas pela disparada nas ações da Tesla Inc.

Segundo dados preliminares, o Dow Jones caiu 0,56%, para 29.783,75 pontos, o S&P 500 teve queda de 0,43%, para 3.609,59 pontos, e o Nasdaq Composite fechou em baixa de 0,21%, para 11.899,34 pontos.

Bolsas na Europa

As bolsas da Europa fecharam na maioria em baixa nesta terça-feira (17), à medida que a euforia dos mercados se dissipou, depois dos fortes avanços da véspera diante da notícia sobre a vacina da Moderna. Investidores estão atentos a números e efeitos negativos da pandemia de covid-19, ao mesmo tempo que a cobrança por respostas fiscais dos países fica evidente nos projetos de orçamento de 2021. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 0,24%, aos 388,82 pontos.

Na segunda-feira, o anúncio da eficácia de 94,5% da vacina da Moderna animou os mercados, ante a expectativa de retomada econômica. A busca por risco acabou desaguando em uma realização de lucros hoje, também diante da falta de um driver sobre o imunizante. A realidade é de que os países do continente já estendem períodos de medidas de restrição, enquanto os números de casos e mortos aumentam.

No período da manhã, de acordo com o monitoramento da Universidade Johns Hopkins, o mundo chegou a 55 milhões de casos confirmados da doença. Há sinais claros de segunda onda em diversos países – e a pressão por gastos se amplia.

Na Itália, o Conselho de Ministros aprovou 38 bilhões de euros a mais no orçamento de 2021 como resposta à pandemia.

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel afirmou que a situação “ainda é grave”. O país registrou mais de 14 mil contaminações da segunda-feira para a terça. Em Frankfurt, o DAX fechou em 13.133,47 pontos (-0,04%).

Em Londres, as ações da EasyJet cederam 1,93%, em dia que a empresa divulgou um balanço negativo e os temores com o novo coronavírus se ampliaram – o setor aéreo é um dos mais prejudicados pela pandemia. O FTSE fechou em baixa de 0,87%, aos 6.365,33 pontos.

A queda do índice londrino foi superada, entre as principais bolsas europeias, apenas pelo PSI 20 lisboeta, que recuou 1,37%, para 4.365,66 pontos.

O forte noticiário do setor bancário pesou no índice IBEX 35. Envolvido em uma fusão, o BBVA teve baixa de 4,40% em suas ações em Madri. Já o Sabadell, a outra parte das tratativas, teve alta de 6,75% nos seus papéis. O índice IBEX 35 fechou em baixa 0,65%, aos 7.934,30 pontos.

Na contramão, na Itália, o FTSE MIB subiu aos 21.435,11 pontos (+0,55%), com força do setor financeiro. As principais altas foram de Mediobanca (3,19%) e Banco BPM (+2,58%).

Em Paris, o CAC 40 avançou aos 5.483,00 pontos (+0,21%), com destaque para o desempenho do Carrefour (+2,30%).

O mercado seguiu monitorando também o bloqueio, na segunda-feira, por Hungria e Polônia, da adoção do orçamento 2021-2027 e do fundo de recuperação pelos governos da União Europeia. A estratégia, encabeçada por Merkel e o presidente da França, Emmanuel Macron, é vista como uma saída para o bloco contentar se desvencilhar da crise trazida pela covid-19.

Os países que votaram contra se incomodam com a cláusula que torna o acesso ao dinheiro condicionado ao respeito pelo Estado de Direito.

*Com Estadão Conteúdo e Reuters 

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