Finanças
Prévias de Cury, Direcional e Cyrela são destaques do 2º tri, dizem analistas
Companhias registraram crescimento de lançamentos e vendas no período.
Nesta semana, diversas construtoras listadas na bolsa brasileira, a B3, divulgaram suas prévias operacionais referentes ao segundo trimestre de 2021. Faltam ainda Tenda (TEND3), Trisul (TRIS3) e EzTec (EZTC3).
Os dados divulgados até o momento agradaram o mercado, em especial os números reportados por Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3), que atuam com imóveis para média e baixa renda, e Cyrela (CYRE3), que tem foco na alta renda.
Para Raul Grego, analista de fundos imobiliários e real estate da Eleven, casa que atua na cobertura de empresas do setor, Direcional e Cury apresentaram o melhor desempenho no segmento de baixa e média rendas, já que o preço médio dos imóveis lançados e vendidos subiu acima da inflação – ou seja, as empresas conseguiram repassar o aumento de custos do setor de construção aos clientes. “O que deve proteger a margem bruta dos resultados”.
Ygor Altero, analista de investimentos da XP, que também cobre companhias de construção, avaliou ainda que a Cury – atuante no grupo 3 do programa do governo Casa Verde e Amarela (pessoas com renda de até R$ 7.000 por mês) – conseguiu manter um ritmo forte de lançamento e vendas mesmo com uma base de comparação difícil, já que a empresa tem registrado recordes sequenciais.
“Tinha muito questionamento se a empresa manteria a velocidade de vendas ou se iria cair, mas não caiu, foi até maior do que estávamos esperando”, afirmou.
No segundo trimestre, a Cury registrou R$ 1,05 bilhão em lançamentos, alta de 53,9% ante o mesmo intervalo do ano passado. As vendas líquidas atingiram R$ 897,5 milhões, avanço de 31,5%.
Em contrapartida, Grego apontou que o preço de venda dos imóveis da Plano & Plano (PLPL3) , também voltada para o segmento de baixa renda, “subiu menos do que a inflação da construção (INCC), o que deve fazer que com que a empresa tenha uma perda de margem no segundo trimestre”, avaliou.
No segmento de alta renda, a Cyrela surpreendeu positivamente o mercado ao registrar R$ 1,6 bilhão em vendas líquidas, alta de 4% ante o mesmo período de 2021. Por outro lado, a venda sobre oferta (VSO) – total de imóveis comercializados em relação ao total disponível para a venda – atingiu 43,2% em 12 meses, abaixo da fatia de 55,4% do segundo trimestre do ano passado.
“Isso porque 50% dos lançamentos ocorreram no final do segundo trimestre, não deu tempo de ocorrer as vendas. No terceiro trimestre, a empresa deve reportar um aumento das vendas líquidas”, disse o analista da XP.
Em relatório, Carlos Peyrelongue e Aline Caldeira, analistas do Bank of America (BofA) afirmaram que a Cyrela é a preferida entre players de média/alta renda “devido à diversificação e mobilidade entre segmentos, assertividade de lançamentos em um ambiente desafiador e um momento de resultados ainda sólido, apesar das tendências operacionais já mais fracas”.
Hora de investir?
O fato é que mesmo diante de uma prévia operacional positiva, o índice IMOB, que reúne as empresas do setor negociadas na bolsa, acumula queda de 10,61% no ano. Em entrevista ao Boletim Investnews, Murilo Breder, analista de investimentos da NuInvest, avaliou que o recomendado é esperar um pouco mais para investir no setor– já que as companhias continuam “amassadas”.
“A gente já está de olho no possível fim do ciclo da alta de juros, mas é um cenário que ainda estamos esperando que aconteça”. Na prática, juros mais baixos ajudam a reduzir o custo do financiamento, o que atrai mais consumidores, além de uma inflação menor diminuir os custos das companhias do setor.
Para os investidores que decidirem investir em papéis do setor, Breder afirma que o resultado do segundo trimestre não é suficiente para tomar uma decisão de investimento de longo prazo e que o recomendado é buscar nomes de “qualidade”, como Cyrela, MRV e Direcional. Confira mais informações no vídeo abaixo:
Respiro?
O Senado Federal aprovou na última quarta-feira (13) a Medida Provisória 1.107 que amplia o prazo do financiamento imobiliário do programa Casa Verde e Amarela de 30 para para 35 anos. Além disso, será possível usar o depósito de 8% do salário que as empresas direcionam mensalmente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para abater nas parcelas do financiamento. Para entrar em vigor, o documento depende da sanção do presidente Jair Bolsonaro.
A XP Investimentos considerou a medida positiva para construtoras de baixa renda (Cury, MRV, Tenda, Direcional, Plano & Plano).”Todas as empresas de baixa renda serão beneficiadas, na nossa opinião, ajudando a recompor a rentabilidade do setor e impulsionando a retomada das contratações do programa Casa Verde Amarela (CVA)”.
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