Finanças

Do campo ao mercado: os investimentos do agronegócio

Dony e Samy fazem um raio-x do setor do agronegócio e mostram quais investimentos do agro estão disponíveis ao investidor brasileiro.

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Enquanto setores de indústria, comércio e serviços apresentaram números negativos em 2020 por causa da crise econômica provocada pela pandemia, a agricultura e a pecuária conseguiram ir na contra mão. O PIB do agronegócio teve uma expansão recorde de 24% neste período, o que ampliou para mais de 26% sua participação no PIB total do país, contra 20,5% um ano antes.

Já no ambiente da bolsa de valores, o resultado com o agro, principalmente com commodities, não foi diferente.

Segundo profissionais de mercado, os números do agronegócio mostram que os investidores devem olhar para esse setor na hora de diversificar suas aplicações. E o mais interessante é que, para entrar no campo, não precisa ter capital de um rei do gado ou patrimônio de um magnata da soja. Há diversas opções no mercado que permitem investir em produtos ligados ao agronegócio com pouco dinheiro.

Como investir no agro?

Entre as opções para investir no agronegócio, está a renda fixa. Nela, o investidor pode aplicar em títulos que têm relação com o agronegócio.  Existem as LCAs- que são as Letras de Crédito do Agronegócio. Estes são títulos emitidos por bancos e que estão relacionados a empréstimos para produtores rurais. De certa forma, é como se o investidor estivesse emprestando a um empresário do campo, mas com o banco como garantidor da operação.

Existe também os CRAs – ou Certificados de Recebíveis Agrícolas. Eles também são títulos de renda fixa que financiam projetos no agronegócio. Neste caso, a aplicação inicial costuma ser acima de R$ 100, e eles não contam com o FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Por isso, apresentam mais risco que as LCAs – que contam com o recurso.

Em contrapartida, os recebíveis agrícolas têm taxas de retorno mais elevadas além de serem isentos de imposto de renda.

Fundos de investimento e Fiagro

Essa modalidade é indicada para quem prefere delegar para um gestor profissional a escolha de onde investir os recursos. Há tanto fundos de investimentos em ações que focam em empresas do agronegócio, como em multimercados. Nessa modalidade precisa ser contabilizado o custo com imposto de renda.

De olho no aumento de investidores individuais e no cenário aquecido para ofertas de ações e fundos de investimentos, a CVM  publicou a resolução que permite o registro do Fiagro de forma temporária e experimental. Este é o projeto de lei que institui os fundos de investimento do agronegócio.

Como seu próprio nome sugere, a carteira de investimentos do Fiagro deverá ser composta, necessariamente, por ativos imobiliários, participações societárias, valores mobiliários ou títulos que integrem a cadeia produtiva agroindustrial.

A ideia é que o investidor, mesmo que não seja produtor rural, obtenha rendimentos do agronegócio.  Pela proposta, quem participar do Fiagro poderá investir, de forma isolada ou conjunta, em imóveis rurais, ativos financeiros e cotas de fundos de investimento. Contudo, o Fiagro poderá chegar às prateleiras com algumas indefinições. Entre elas está a cobrança ou não de impostos.

A norma já era bem aguardada pelo mercado, que já tinha começado a estruturar produtos mesmo sem o aval da autarquia. Já existe, por exemplo, os fundos imobiliários do agronegócio. A modalidade funciona como o famoso fundo de imóveis, ou FIIs, mas neste caso, quem investe tem participação em um percentual do rendimento gerado pela propriedade agrícola.

Existe o FII RIZA TX, cujo código de negociação é o RZTR11. A primeira emissão de cotas deste fundo foi feita no último trimestre de 2020. A gestora do fundo optou por atuar inicialmente apenas em regiões consolidadas, pra assim evitar desbravar lugares carentes de infraestrutura ou com problemas climáticos, o que acaba por interferir na rentabilidade do investimento. A gestora também prefere fazer negócios apenas com grandes produtores, em especial de commodities.

Já o lançamento mais recente na modalidade fundos ficou por conta da gestora Vitreo. A fintech, fundada em 2018, lançou o primeiro fundo do portfólio da gestora voltado para investimentos no universo do agronegócio. O Vitreo Agro é um fundo multimercado com taxa de administração de 0,9% ao ano e taxa de performance de 10% sobre o que exceder o CDI. Ou seja: a cada mil reais investidos paga-se R$ 9 de taxa.  O investimento mínimo é de R$ 100.

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