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De olho em ETF da BlackRock, bitcoin segue acima dos US$ 30 mil

Especialistas comentam cenário positivo para a criptomoeda, mas batalha regulatória pode pesar.

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O bitcoin (BTC) segue em alta nesta quinta-feira (22), se sustentando acima de US$ 30 mil após ter passado desse patamar na véspera pela primeira vez em mais de dois meses. Especialistas citam entre os principais fatores de impulso para a criptomoeda a notícia sobre um pedido de ETF da BlackRock, além das perspectivas sobre os juros nos EUA. No entanto, dúvidas sobre regulação ainda podem pesar, alertam.

Somente nesta semana, o bitcoin já acumula um avanço de mais de 13%, segundo o TradeMap. Já no acumulado em 2023, a criptomoeda já avançou mais de 63%.

Especialistas atribuem a alta da criptomoeda a diversos fatores, citando especialmente a notícia de que a maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, apresentou à SEC , a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, um pedido de  Exchange Traded Fund (ETF) de bitcoin à vista.

Edifício da BlackRock, em Nova York (EUA) 16/07/2018 REUTERS/Lucas Jackson

“O rali é motivado principalmente pela força de adoção institucional nos últimos dias”, comenta Luísa Pires, head de criptoativos da Levante.

“A proposta mudaria completamente a dinâmica do mercado cripto e abriria uma imensa porta para investidores institucionais, o que afetaria a precificação do ativo consequentemente”, acrescenta a especialista.

Estrategistas da Genial Investimentos acreditam que “o ótimo histórico da BlackRock, com 575 de 576 pedidos de ETF aprovados pela SEC, aumenta a probabilidade de um resultado positivo”. 

A BlackRock carrega em seu portfólio um bom exemplo: o ETF de ouro da gestora, que recebeu aprovação em 2004, catalisou um crescimento notável da classe de ativos. “A BlackRock efetivamente promoveu a narrativa de que o ouro merecia um papel mais proeminente em carteiras diversificadas, e estamos vendo dinâmicas semelhantes com o bitcoin e sua narrativa como reserva de valor se formando agora”, avalia a Genial.

Bitcoin e ouro (Imagem: Unsplash)

A notícia traz alívio ao mercado, ainda que em um ambiente de grande aperto regulatório. No início do mês, a SEC processou a Binance US e a Coinbase com acusações de que as plataformas estariam operando uma “bolsa de valores ilegal”. A notícia gerou uma onda de mais de US$ 780 milhões em saques nas 24 horas seguintes por usuários da Binance. 

A pressão por parte das autoridades instaurou uma forte insegurança no setor, o que levou o bitcoin a um patamar abaixo dos US$ 25 mil na semana passada. 

Bitcoin deve seguir em alta?

A especialista da Levante acredita que o curto prazo continua sendo uma incógnita para uma avaliação concreta. “O bitcoin tem uma solidez e capacidade de retornar aos fortes patamares anteriores, porém no curto prazo a volatilidade sempre vai ser mais sensível”, diz Pires. Em 2021, a criptomoeda atingiu sua máxima histórica ao chegar à cotação de US$ 69 mil.

Outro ponto apontado como positivo para a valorização do bitcoin nos últimos dias foi a primeira pausa na elevação das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) desde março de 2022 na quarta-feira (14). Após 10 aumentos consecutivos, o comitê de política monetária teve maioria para manter sua taxa entre 5% e 5,25%. A autoridade, no entanto, não descarta a possibilidade de novos aumentos ainda em 2023.

A perspectiva de juros altos pode impactar os preços, porém a margem de novos aumentos na taxa básica norte-americana vem perdendo força, pondera a estrategista. “O maior indicador do mercado de criptomoedas é a variável macroeconômica. O cenário de desaceleração de juros continua sendo muito atrativo para o bitcoin.

Também analisando o movimento nos mercados de maior risco em meio ao cenário atual, a Genial observa que a mudança em relação às ações já é perceptível com a tendência de uma política monetária menos contracionista. “A Nasdaq experimentou um aumento de 18% nos últimos 2 meses”.

Mas, sobre as criptomoedas, os analistas da casa acrescentam que, “objetivamente, os preços das criptomoedas têm sido pressionados para baixo, principalmente pelo aumento do escrutínio regulatório, e por ainda não acompanharem o desempenho das ações”, expõem os analistas da Genial.

A maior ameaça para uma correção de grande amplitude, segundo os especialistas, continua sendo a batalha regulatória da SEC, que possui uma influência direta nos preços do bitcoin e do mercado de criptoativos como um todo.

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