FI-Infra do BTG Pactual foi o mais rentável do 1º trimestre de 2023

O fundo de infraestrutura (FI-Infra) FIC Infr BTG (BDIF11), do Banco BTG Pactual, foi o que ofereceu o maior retorno com dividendos nos três primeiros meses de 2023 entre os 11 listados na bolsa brasileira, com dividend yield (DY) de 3,61%, de acordo com levantamento exclusivo ao InvestNews, realizado pela Economatica.

O levantamento analisa os FI-Infra listados na B3, bolsa de valores brasileira, entre os dias 1º de janeiro e 31 de março de 2023.

Os Fi-Infra, ou fundos de investimento de infraestrutura, são fundos de renda fixa que financiam projetos de infraestrutura no país como energia, saneamento, transportes, telecomunicações, entre outros. Com renda mensal acima da inflação e isenção de Imposto de Renda, esses fundos permitem ter acesso a uma cesta de debêntures incentivadas.

Os valores recebidos nestas aplicações podem ser repassados para os cotistas como rendimentos periódicos, gerando uma renda parecida com os dividendos dos fundos imobiliários (FIIs). Já o DY é a relação entre o percentual do valor do dividendo e o preço da cota do fundo.

O analista Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, explica que um dos motivos que o dividend yield pode ser maior é a cota do fundo, já que o DY varia conforme o valor da cota adquirida. O rendimento do BDIF11 é o IPCA + 8% ao ano.

“O dividend yield tem relação com o valor da cota que você compra [Fi-Infra]. A cota do fundo está em torno de R$ 82 e quem pagou esse valor recebe os 3,6%. Já quem comprou lá atrás por R$ 98, recebe 3%. A questão da posição tem muito mais a ver com a desvalorização do que com o rendimento.”

Ricardo Brasil

O FIC Inter (BIDB11), do Banco Inter, foi o FI-Infra que teve a segunda maior rentabilidade no primeiro trimestre de 2023, com dividend yield de 3,55% no trimestre e R$ 3,14 de dividendos pagos por ação. O FIC Inter é um fundo sob a forma de condomínio fechado, com prazo indeterminado de duração e destinado a investidores em geral.

Já o FIC Infr BTG (KDIF11), também do BTG Pactual, ficou na terceira posição do ranking entre os que pagaram os maiores dividendos (3,55% em três meses) e R$ 4 por ação.

Código	Data série	Dividend Yield	Dividendos por ação
BDIF11	22/04/2021	3,61%	R$ 3,00
BIDB11	06/10/2021	3,55%	R$ 3,14
KDIF11	06/07/2020	3,15%	R$ 4,00
CPTI11	29/04/2021	3,04%	R$ 2,90
IFRA11	06/07/2020	2,82%	R$ 2,71
BODB11	03/05/2022	2,35%	R$ 0,23
JURO11	20/12/2021	1,74%	R$ 1,75
RBIF11	23/06/2022	1,69%	R$ 1,69
OGIN11	24/10/2022	1,42%	R$ 0,13

Fundos de infraestrutura com pior performance

Na contramão dos fundos mais rentáveis, quem ocupa a lanterninha é o Orama Infra (OGIN11), com pagamento de dividend yield de 1,42% no primeiro trimestre.

“O OGIN11 está caindo 17% desde o lançamento e, muito provavelmente, por não ter performado bem. As pessoas vendem porque o sistema de renda fixa está pagando 15% sem risco, tira o Imposto de Renda e dá 13% líquido ao ano, mais de 1% ao mês”.

O antepenúltimo fundo que pagou menos dividendos foi o FICFI Rb Es (RBIF11), com 1,69%. Com negociação iniciada em 23 de junho de 2022, o Fi-Infra pagou R$ 1,69 de dividendos por ação.

E o terceiro Fi-Infra que ofereceu o maior retorno com dividendos no primeiro trimestre foi o Sparta Infra (JURO11) com 1,74%.

“A regra do JURO11 é que se a cotação estiver abaixo de R$ 100 eles não distribuem dividendos, porque o gestor quer fazer caixa. Ele está acumulando, fazendo caixa para o fundo. Fevereiro não tivemos distribuição de dividendos do JURO11”, afirmou Ricardo Brasil.

Dos 11 Fi-Infra listados na B3, dois ainda não distribuíram dividendos: o Firf Xp Ie (XPID11) e o Suno FICFI, segundo o levantamento.

O que é FI-Infra?

Os fundos de investimento de infraestrutura são fundos de renda fixa que precisam investir pelo menos 85% do seu patrimônio em títulos de crédito privado isentos de Imposto de Renda, de acordo com a lei 12.431/11 de projetos e emissões incentivadas, justamente para incentivar a criação e investimentos em projetos de infraestrutura no país.

Como estes fundos são constituídos como “condomínios fechados”, suas cotas podem ser compradas pelos investidores na bolsa de valores normalmente com tickers seguidos do número 11.

Essa modalidade de fundos começou a ser negociada em 2020, após elaboração e aprovação de sua legislação própria através da instrução CVM 606.

Como funcionam os fundos de infraestrutura

A maneira de comprar cotas de fundos de investimento de infraestrutura é bem parecida com a compra de ações, já que esse tipo de fundo tem suas cotas negociadas na bolsa de valores brasileira.

Por isso, é possível adquirir as cotas durante as chamadas ofertas públicas ou negociando com outros investidores no chamado mercado secundário – essa operação pode ser feita por plataformas de negociação online disponibilizadas por corretoras de valores (home broker).