Finanças
Ibovespa cai, com Orçamento, JCP e exterior, e acumula baixa de 5% no mês
Mercado segue no aguardo de pistas sobre os próximos passos do Fed.
O Ibovespa ampliou a queda nesta quinta-feira (31), de olho na proposta do Orçamento de 2024 e após o governo propor o fim dos Juros sobre Capital Próprio (JCP). O mercado também acompanha o cenário exterior após dados de inflação dos Estados Unidos, que podem balizar a trajetória dos juros decidida pelo Federal Reserve (Fed).
O Ibovespa recuou 1,53% no dia, aos 115.742 pontos, acumulando em agosto baixa de 5,09%. Já o dólar subiu 1,67% no dia, a R$ 4,95, registrando alta mensal de 4,68%.
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Cenário interno: preocupações fiscais
No radar está a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores por mais quatro anos, o que, na visão do superintendente de research da Ágora, José Cataldo, “significa menos recursos e a manutenção do ambiente fiscal desafiador”.
Cataldo ainda destacou em nota a clientes que “todos os olhos devem estar atentos ao Projeto de Lei Orçamentária de 2024 (PLOA), que chegará ao Congresso hoje”.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que a peça orçamentária para 2024 está equilibrada, com todas as despesas contratadas e as receitas delineadas, com o objetivo de alcançar a meta de resultado primário zero.
Ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Tebet afirmou ainda que a proposta de Orçamento será encaminhada ao Congresso Nacional até as 19h desta quinta.
Para que o resultado primário do governo federal feche o próximo ano em zero, será necessária uma receita bruta extra de R$ 168 bilhões. Excluindo os repasses a estados e municípios, a demanda adicional de receitas para a União é de R$ 124 bilhões, disse Tebet.
Tais detalhes vieram após o Tesouro Nacional reportar que o governo central registrou déficit fiscal primário de R$ 35,9 bilhões em julho, forte deterioração ante o saldo positivo de 18,9 bilhões um ano antes e pior do que as expectativas, o que desagradou agentes financeiros.
Nesta quinta-feira, o Banco Central divulgou que a dívida pública bruta do país como proporção do PIB fechou julho em 74,1%, contra 73,6% no mês anterior. Já a dívida líquida foi a 59,6%, de 59,1%.As expectativas em pesquisa da Reuters eram de 73,9% para a dívida bruta e de 59,7% para a líquida.
Além disso, no cenário interno, investidores repercutem dados do mercado de trabalho, além da sanção presidencial do arcabouço fiscal com dois vetos. Mas preocupações sobre o cenário fiscal dominam as atenções.
Cenário externo
Os gastos dos consumidores dos Estados Unidos aumentaram em julho, enquanto a inflação medida pelo índice de preços PCE ficou em 0,2% no mês passado, repetindo a taxa mensal vista em junho. Nos 12 meses até julho, o PCE aumentou 3,3%, depois de avançar 3,0% em junho.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços PCE aumentou 0,2%, depois de subir pela mesma margem no mês anterior. O chamado núcleo do índice de preços aumentou 4,2% em termos anuais em julho, depois de ter subido 4,1% em junho.
Apesar da leve aceleração dos dados na base anual, o diretor de operações da FB Capital, Fernando Bergallo, explicou que a leitura de inflação dos EUA ainda veio em linha com o esperado. Ele mantém visão de que “os juros por lá não devem subir mais”, ressaltando que a aposta de um “pouso suave” da economia norte-americana está ganhando terreno entre os analistas.
Já Danilo Igliori economista-chefe da Nomad, avalia que “os dados de consumo de julho, revelados pelo PCE, reforçam a percepção de que a atividade permanece resistente nos EUA”.
“A vida continua difícil para as autoridades monetárias e os dados de agosto serão fundamentais para definir os próximos passos do ciclo de juros e em particular para a decisão do encontro do FOMC em setembro”
Danilo Igliori economista-chefe da Nomad
Destaques da B3
Via
A ação VIA3 caiu 4,51%, sessão bastante negativa para papéis de varejo na B3. A dona das redes Casas Bahia e Ponto e do banco digital banQi também anunciou nesta quinta-feira que contratou Bradesco BBI, BTG Pactual, UBS Brasil, Itaú BBA e Santander Brasil para uma “potencial” oferta de ações que pretende levantar pelo menos 1 bilhão de reais.
Vale
O papel VALE3 subiu 0,15%, conforme os futuros do minério de ferro subiram nesta quinta-feira na China para o maior nível em cinco semanas. O contrato mais negociados na Dalian Commodity Exchange (DCE) fechou as negociações do dia com alta de 3,54%, a 849 iuanes (116,47 dólares) por tonelada, máxima desde 1º de agosto.
A Vale também disse que iniciou testes com carga da primeira fábrica de briquetes de minério de ferro na unidade de Tubarão, em Vitória (ES), e se prepara para começar a atender uma fila estimada de 18 meses de clientes.
Petrobras
A ação PETR4 cedeu 2,08%, após renovar mais cedo máxima histórica intradia a reais. O papel acumula em agosto uma valorização de cerca de 8%,. No exterior, o barril de petróleo Brent tinha elevação de 0,94%, a 86,67 dólares.
Bolsas mundiais
Wall Street
O índice S&P 500 terminou em baixa e o índice de tecnologia Nasdaq em alta nesta quinta-feira, com expectativas de que o Fed poderia interromper seu aperto monetário, enquanto a Salesforce subiu após uma previsão otimista.
O Dow Jones cedeu 0,48%, para 34.721,91 pontos. O S&P 500 caiu 0,16%, para 4.507,66 pontos. O Nasdaq ganhou 0,11%, para 14.034,97 pontos.
A Salesforce subiu 3% após previsões otimistas de receita do fornecedor de software baseado em nuvem, que se beneficia de aumentos de preços e de uma demanda resiliente.
Os três principais índices registaram perdas em agosto, com o S&P 500 e o Nasdaq em suas primeiras quedas mensais desde fevereiro. No mês, o S&P 500 caiu 1,8%, o Dow Jones perdeu 2,4% e o Nasdaq recuou 2,2%.
Europa
As ações europeias fecharam com leve queda nesta quinta-feira, uma vez que as perdas em papéis de luxo e de bens de consumo básicos compensaram os ganhos nos setores imobiliário e financeiro.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,46%, a 7.439,13 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,35%, a 15.947,08 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,65%, a 7.316,70 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,29%, a 28.831,52 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,47%, a 9.505,90 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,25%, a 6.173,99 pontos.
Ásia e Oceania
As ações da China e de Hong Kong caíram nesta quinta-feira, fechando o mês com perdas, depois que dados oficiais mostraram que a atividade da indústria na segunda maior economia do mundo encolheu novamente em agosto.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,88%, a 32.619 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,55%, a 18.382 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,55%, a 3.119 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,61%, a 3.765 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,19%, a 2.556 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,51%, a 16.634 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,41%, a 3.233 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,10%, a 7.305 pontos.
(* com informações da Reuters)
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