Finanças
Dólar abaixo de R$ 5: moeda testa marca enquanto alívio nos mercados durar
Moeda começa semana furando essa barreira e tenta voltar ao menor nível em um mês.
O dólar aproveita a terça-feira (24) de recuperação nos mercados globais e volta a testar a marca de R$ 5. Na mínima do dia até agora, a moeda chegou a R$ 4,99. A barreira psicológica chegou a ser furada durante o pregão do dia anterior (23), mas a última vez que a moeda norte-americana fechou abaixo desse patamar foi há cerca de um mês.
A dúvida, então, é se o dólar tem forças para se segurar abaixo dessa faixa – se sim, por quanto tempo? No entanto, especialistas do mercado financeiro consultados pelo InvestNews avaliam que o alívio nos ativos de risco é pontual e guiado pelo mesmo fator que provocou o recente estresse nos mercados: o cenário internacional.
“O exterior melhor agora favorece os negócios locais”
analista da Ajax Capital, Rafael Passos
De um modo geral, os investidores aproveitam a ausência de novidades sobre a guerra no Oriente Médio, com Israel adiando uma incursão terrestre em Gaza, para ampliar o apetite por ativos de risco. A pausa no rali dos rendimentos (yields) dos títulos dos Estados Unidos (Treasuries) de longo prazo também ajuda.
“Lá fora, o juro da nota de 10 anos (T-note) segue em elevado patamar, embora um pouco abaixo de 5%, o que abre espaço para os ativos de risco ensaiarem uma recuperação”, comenta o analista da Ajax.
- Cotação do dólar hoje
- Cotação do Ibovespa hoje
Ainda assim, Passos avalia que o ambiente para os mercados ainda é de cautela, especialmente por causa do conflito na Faixa de Gaza. “Especula-se que os EUA tenham pressionado Israel a adiar sua invasão para evitar uma escalada na região”, ventilou o analista. “Por ora, não há definições dos conflitos”, ressalta.
Dessa forma, os investidores devem seguir atentos ao cenário externo, porém sem perder a chance de engatar uma recuperação dos ativos, quando se abre uma brecha. No mercado financeiro, esse movimento é conhecido como “guerra de trincheiras”, de tiro curto, em que os investidores saem da defensiva e tomam risco apenas quando surge uma oportunidade.
“Dado que o desempenho do real melhorou muito, parece que os investidores reduziram a busca por proteção e desmontaram posições compradas (aposta na alta) em dólar. Por isso que a moeda está mais leve”, comenta o diretor-gerente da mesa de operações de um banco estrangeiro.
Congresso em foco
Ainda assim, os especialistas ressaltam que esse comportamento de melhora tende a ser passageiro enquanto não houver maior clareza no cenário, seja em relação às incertezas geopolíticas ou quanto à perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos EUA.
Até lá, fatores pontuais, como o noticiário corporativo, a agenda política ou o calendário econômico devem agitar os negócios. Tanto que no radar nesta terça está a pauta de votação no Congresso.
“O mercado acompanha a intensa agenda legislativa desta semana, com a tributação dos fundos exclusivos e offshores a ser votada na Câmara, além da apresentação de relatório da Reforma Tributária no Senado e o PL que prorroga a desoneração da folha”, enumera o economista da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
Ainda assim, se o alívio externo continuar, em especial nas Treasuries, a expectativa é de que essa nova rodada de alocação em ativos mais arriscados ganhe fôlego extra. “Diria que alguns riscos estão mudando de mãos e os investidores estão aproveitando o ambiente mais calmo, enquanto durar”, conclui o profissional citado acima, sem ser identificado.
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