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Bolsa fecha nos 113 mil pontos com novos ruídos sobre cenário fiscal brasileiro

O Ibovespa chegou a despencar 2 mil pontos em apenas 20 minutos após notícias sobre o Orçamento de 2021

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Após cinco semanas consecutivas de valorização, o Ibovespa conseguiu superar os 114 mil pontos nesta segunda-feira (7), mas perdeu os ganhos no final do pregão por preocupações com as contas públicas, com a notícia de que as despesas financiadas com receita vinculadas ficarão fora do teto de gastos por um ano.

O mercado recebeu muito mal a informação, interpretando como mais uma tentativa de furar o teto de gastos. O Ibovespa chegou a despencar 2 mil pontos em apenas 20 minutos com a notícia.

Segundo a informação divulgada pelo Broadcast Estadão, a proposta de abrir caminho para despesas fora do teto de gastos consta na minuta do substitutivo da PEC Emergencial enviada hoje pelo senador Márcio Bittar (MDB-AC). Contudo, a notícia caiu minutos depois no esquecimento ao ser desmentida pelo relator da PEC e com o Ministério da Economia refutando qualquer flexibilização do teto, mesmo que de forma temporária..

O Ibovespa fechou em queda de 0,14% aos 113.589,77 pontos.

No cenário doméstico, impulsionaram os ganhos do índice durante o dia: a decisão do Supremo Tribunal Federal de banir a reeleição dos líderes da Câmara e o Senado; o maior fluxo de dólar no país e o anúncio de João Dória de que a vacinação inicia no dia 25 de janeiro em São Paulo, apesar do receio da Anvisa.

No cenário externo, foi um dia de pessimismo com aumento de casos de coronavírus nos Estados Unidos. Segundo dados da Universidade John Hopkins, os casos ultrapassaram 14,5 milhões no país e as mortes somaram 281.799.

Wall Street também foi contaminada pela demora na aprovação dos estímulos fiscais, o impasse sem fim entre republicanos e democratas desanima os mercados. O S&P 500 fechou em queda de 0,20% e Dow Jones desvalorizou 0,49%.

Na contramão, o índice Nasdaq fechou em máxima recorde, com ganhos de 0,45%. Os investidores compraram ações de crescimento de mega-caps, mesmo com uma nova rodada de restrições à Covid-19 ressaltando o contínuo impacto econômico da pandemia nos EUA.

Na Europa também foi um dia ruim, todas as bolsas fecharam em queda com exceção da bolsa de Londres, que teve alta modesta de 0,08% aos 6.555,39 pontos, ainda repercutindo o início da vacinação no Reino Unido.

O dólar fechou estável contra o real nesta segunda-feira, conforme uma onda de compras perto do fim da sessão tirou a moeda da rota de mínimas em quase seis meses, com o mercado adotando postura mais defensiva em meio a receios de ordem fiscal.

O dólar comercial fechou cotado a R$ 5,123, com desvalorização de 0,02%. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,170.

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Destaques da Bolsa

A maior alta do dia foi da B2W (BTOW3) que avançou 7,73%. Segundo Murilo Breder, analista da Easynvest, a companhia que estava sofrendo com a rotação de setores e números operacionais abaixo dos concorrentes finalmente se recuperou nesta segunda-feira.

Subiram também IRB Brasil (IRBR3) que valorizou 6,82%, seguida de Cemig (CMIG4) com alta de 4,50%.

Ainda entre os destaques positivos, a Gol (GOLL4) avançou 3,29% após a notícia de uma nova proposta para incorporar as ações da Smiles. A companhia aérea informou hoje que o mês de novembro foi o primeiro de geração líquida desde o começo da pandemia, no patamar diário de R$ 3 milhões.

No lado oposto do Ibovespa recuaram: Cosan (CSAN3) que caiu 5,95%, seguida de Rumo (RAIL3) e Localiza (RENT3) que desvalorizaram 3,20% e 3,07%, respectivamente.

Boletim Focus

Com a adoção da bandeira vermelha nas contas de energia elétrica em dezembro, os economistas do mercado financeiro alteraram de forma relevante a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de preços em 2020. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira (7), pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 3,54% para 4,21%.

Outras projeções:

  • PIB (Produto Interno Bruto): a expectativa para a economia este ano passou de retração de 4,50% para queda de 4,40%;
  • Selic (a taxa básica da economia): seguiu em 2,00% ao ano;
  • Câmbio: a mediana das expectativas para o câmbio no fim do ano foi de R$ 5,36 para R$ 5,22;

Bolsas Americanas

 O índice Nasdaq fechou em máxima recorde nesta segunda-feira, depois que investidores compraram ações de crescimento de mega-caps, mesmo com uma nova rodada de restrições à Covid-19 ressaltando o contínuo impacto econômico da pandemia nos Estados Unidos.

O Nasdaq, índice com forte peso de papéis tecnológicos, fechou em uma máxima recorde, com vários de seus maiores integrantes, incluindo Apple e Facebook Inc, em alta. Ainda assim, um declínio em nomes como Alphabet e Microsoft conteve os índices.

Segundo dados preliminares, o índice Dow Jones teve queda de 0,5%, aos 30.068,67 pontos, o S&P 500 perdeu 0,17%, aos 3.692,72 pontos, e o Nasdaq registrou alta de 0,45%, aos 12.520,25 pontos.

Bolsas na Europa

As bolsas da Europa fecharam na maioria em baixa nesta segunda-feira (7), com o avanço da covid-19 e as negociações pelo Brexit no radar. O contínuo patamar alto da doença, levando a novos lockdowns, traz pessimismo quanto a uma rápida recuperação econômica, afetando ações como as de petroleiras. Em momento decisivo, a negociação pela saída do Reino Unido da União Europeia trouxe especial volatilidade à bolsa de Londres. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 0,30%, a 392,84 pontos.

A indefinição em torno do Brexit pesa nos mercados, sobretudo após o The Sun informar que o premiê britânico, Boris Johnson, pode desistir das negociações caso um consenso não seja alcançado até hoje. Ao longo do dia, o FTSE em Londres oscilou na medida em que apareciam notícias sobre o tema. Ao final da sessão, o índice fechou em alta de 0,08%, a 6.555,39, com expectativas pelo resultado do telefonema entre Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, além do foco no início da vacinação da covid-19 no Reino Unido.

Outro ponto indutor de cautela é a segunda onda da covid-19 e a iminência de novos lockdowns para contê-la. Ontem, a região da Baviera, na Alemanha, anunciou o endurecimento de medidas restritivas. Portugal, por sua vez, ultrapassou hoje a marca simbólica de 5 mil mortos pela doença. O Fórum Econômico Mundial, realizado tradicionalmente em Davos, na Suíça, anunciou que sua versão de 2021 será em Cingapura, em virtude dos avanços da doença na Europa.

A cautela levou petroleiras a operarem em baixa ao redor do continente. BP (-1,14%), Repsol (-0,70%), Galp (-1,97%) pressionaram alguns índices. A queda de 1,39% da Total, em Paris, ajudou o CAC 40 a ter o pior desempenho entre as principais bolsas, recuando 0,64%, a 5.573,38 pontos.

Com desempenho ligado ao avanço do vírus e à mobilidade, a Lufthansa teve baixa de 0,40% em Frankfurt, ajudando na queda de 0,21% do DAX, a 13.271,00 pontos. Em Madri, a Inditex, que controla a Zara, teve queda de 0,50%, e ajudou a pressionar o IBEX 35, que teve baixa de 0,57%, a 8.275,60 pontos.

Em Milão, o setor financeiro teve algumas das quedas mais importantes, com Unicredit (-1,18%) e Mediobanca (-1,25%) recuando. O FTSE MIB teve baixa de 0,32%, a 5.573,38 pontos. Já em Lisboa, em meio ao noticiário sobre socorros bancários, o BCP Millenium fechou em alta de 0,57% e ajudou o PSI 20 a terminar o pregão com leve avanço, de 0,02%, a 4.703,77 pontos.

*Com Estadão Conteúdo e Reuters

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