Finanças
É hora de migrar da renda fixa para a variável, aponta Guide
Análise da casa de investimentos aponta para a expectativa na queda da taxa Selic e para a performance de ativos negociados na B3.
Para a equipe de research da corretora Guide Investimentos, a alta no mercado de ações brasileiras está só no começo e esta é a hora de migrar a alocação de renda fixa para variável. Em relatório, o analista Fernando Siqueira aponta os ativos que mais oferecem oportunidades com a perspectiva de queda da taxa básica de juros adiante.
“Acreditamos que seja hora de migrar a alocação de renda fixa para renda variável, incluindo ações (principalmente small caps) e fundos imobiliários”.
Fernando Siqueira, analista da guide investimentos
Com os sinais de queda na taxa Selic e crescimento econômico sendo revisto para cima, há pouco espaço para valorização dos ativos de renda fixa, uma vez que estes ativos já teriam “andado” bastante, na avaliação de Siqueira.
Outro ponto levantado é de que o comportamento dos ativos parece já ter refletido nesse fim de ciclo, uma vez que o mercado de ações vem se recuperando nos últimos meses, principalmente por conta da expectativa de queda dos juros. A possível elevação do rating do Brasil também foi apontada como mais um fator positivo.
“As taxas de juros de mercado já antecipam um ciclo longo de corte na Selic: as taxas de mercado estão perto de 10% apesar da Selic ainda estar em 13,75%. Em nossa visão, a relação risco-retorno da renda fixa já é bem pior do há três meses atrás”.
fernando siqueira, analista da guide investimentos, em relatório.
Avaliando o mercado acionário, o analista pontua que a relação risco-retorno é atrativa, “com valuations baixos e potencial de recuperação dos lucros nos próximos trimestres”.
Como historicamente, os ciclos de alta e baixa da Selic tiveram duração de aproximadamente dois anos e, a taxa de juros atual para operações de dois anos está abaixo dos 13,75%, isso reflete a expectativa de queda da Selic no próximo ciclo, segundo a Guide.
“A diferença de cerca de 3 pontos percentuais entre a taxa de 2 anos e a Selic é semelhante àquela vista pouco antes do início do ciclo de queda de juros em 2016, o que reforça nossa visão de que boa parte da alta nos ativos de renda fixa já foi precificado”.
Ibovespa em alta
Por outro lado, o analista aponta que no mercado de ações a alta parece estar apenas no começo. Ele pontua que o valuation do Ibovespa está perto da mínima dos últimos anos ainda, e excluindo as produtoras de commodities, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), a relação preço/lucro também está perto das mínimas.
“É este grupo o mais beneficiado pela queda dos juros: são empresas que possuem dívida em moeda local (ganham se os juros forem menores) e vendem principalmente para consumidores brasileiros (que também vão se beneficiar de juros menores)”.
Small caps no radar
Uma outra justificativa para apontar que o mercado de ações ainda está no começo da alta é a boa performance das small caps. Em maio, o índice SMLL acumulou alta de 13,54% equanto o Ibovesta registrou 3,74% de alta em igual período.
Mas apesar da boa perfomance, o índice perde do Ibovespa quando analisado os últimos 12 meses. No entanto, as ações de menor valor de mercado historicamente tem desempenho melhor quando os juros estão em queda. E com a precificação de um cenário de Selic em baixa na reunião do Copom de agosto, este seria um outro sinal de que “a alta do mercado ainda está só começando.
“Por mais que a alta das small caps tenha sido forte nos últimos dias, particularmente em maio, o movimento ainda é pequeno quando comparado com eventos similares ocorridos no passado”.
trecho de relatório da guide investimentos
Já um outro indicador usado para embasar a teoria é a performance das empresas de maior qualidade (aquelas com maior rentabilidade e menor endividamento). Para isso o analista se comparou o MSCI Brazil Quality Index com o MSCI Brazil. Os dois índices são calculados pelo mesmo provedor de dados, com metodologia semelhante, exceto pelo fato do índice de “ações de qualidade” dar mais peso à empresas com menor endividamento e margens e rentabilidade (ROE) maiores.
“Normalmente, empresas de “qualidade” vão melhor em momentos de juros altos, baixo crescimento econômico: nestes momentos, as empresas com dívida alta e rentabilidade tendem a sofrer mais (resultados/lucro cai com maior intensidade)”.
Onde investir?
Na visão da casa de análise, small caps e fundos imobiliários estão com uma boa janela de oportunidade. Já do lado da renda fixa, operações de “crédito privado”, em função dos spreads elevados, são recomendadas.
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