Finanças
Bolsa encosta nos 124 mil pontos; dólar tem maior queda em 2 anos e meio
Mercado doméstico debate se chegou a hora do BC normalizar a política monetária
Após um dia de forte oscilação nos mercados, o Ibovespa encerrou as negociações desta terça-feira (12) no azul, o índice recuperou o seu fôlego no final da tarde puxado por bancos e encostou nos 124 mil pontos. A bolsa brasileira fechou em alta de 0,60% aos 123.998 pontos.
O índice da B3 conseguiu segurar os ganhos mesmo com o dólar derrubando as ações de Petrobras (PETR4) e PetroRio (PRIO3) que fecharam em queda de 0,16% e 2,16%, respectivamente.
As companhias valorizaram durante o dia repercutindo a alta nos contratos futuros de petróleo, que avançaram em um cenário de fraqueza do dólar. No entanto, inverteram o sinal com fala do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco sobre não repassar o preço do petróleo internacional aos combustíveis.
Nos últimos dias, a commoditie atingiu o maior nível dos últimos 11 meses. O fato da Arábia Saudita ter anunciado corte voluntário em sua produção impulsionou esta valorização, o mercado enxergou isso como um sinal importante para equilibrar a oferta e demanda.
O petróleo Brent para março avançou 1,65%, cotado a US$ 56,58 o barril. Enquanto o petróleo WTI para fevereiro fechou em alta de 1,84%, em US$ 53,21 o barril.
No cenário doméstico, a proximidade da vacina anima os investidores que foram às compras de ações ainda “descontadas”, o que facilitou a retomada do índice.
O mercado repercutiu a eficácia global da vacina Coronavac de 50,38%, embora menor do que o recorte inicial de 78%, a taxa é superior a exigência mínima de 50% da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não deve impedir a aprovação do imunizante.
No cenário externo, também foi um dia de forte oscilação mas as bolsas americanas fecharam em leve alta de olho na recuperação econômica em 2021. O índice S&P 500 subiu 0,04%, puxado pelo desempenho de small caps, enquanto Dow Jones avançou 0,19%, aos 31.068,69 pontos e o Nasdaq valorizou 0,28%, aos 13.072,43 pontos.
O dia em Wall Street, também foi marcado com temores sobre possíveis tensões políticas na posse de Joe Biden e na espera do impeachment do presidente Donald Trump. A votação do processo pode ocorrer até a quarta-feira (13).
Os investidores também aguardam a safra de balanços que começa na sexta-feira, com expectativas para o setor bancário.
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Por aqui, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,35% em dezembro, após alta de 0,89% no mês anterior. O mercado doméstico debate se o Banco Central será forçado a antecipar a normalização da política monetária, que estava prevista inicialmente para agosto.
O dólar atingiu sua mínima em dois anos e meio nesta terça-feira (12), puxado por um movimento de realização de lucros no exterior e a fala de Bruno Serra, diretor de Política Monetária do Banco Central. Ele afirmou que os juros de 2% não são para situações normais no Brasil e que é natural imaginar que o “estímulo extraordinário” que o BC está concedendo à economia via política monetária será retirado de cena em algum momento.
Esta foi a maior queda percentual diária do dólar desde 8 de junho de 2018, quando recuou 5,59%.
O dólar comercial fechou em queda de 3,28%, cotado a R$ 5,3226. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,4929.
Acompanhe os preços das ações mais negociadas na B3
Destaques da Bolsa
A maior alta desta terça-feira foi da Embraer (EMBR3) que saltou 7,90%. Foi um dia positivo para o setor aéreo beneficiado pelo fluxo comprador dos investidores que optaram por companhias consideradas descontadas.
Subiram também os papéis do Carrefour (CRFB3) e Rumo (RAIL3), que valorizaram 6,05% e 5,29%, respectivamente.
No lado oposto do Ibovespa, a Copel (CPLE6) foi a maior queda do dia, a companhia recuou 3,23% diante de preocupações do mercado com a sua governança corporativa. Na sexta-feira (8), a Copel anunciou que estava avaliando a distribuição de dividendos extraordinários após o pedido de um controlador, o governo do Paraná, de entregar os melhores proventos em 2021.
Em movimento de realização de lucros, caíram também a Gerdau (GGBR4) e NotreDame Intermédica (GNDI3) que cederam 2,76% e 2,74%, respectivamente.
Bolsas americanas
As bolsas de Nova York fecharam o pregão desta terça-feira (12), em alta, em um movimento de recuperação das perdas registradas no pregão de segunda-feira, mas ações dos setores de tecnologia e comunicações limitaram os ganhos dos índices acionários. No radar dos investidores, está a crise política em Washington, onde o Partido Democrata avança com um novo processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após apoiadores do republicano invadirem o Congresso na semana passada.
O Dow Jones subiu 0,19%, a 31.068,69 pontos, o S&P 500 avançou 0,04%, a 3.801,19 pontos, e o Nasdaq ganhou 0,28%, a 13.072,43 pontos.
De acordo com o analista Boris Schlossberg, da BK Asset Management, um dos motivos para a realização de lucros recente no mercado acionário americano é a alta nos juros dos Treasuries, diante das perspectivas de mais expansão fiscal. “Os rendimentos dos títulos permanecem minúsculos, mas nos mercados de capitais a ação é sempre relativa e não absoluta e, dado o salto nos rendimentos, as avaliações altíssimas nas ações podem precisar se reduzidas”, explica.
O líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, reafirmou nesta terça que os congressistas apreciarão um projeto para elevar os pagamentos diretos do pacote fiscal de US$ 600 a US$ 2 mil. Como o partido de Joe Biden garantiu o controle da Casa com duas vitórias na Geórgia, Schumer substituirá Mitch McConnell como líder da maioria.
No S&P 500, o subíndice do setor de energia liderou os ganhos (+3,5%) e o do setor de comunicações foi o que mais recuou (-1,5%). As ações da Chevron subiram 1,90%, a US$ 93,34, enquanto as da Apple cederam 0,14%, a US$ 128,80.
Os papéis da Boeing avançaram 0,78%, a US$ 208,41, mesmo depois de a fabricante de aviões informar que entregou apenas 84 aeronaves de passageiros às companhias aéreas em 2020, uma queda de quase 90% em relação ao pico em 2018.
As ações da Ford, que anunciou na segunda o fim da produção no Brasil, subiram 5,18%, a US$ 9,78. Na avaliação do Goldman Sachs, a reestruturação da montadora na América Latina tem o potencial de desvalorizar a ação. O banco americano projeta um preço-alvo de US$ 9,00 para o papel em 12 meses.
A General Motors (GM), por sua vez, saltou 6,22%, a US$ 47,81, após anunciar um novo negócio, chamado BrightDrop, para oferecer um “ecossistema” de produtos elétricos, software e serviços para ajudar as empresas de entrega a transportar mercadorias com mais eficiência.
Os investidores acompanham, ainda, os desdobramentos da crise política em Washington. A Câmara dos Representantes deve votar ainda nesta terça-feira uma resolução pedindo ao vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que acione a 25ª emenda da Constituição para destituir Trump do cargo. Se não houver ação de Pence, os democratas devem prosseguir com o impeachment.
Bolsas europeias
Os principais índices acionários das bolsas europeias fecharam sem direção única nesta terça-feira (12), pressionados pelo crescente número de casos e mortes por covid-19 no continente e pelas restrições adotadas por governos para frear o vírus. Após firmarem perdas, os mercados da Europa ganharam fôlego, seguindo as bolsas de Nova York perto do fim do pregão, de olho na crise política que envolve a possível deposição de Donald Trump da presidência dos Estados Unidos.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 0,05%, a 408,61 pontos.
O recrudescimento da pandemia de coronavírus segue como o principal driver dos mercados, e investidores acompanham preocupados a adoção de novos bloqueios e restrições à circulação para conter o avanço da covid-19.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, cogitou nesta terça que serão necessárias mais “8 a 10 semanas” de lockdown para diminuir a disseminação do vírus.
O índice Dax, de Frankfurt, fechou em baixa de 0,08%, a 13.925,06 pontos, após sustentar ganho modesto ao longo da maior parte do pregão. O setor automotivo foi destaque na bolsa alemã nesta terça, com bons desempenhos da Continental (+3,44%), Daimler (+1,43%) e BMW (+0,91%).
Em Londres, principal mercado da Europa, o sentimento foi de maior cautela. O índice FTSE 100 fechou na maior queda do dia, de 0,65%, a 6.754,11 pontos.
Contribuiu para pressionar o índice a fala do presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, que afirmou que ainda é cedo para discutir a adoção de mais estímulos à economia britânica, em webinar promovido pela Câmara de Comércio da Escócia. Bailey projetou que os próximos meses serão “muito difíceis” no Reino Unido, por causa da pandemia.
Já na Itália, a possibilidade de renúncia do premiê Giuseppe Conte tem sido observada por investidores. Segundo a Eurasia, em relatório enviado a clientes, é provável que uma crise política se inicie no país, culminando na saída do atual primeiro-ministro. O índice FTSE MIB, de Milão, fechou em baixa de 0,33%, a 22.646,07 pontos.
O índice CAC 40, de Paris, fechou em baixa de 0,20%, em 5.650,97 pontos. A exemplo da bolsa alemã, o setor automotivo também sustentou bom desempenho na França nesta terça, impedindo uma queda ainda maior do índice. Renault e Peugeot estiveram entre as maiores altas do dia, de 1,64% e 3,13%, respectivamente.
Em Madri, o índice Ibex 35 recuou 0,14%, a 8.345,90 pontos. Enquanto ações de bancos impediram uma maior queda do índice, com destaques para o Banco de Sabadell (+4,94%), o setor de energia renovável registrou perdas, com a Siemens Gamesa com a maior baixa do dia, de 4,90%.
Por fim, o PSI 20 de Lisboa recuou 0,21%, a 5.126,95 pontos.
*Com Reuters e Agência Estado