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FI-Infra: rendimentos superam 20% ao ano. Vale a pena investir?

Os FI-Infras são semelhantes aos fundos imobiliários, mas em vez de investir em imóveis, eles investem em debêntures de infraestrutura com incentivos fiscais.

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Dados da Anbima mostram que o investidor de varejo colocou mais de 200 bilhões de reais em investimentos diretos em renda fixa. E deste total, quase tudo foi para títulos privados.

A categoria engloba diversos tipos de ativos e um dos que têm maior rentabilidade – e risco – é o de debêntures. Mas formar uma carteira de debêntures pode não ser uma tarefa simples. As debêntures costumam ser comercializadas por mais de um mil reais cada. E isso exigiria, no mínimo, 10 mil reais para montar uma carteira diversificada com dez debêntures, com riscos e prazos diferentes.

Outro complicador é que, ainda que as debêntures tenham rendimentos preestabelecidos, elas variam de preço até a data do vencimento. Ou seja, se o investidor precisar vender o ativo antes, o preço vai depender do quanto o mercado deseja pagar.  Isso é o que se chama marcação a mercado – o que pode provocar grandes surpresas, dependendo do cenário. Expectativas de juros mais altos, por exemplo, tendem a ter efeitos negativos sobre os preços dos papéis.

Uma alternativa para investir nesse mercado sem se preocupar com a marcação a mercado ou com a diversificação da carteira é por meio dos FI-Infras, que passaram a ser listados recentemente na bolsa. Eles são semelhantes aos fundos imobiliários: têm o número 11 no final do ticker, distribuem rendimentos mensais e seu resgate depende apenas da venda da cota, feita em home broker. A diferença é que em vez de imóveis, o FI-Infra investe em debêntures de infraestrutura com incentivos fiscais. Por isso, são isentos de impostos de renda ou de ganhos de capital.

Outra vantagem é que, por terem cotas negociadas em bolsa, o gestor fica praticamente blindado de pedidos de resgates que poderiam comprometer a estratégia. No limite, 100% do dinheiro do fundo pode estar alocado em debêntures.

A negociação de cotas de FI-Infra é algo relativamente novo na bolsa e só foi possível graças a mudanças no sistema da B3 em 2020, dando mais acessibilidade ao pequeno investidor. Um dos primeiros FI-Infras a serem listados foi o KDIF11, da gestora Kinea, e desde então outros oito foram listados.

Atualmente, o JURO11, da gestora Sparta, é o que tem pagado um dos maiores rendimentos. Em agosto, o fundo, composto por debêntures de 20 empresas, fez a maior distribuição de sua história, sendo equivalente a um dividend yield de 26,1% ao ano.

Um dos diferenciais do fundo é justamente a gestão ativa. O lucro nas operações de compra e venda de debêntures com marcação a mercado foi responsável por mais de um terço de toda a rentabilidade do juro11 no ano. Desde o início do fundo, em dezembro, seu desempenho ajustado pelas distribuições foi de 13,7%, enquanto seu benchmark, o ima-b5, rendeu 6,9%.

A cota do fundo é negociada a cerca de 100 reais EM bolsa e não deve ir muito além disso. Isso porque o fundo usa os 100 reais como referência de sua cota patrimonial para a distribuição de proventos. Em termos gerais, o que passar 100 reais de cota patrimonial, o fundo distribui.

A política de distribuição de rendimentos é semelhante às adotadas em outros FI-Infras. Por isso, é bom sempre ficar de olho na cota patrimonial e saber se há e qual é a referência para a distribuição de proventos. Esse valor costuma ser atualizado diariamente nos sites das gestoras.

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