Finanças
Carteira de fundos imobiliários do Itaú BBA sofre impacto de Americanas
Alguns dos fundos possuem parte de suas receitas expostas ao risco de crédito da Americanas.
A carteira recomendada de fundos imobiliários do Itaú BBA recuou mais do que o índice de referência da B3 em janeiro, influenciada em parte pela exposição ao risco de crédito da Americanas (AMER3), que vive uma crise após revelar inconsistências contábeis de cerca de 20 bilhões de reais.
A varejista está em recuperação judicial, com dívidas que ultrapassam os R$ 40 bilhões, e trava disputas na Justiça com diversos credores. O caso vem tendo impactos diversos no mercado financeiro, desde disputas com grandes bancos até críticas por gestoras. Na véspera, por exemplo, a Verde Asset disse que foi “vítima de fraude”.
Em mais um desenrolar, o Itaú BBA disse em relatório a clientes nesta terça-feira que sua carteira recomendada de fundos imobiliários cedeu 2,02% no primeiro mês do ano, contra queda de 1,60% do Ifix, indicador do desempenho médio das cotações dos fundos imobiliários negociados na B3.
Os analistas Larissa Nappo e Marcelo Potenza disseram que o desempenho seguiu sendo impactado pela pressão na curva de juros. Adicionalmente, escreveram que “alguns dos fundos que recomendamos possuem parte de suas receitas expostas ao risco de crédito da Americanas“.
Eles disseram que os fundos envolvidos são o LVBI11, com 7% da receita imobiliária exposta à varejista, e PVBI11 e BRCO11, com exposição de 4% da receita imobiliária cada.
No relatório, o Itaú BBA afirmou que a Americanas segue pagando as obrigações mensais dos imóveis que ocupa e que a maior expectativa do mercado está relacionada ao próximo vencimento, em meados de fevereiro.
“Caso a Americanas não honre com seus pagamentos, os fundos que a possuem como locatária devem soltar fatos relevantes informando ao mercado e, a partir daí, outros cenários e outras estratégias devem ser tomados pelas equipes que tocam o dia a dia dos fundos”, escreveram.
Os analistas do Itaú ainda observaram que os imóveis ocupados pela Americanas e que estão em seu portfólio “possuem qualidade técnica e boas localizações, fatores que ajudam em uma possível reposição de locatários”.
O banco manteve sua perspectiva otimista para o mercado imobiliário no médio e longo prazos, mesmo considerando o atual patamar de juros, mas destacou que incertezas políticas e fiscais podem trazer volatilidade no curto prazo.
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