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Fundos de dividendos ou ações pagadoras: o que é melhor?

De cobrança de IR a taxa de administração: Cafeína mostra as particularidades de investir com foco em dividendos via fundos ou escolhendo ação por ação.

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Cada investidor tem sua preferência ao optar por uma estratégia de renda passiva. Mas quando se trata de escolher empresas que remuneram seus acionistas ao distribuir os lucros em forma de dividendos, duas opções estão disponíveis no mercado: escolher ações das companhias que melhor remuneram ou delegar a função para um gestor profissional — neste caso, via fundos.

No entanto, ambas as modalidades tem seus prós e contras — como todo investimento.

Existem pelo menos 60 fundos com foco em investimento em dividendos, segundo o TradeMap. Destes, analisando apenas o retorno no acumulado deste ano até o terceiro trimestre, 10 bateram o IDIV (que é o índice de dividendos). No período, o retorno do índice foi de 9,2%. Em comparação, o Ibovespa retornou 5% em igual período. Logo, fica explícito que a maioria dos fundos não bateu o benchmark.

Veja abaixo lista com desempenho dos fundos no acumulado do ano até o terceiro trimestre (30 de setembro).

FundoRetorno 2022 até
30 set (%)
Principal ativo (%)Principal ativo
FIA Paraty23,2419,06Eletrobras ON
Tijuca FIA21,9914,27Eletrobras ON
Vitreo Dividendos FIA11,217,2Eneva ON
Bram H FIA Dividendos10,510,45Petrobras PN
Safra Dividendos FIA10,4818,54Eletrobras ON
BB Top Ações Dividendos 10,1612,87NTN-B
Trigono Delphos Income FIA10,0221,7Tupy ON
Vinci Selecao Dividendos FIA9,7113,65Vale ON
Santander Acoes Dividendos FI9,5512,88Eletrobras ON
Vinci Gas Dividendos FIA9,3513,18Vale ON

Fundos de dividendos não pagam dividendos?

Apesar destes serem chamados fundos de dividendos, eles não remuneram mensalmente quem investe neles. É que os dividendos pagos pelas empresas da carteira do fundo ficam a cargo do gestor. O profissional é quem define como vai fazer novos investimentos com o valor. Logo, muitos podem avaliar isso como uma desvantagem.

Para os investidores que preferem receber os proventos na conta bancária, optar por ações pagadoras de dividendos é uma solução.

Outro ponto contra é que assim como todos os fundos de investimentos, os fundos de dividendos cobram taxa de administração além da taxa de performance (quando esta supera o seu benchmark). E se as taxas forem muito altas, o investidor pode perder parte da rentabilidade.

Uma outra desvantagem dos fundos em comparação aos dividendos recebidos pelas companhias que distribuem é o Imposto de Renda. Ao investir na primeira opção, se tiver lucro, paga-se 15% de IR. Até o momento, os dividendos de ações ou de fundos imobiliários não são tributados. No caso de vender ações com lucro, há cobrança de imposto – mas desde que se venda mais de R$ 20 mil por mês em ações.

Segundo Murilo Breder, analista do Nuinvest, não basta que um fundo seja um pouco melhor do que o investidor faria sozinho.

“Não adianta que o gestor entregue 5 ou 10% a mais do que você faria, uma vez que é preciso descontar o imposto de renda dos seus rendimentos.”

Murilo Breder

O analista ressalta que, uma vez que encontra-se um fundo que bate o IDIV ou Ibovespa, e que analisando o histórico da performance do gestor, é observado que seria muito difícil ter o mesmo resultado por conta própria já descontando o IR, aí sim é uma boa oportunidade, “ainda mais pela comodidade em delegar o trabalho para um profissional”.

Carteira de dividendos

Analisando as carteiras de dividendos recomendados por  BTG Pactual, Itaú BBA, Órama, Guide, Banco do Brasil e Ativa Investimentos, os retornos dos portfólios neste ano até o terceiro trimestre variaram de pouco mais de 4% até 33%. Commodities, setor financeiro e energia são os setores preferidas dos analistas.

Carteira de dividendos Desempenho em 2022 até 3º tri*
Banco do Brasil4,3%
Ativa6,3%
BTG18,16%
Guide21,6%
Órama33,4%
IDIV5%

*Rentabilidade da carteira formada pelo preço das ações que pagam dividendos

Para quem quer construir renda passiva, a melhor estratégia é investir diretamente nas ações pagadoras de dividendos, na opinião de Murilo Breder. “É que as as empresas que pagam dividendos são mais resilientes. Logo, há mais chances de ser uma estratégia vencedora no longo prazo. Isso porque pra uma empresa distribuir dividendos, precisa necessariamente ter um fluxo de caixa positivo nessa história. E se a companhia tem um bom histórico de dividendos por anos, ou esse fluxo de caixa é estável, ou crescente”, pondera.

Ao investir em uma empresa com essas características, o analista destaca que o investidor não sai da estaca zero e passa a ter uma seleção natural forte contando a favor. ” Só de investir no IDIV, isso já é uma seleção muito forte. E para investir nele, basta investir no ETF DIVO11.

Assista ao Cafeína, com Samy Dana e Dony De Nuccio, e analisa os prós e contras de investir em ambas as modalidades.

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