Finanças
FTX quer driblar falência e reviver como entidade offshore
Além da atuação fora dos EUA, o plano de reestruturação também arquiteta “fazer vista grossa” com algumas dívidas da empresa.
*ARTIGO
A FTX, uma exchange de criptomoedas, divulgou seu plano de reorganização durante sua falência, visando enfrentar uma “grande e complicada coleção de reivindicações”.
Os documentos, divulgados na última segunda-feira (31), revelaram um esboço desse plano, explicando a estratégia planejada pela empresa para voltar à ativa.
Conforme divulgado, o plano envolve um total de 13 classes diferentes de reivindicações, incluindo categorias específicas para clientes da FTX.com, clientes dos EUA e clientes de tokens não-fungíveis (NFTs), sendo que o objetivo dessa divisão é fazer com que o processo se torne mais transparente para todos.
O acordo preparado pela FTX diz que as reivindicações devem ser avaliadas em dólares, mas ainda não foi aprovado pelo Tribunal de Falências.
Contudo, a parte interessante do documento é a última: ela menciona que os clientes lesados podem receber parcela de patrimônio, tokens e outros interesses em conexão com o ressurgimento de uma entidade offshore.
Isso porque, nesse caso, a FTX considerou a perspectiva de reiniciar a empresa, especificamente sua exchange offshore, — ou seja, corretora que estaria longe do domínio das autoridades norte-americanas.
Afinal, o que é — ou era — a FTX?
A exchange FTX foi fundada em 2017 por Sam Bankman-Fried e Gary Wang. Desde o início, a plataforma buscou se destacar no mercado, oferecendo uma ampla variedade de produtos e serviços inovadores para seus usuários. Rapidamente, ela ganhou popularidade e se tornou uma das principais corretoras de criptomoedas.
Além das taxas baixas, a exchange também se destacou por patrocinar times de esportes e eventos renomados, como a NBA e a Major League Baseball (MLB), fortalecendo sua presença global.
No entanto, em meados de 2022, a FTX enfrentou um revés significativo, com alegações de empréstimos não autorizados e apropriação indevida de ativos por parte de seu ex-CEO, Sam Bankman-Fried, e outros diretores.
Esse escândalo levou a exchange a declarar falência e, desde então, ela tem trabalhado para reestruturar suas operações e resolver pendências.
Por dentro dos detalhes da reestruturação
A FTX pretende identificar três principais grupos de recuperação, correspondentes a ativos segregados atribuíveis aos clientes da FTX.com, clientes da FTX US e ativos que a empresa alega não serem atribuíveis a nenhuma das duas divisões da sua falida exchange.
Quanto aos usuários que detinham NFTs na corretora, eles também terão sua própria classificação separada. O objetivo é fazer com que todos NFTs que não foram perdidos sejam devolvidos após reivindicação.
Outro aspecto crucial do plano é o reconhecimento de reivindicações especiais de “déficit” por parte da corretora FTX em relação a um grupo específico de ativos. A ideia é “compensar” a exchange pelos empréstimos não autorizados e apropriação indevida de ativos que Sam Bankman-Fried e outros executivos da empresa se comprometeram.
Não menos importante, o documento ainda prevê o cancelamento das reivindicações entre empresas e a extinção dos pedidos de reembolso de tokens FTT, o criptoativo nativo da corretora. Afinal, o derretimento do token foi um dos principais pilares que propiciou o colapso da FTX em 2022.
Um olho no peixe, outro no gato
A FTX decretou falência em 11 de novembro de 2022, deixando mais de um milhão de pessoas e empresas com dinheiro a receber após a quebra. Mesmo que não esteja claro se seus clientes conseguirão recuperar ao menos parte do prejuízo, vale a pena acompanhar a tentativa de reestruturação da empresa.
Enquanto a colapsada FTX presa busca resolver suas questões, ainda há fortes incertezas em relação ao tamanho projetado de diferentes classes de reivindicações e recuperações de credores.
Diante desses desafios, é fundamental que os investidores acompanhem de perto os desdobramentos da reestruturação da empresa, considerando os riscos e oportunidades envolvidos.
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
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