Finanças
Dólar sobe e Ibovespa cai, com temores sobre meta de inflação e Selic
Mercado repercutiu discurso mais conciliador do presidente do BC.
O dólar subiu e o Ibovespa teve queda nesta terça-feira (14), com novos temores sobre uma possível mudança nas metas de inflação. O dia também foi marcado com a repercussão do discurso mais conciliador entre o governo e Banco Central, além da divulgação de inflação nos Estados Unidos.
Neste pregão, o dólar subiu 0,41%, a R$ 5,1974. O Ibovespa recuou 0,91%, a 107.848 pontos.
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De olho no BC
Hélder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos, disse à Reuters que a piora no mercado doméstico refletiu notícia do serviço de notícias “Broadcast” de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria avisado à equipe econômica que quer um aumento de 1 ponto percentual na meta de inflação de 2023, atualmente em 3,25%, e a redução da Selic para um patamar próximo de 12% até o fim do ano.
A notícia foi publicada depois de mais cedo investidores terem reagido positivamente a falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que se posicionou em entrevista na noite de segunda-feira e em evento esta manhã contra eventual flexibilização dos objetivos de inflação do Brasil.
Campos Neto disse que o BC não propôs ao governo um aumento da meta de inflação para ganhar flexibilidade na política monetária, mas tem sugestões de aprimoramento do mecanismo, defendendo também uma aproximação com o presidente Lula.
“Ontem tivemos um apaziguamento (com Campos Neto) e hoje Lula solta essa frase. Tensionou os ânimos; se um lado jogou panos quentes, falando que não vamos fazer mudanças de teor político, hoje temos isso, estressa”, disse Wakabayashi.
Os ativos brasileiros têm sido abalados pela tensão institucional entre governo e BC nos últimos dias, após críticas intensas de Lula e aliados à atuação da autoridade monetária e ao nível dos juros no país.
Em meio a sucessivas críticas de Lula à atuação do BC e ao nível dos juros no país, Campos Neto disse entender a pressa do presidente, mas argumentou que reduções na taxa Selic só surtem efeito prático sobre os juros no país se as decisões tiverem credibilidade.
Segundo Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset, o posicionamento de Campos Neto foi positivo, principalmente por passar a imagem de um BC politicamente neutro, que não busca prejudicar o governo vigente.
O economista André Perfeito destacou que Campos Neto “apontou sua divergência sobre uma eventual mudança de metas e ao mesmo tempo sinaliza claramente que quer trabalhar ‘próximo’ do governo”.
“De maneira geral vejo como positiva a entrevista e reforça duas tendências, a saber: 1) o real pode se apreciar nos próximos dias, e; 2) a curva de juros deve retroceder com o fim do conflito Planalto vs BCB”, disse Perfeito.
Inflação nos EUA
O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos aumentou 0,5% no mês passado, após alta de 0,1% em dezembro, informou o Departamento do Trabalho do país nesta terça. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice subiria 0,5%.
A inflação mensal foi impulsionada em parte pelo aumento dos preços da gasolina, que subiram 3,6% em janeiro, segundo dados da Administração de Informação de Energia dos EUA.
Nos 12 meses até janeiro, o índice subiu 6,4%. Esse foi o menor ganho anual desde outubro de 2021 e mostrou desaceleração ante o aumento de 6,5% em dezembro. O índice anual atingiu um pico de 9,1% em junho, o maior resultado desde novembro de 1981.
Alencastro, da Geral, disse que o fato de os dados de inflação terem vindo amplamente em linha com a expectativa oferece algum suporte ao apetite de investidores por risco, mas ponderou que a leitura de avanço mensal de 0,5% do índice de preços ao consumidor ainda é muito elevada.
Uma inflação pressionada nos EUA justificaria mais aumentos de juro pelo Federal Reserve, o que, por sua vez, tende a tornar o dólar mais atraente para investidores globais.
Destaques da B3
Banco do Brasil
As ações do Banco do Brasil (BBSA3) tiveram forte alta de 2,34% neste pregão, depois que a empresa divulgou lucro ajustado de R$ 9 bilhões no quarto trimestre de 2022, um aumento de 52,4% ante o mesmo intervalo de 2021. Na comparação com o terceiro trimestre de 2022, a alta foi de 8,1%. O número veio acima da estimativa média de analistas consultados pela Refinitiv, de R$ 8,07 bilhões.
No acumulado de 2022, o lucro somou R$ 31,815 bilhões, alta de 51,3% ante 2021.
Já o lucro contábil avançou 61,2%, para R$ 8,627 bilhões na comparação anual, em relação ao terceiro trimestre de 2022, o aumento foi de 52,4%. Segundo dado do TradeMap, esse montante representa o maior lucro nominal para um trimestre entre bancos de capital aberto.
Carrefour Brasil
As ações do Carrefour (CRFB3) fechou em alta de 2,92% após a empresa informar que seu lucro líquido ajustado recuou 28,2%, a R$ 550 bilhões, impactado, segundo o varejista, pelo aumento das despesas financeiras, com maior nível de endividamento e taxas de juros.
São Martinho
A São Martinho (SMTO3) teve baixa de 4,76% após divulgar balanço trimestral com queda no lucro líquido, para R$ 429,7 milhões. A companhia de açúcar e etanol também divulgou Ebitda ajustado de R$ 774,9 milhões para o terceiro trimestre do ano-safra 2022-2023, declínio de 13,2% ano a ano, com margem Ebitda ajustado caindo de 58,3% a 50,5%. Analistas do BTG Pactual avaliaram que os resultados do período foram fracos, mas não particularmente surpreendentes.
Vale
A Vale (VALE3) subiu 0,45%, em meio à alta dos contratos futuros de minério de ferro em Dalian, na China. A mineradora brasileira também comprou de volta uma participação de 30% na Vale Oman detida pela OQ, empresa estatal de energia de Omã, informou a agência de notícias estatal do país.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os principais índices de Wall Street caíam nesta terça-feira, com preocupações de que o Fed provavelmente seguirá em sua trajetória de alta de juros este ano, depois que dados apontaram para uma inflação ainda elevada.
Às 13h01 (de Brasília), o Dow Jones caía 0,61%, para 34.037,71 pontos. O S&P 500 tinha queda de 0,69%, a 4.108,91 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 0,73%, para 11.805,12 pontos.
Europa
As ações europeias fecharam em alta modesta nesta terça, impulsionadas por atualizações corporativas otimistas, mas reduziram a maior parte dos ganhos iniciais do pregão conforme investidores digeriram os dados de inflação nos Estados Unidos.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou com variação positiva de 0,08%, a 462,40 pontos, após ter atingido um pico de um ano mais cedo na sessão.
Já na zona do euro, dados mostraram que o emprego na região cresceu duas vezes mais do que o esperado no último trimestre, um sinal de pressões inflacionárias subjacentes maiores que podem manter os juros elevados por mais tempo.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,08%, a 7.953,85 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,11%, a 15.380,56 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,07%, a 7.213,81 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,22%, a 27.498,26 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,57%, a 9.263,20 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,12%, a 5.885,78 pontos.
Ásia
As ações da China e de Hong Kong mostraram fraqueza nesta terça-feira, uma vez que as tensões entre a China e os Estados Unidos restringiram o apetite por risco e limitaram os ganhos, com os investidores procurando mais evidências de que a recuperação econômica chinesa está ganhando força.
O índice CSI 300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, fechou com variação positiva de 0,04%, enquanto o índice de Xangai subiu 0,28%. O índice Hang Seng de Hong Kong teve queda de 0,24% no dia.
O atrito entre a China e os Estados Unidos manteve os investidores cautelosos, já que Washington e Pequim trocaram acusações sobre balões de alta altitude, azedando o sentimento do mercado.
Enquanto isso, as apostas na recuperação da China esfriaram enquanto os investidores esperavam mais provas de que a economia está de novo em pé depois que Pequim abandonou sua rígida política de Covid zero em dezembro.
“O mercado ainda está lutando entre as expectativas de uma forte recuperação e a realidade de um crescimento suave”, escreveu a Capital Securities em um relatório.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,64%, a 27.602 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,24%, a 21.113 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,28%, a 3.293 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,04%, a 4.145 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,50%, a 2.465 pontos.
*Com informações da Reuters.
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