Dólar cai para R$ 4,61; Ibovespa tem baixa com peso de Vale

O dólar fechou em queda sobre o real nesta quarta-feira (20), chegando à marca de R$ 4,60 na mínima do dia. Enquanto isso, o principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, recuou, com a reação de investidores aos dados operacionais de Vale (VALE3) e de olho na decisão sobre privatização da Eletrobras (ELET3, ELET6).

No dia, o dólar caiu 1,03%, a R$ 4,6194. Já o Ibovespa recuou 0,62%, aos 114.343 pontos.

O dólar vem se firmando em queda nos últimos meses, em um movimento guiado por fatores como a alta de juros no Brasil (que torna o mercado atraente para estrangeiros) e o aumento das commodities (que beneficia países exportadores desses itens, como o Brasil). Em 2022 até agora, o dólar já acumula queda de mais de 17% sobre o real.

O mercado observou ainda as indicações sobre a política monetária nos Estados Unidos. Nesta tarde, foi publicado o Livro Bege, um sumário de opiniões que embasa as decisões de política monetária do Fed. Segundo o documento, a maioria dos distritos norte-americanos espera que a pressão inflacionária no país siga nos próximos meses.

Investidores acompanham as avaliações do Fed sobre a inflação em busca de pistas sobre o ritmo da alta de juros nos Estados Unidos. Juros mais altos tendem a atrair investimentos ao país, o que pode motivar uma tendência de valorização do dólar.

Cenário da bolsa

Vale (VALE3) e siderúrgicas foram as principais responsáveis pela baixa do Ibovespa, após a mineradora divulgar prévia operacional e na sequência de balanço trimestral da Usiminas (USIM3, USIM5). B3 e JBS subiam na ponta oposta.

Na cena política, servidores do Banco Central aprovaram na véspera a suspensão da greve deflagrada no início do mês, mas continuarão trabalhando em regime de operação padrão, com paralisações parciais diárias.

Dados preliminares de vendas de varejistas de alimentos e expectativa para decisão no Tribunal de Contas da União (TCU) sobre privatização da Eletrobras também movimentaram a sessão.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, destaca o peso de Vale no índice e diz que o Ibovespa está sentindo também efeito do feriado na quinta-feira (21), com investidores “não querendo se expor tanto”.

A bolsa brasileira permanecerá fechada na quinta-feira devido ao feriado de Tiradentes, com os negócios voltando na sexta-feira.

Para Rob Correa, analista de investimentos, “o tom cauteloso do fechamento de hoje, que fez a bolsa retroceder aos 114 mil pontos, é resultado de uma fragilidade das principais ações que compõem o índice, como grandes mineradoras, frente a um contexto internacional turvo tendo em vista o conflito russo-ucraniano e o lockdown que atinge as cidades que abrigam principais portos chineses.”

“Além disso, podemos creditar a performance empobrecida do Ibovespa ao receio do mercado quanto ao fim do ciclo de alta de juros brasileiros, que afetará significativamente o influxo de capital estrangeiro no país, refletindo em uma instabilidade cambial”, acrescenta o analista.

Bolsas mundiais

Wall street

O índice Nasdaq, com forte peso de ações de tecnologia, fechou em baixa nesta quarta-feira, pressionado pela queda surpreendente de assinantes da gigante de streaming Netflix (NFLX34), o que abalou a confiança de investidores em outras empresas de alto crescimento, por receio de que possam enfrentar problemas semelhantes de desempenho no período pós-pandemia.

O índice S&P 500 fechou em queda de 0,06%, a 4.459,45 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite recuou 1,22%, a 13.453,07 pontos.

Por outro lado, o índice Dow Jones, de ações mais negociadas, subiu pelo segundo pregão consecutivo – alta de 0,71%, a 35.160,79 pontos. O índice teve suporte depois dos balanços da gigante de consumo Procter & Gamble e da empresa de TI IBM Corp. As ações das companhias subiram 2,7% e 7,1%, respectivamente

Europa

Uma série de balanços positivos, incluindo da fabricante de chips ASML e da Danone, ajudou as ações europeias a se recuperarem nesta quarta, embora as preocupações com a guerra entre Ucrânia e Rússia, a desaceleração do crescimento e o aumento dos rendimentos dos títulos tenham mantido os ganhos sob controle.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,84%, a 460,10 pontos, e recuperou todas as perdas de terça-feira. O STOXX 600 recua mais de 5% até agora neste ano, com as ações de tecnologia em baixa de 20%, enquanto papéis vinculados a commodities sobem na mesma medida por causa da alta dos preços desse tipo de produto.

• Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,37%, a 7.629,22 pontos.
• Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 1,47%, a 14.362,03 pontos.
• Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 1,38%, a 6.624,91 pontos.
• Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 1,03%, a 24.878,23 pontos.
• Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,87%, a 8.769,50 pontos.
• Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,28%, a 6.123,51 pontos.

Ásia e Pacífico

As ações da China fecharam em baixa nesta quarta-feira, depois que o banco central do país surpreendentemente manteve suas taxas de juros de referência inalteradas, apesar das frequentes promessas do governo de apoiar a economia em desaceleração, atingida pelo pior surto de Covid-19 em dois anos.

• Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,86%, a 27.217 pontos.
• Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,40%, a 20.944 pontos.
• Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 1,35%, a 3.151 pontos.
• O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 1,55%, a 4.070 pontos.
• Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,01%, a 2.718 pontos.
• Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,91%, a 17.148 pontos.
• Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,85%, a 3.335 pontos.
• Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,05%, a 7.569 pontos.

* Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo.

Veja também

• Devagar se vai ao lucro: por que analistas que demoram a mudar vão melhor
• Saque extra do FGTS é liberado, mas não deve ter efeito expressivo na economia
• Produção de minério de ferro da Vale cai 6% no 1º tri; vendas recuam 9,6%
• Eletrobras cai mais de 3% em meio às incertezas da privatização; o que esperar?