Finanças
CVC dispara 17% após forte alta da véspera, em meio a crise da 123Milhas
Para analista, preços baixos praticados por empresas de descontos prejudicaram empresas do setor de turismo.
As ações da agência de turismo CVC (CVCB3) fecharam em forte alta nesta quarta-feira (30), após terem subido 6,36% na véspera, em meio à notícia do pedido de recuperação judicial da rede de pacotes de viagens 123Milhas.
Os papéis da CVC encerraram o dia em alta de 17,09%, negociados a R$ 2,74.
Após anunciar um processo de reestruturação do negócio, diante dos casos de cancelamento de pacotes de viagem já pagos pelos consumidores, a agência online de viagens 123Milhas deu entrada no processo de recuperação judicial da empresa. O pedido judicial foi impetrado na 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
A companhia estava na mira de órgãos de defesa do consumidor, além de ter tido os sócios da 123milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira, convocados para depor na CPI que investiga os casos de pirâmide financeira. O depoimento estava marcado para a tarde desta terça-feira, 29, a partir das 14h30.
De acordo com o pedido de recuperação judicial, a dívida acumulada pela empresa é de cerca de R$ 2,3 bilhões. O montante inclui as dívidas da companhia sujeitas à RJ, podendo haver ainda outros passivos que não entram nesse dispositivo legal.
Além da 123milhas, também assinam como requerentes a Nouvem, holding que detém 100% do controle da companhia, assim como a Art Viagens. A empresa é uma das principais fornecedoras da 123milhas e figura como garantidora em uma série de contratos/obrigações, ocupando, inclusive, a posição de devedora solidária.
Perspectivas para a CVC
Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, acredita que a CVC tem cerca chance de aumentar sua participação de mercado em meio à crise da 123Milhas, mas ressalta que a agência compete em um nicho diferente, que costuma consumir em lojas físicas e não pela internet.
“Acho difícil que ela vá abocanhar esse market share. Acho que esse pessoal que comprava na 123 Milhas e no Hurb vai passar a comprar direto no site das companhias aéreas, no site dos hotéis etc”.
Vitorio Galindo, analista da Quantzed.
Segundo ele, os preços baixos praticados pelas empresas de pacotes com descontos criaram um ambiente de competição ruim para o setor e teve impacto negativo sobre elas. No entanto, ele vê uma perspectiva de melhora nos números da CVC com base em seus fundamentos.
“No passado piorou, teve um aumento do prejuízo no terceiro trimestre, mas a companhia vem enxugando as despesas, vem focando mais no core dela, na questão dos pacotes, fretamento, etc. Então já tem uma margem melhor e menos competição do que ficar competindo por preço de passagem aérea”, afirmou.
*Colaborou Karina Trevizan.
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