Finanças

Dólar tem alta, para R$ 4,80; Ibovespa fecha estável

Mercado reagiu à divulgação de dados da economia dos EUA.

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Após mudar de direção em relação à abertura, o dólar fechou em forte alta frente ao real nesta quarta-feira (1º), após a divulgação de dados econômicos dos Estados Unidos que apontaram atividade robusta da indústria em maio. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou estável.

No dia, o dólar subiu 1,1%, negociado a R$ 4,8037, após chegar a R$ 4,8136 na máxima da sessão. Mais cedo, chegou a cair para R$ 4,7227. O Ibovespa subiu 0,01%, aos 111.601 pontos, após chegar a cair aos 110.822 na mínima do pregão.

O movimento positivo do mercado no começo do dia veio em meio à forte alta do preço de várias commodities, como petróleo, soja e minério de ferro. Investidores também citaram algum alívio pela suspensão, nesta quarta-feira, de um lockdown imposto há dois meses em Xangai, centro financeiro da China.

No entanto, o mercado também reage a temores de que a inflação elevada forçará os principais bancos centrais do mundo a apertar suas políticas monetárias com maior intensidade num momento bastante frágil para a economia global – ou seja, os juros podem subir com mais força, o que tende a puxar o dólar para cima e as bolsas para baixo.

Além disso, dados da economia dos EUA divulgados nesta quarta-feira também reforçaram expectativas de que os juros vão subir com mais velocidade no país. “E o momento é de dados erráticos, com um dia vindo um número bom, outro, um ruim, e o mercado olhando e reagindo a isso, como está ocorrendo nesta sessão”, afirmou o diretor de Investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos.

Os gastos com construção nos EUA subiram menos do que o esperado em abril, enquanto o PMI final da indústria também ficou aquém das expectativas. Mas participantes do mercado davam destaque a um relatório do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) que mostrou que a atividade manufatureira dos Estados Unidos superou expectativas e se recuperou em maio.

Isso poderia diminuir temores de uma recessão iminente na maior economia do mundo e permitir maior agressividade do Federal Reserve (Fed) em seu atual ciclo de aperto monetário.

Inflação e juros: perspectivas

Na zona do euro, por exemplo, dados desta semana mostraram que os preços ao produtor subiram a ritmo recorde de 8,1% em maio, o que reforçou apostas de que o Banco Central Europeu (BCE) começará a aumentar os juros em breve, o que poderia causar uma recessão, já que a região é particularmente vulnerável aos efeitos da guerra na Ucrânia.

Nos Estados Unidos, embora dados recentes tenham sugerido que a inflação já atingiu seu pico, investidores receberam com cautela comentários do diretor do Fed Christopher Waller, que disse no início desta semana que o banco central deve adotar aumentos de juros de 0,5 ponto percentual em todas as próximas reuniões de política monetária até que haja sinais convincentes de esfriamento dos preços.

“As condições atuais apontam para um ambiente desafiador para a América Latina“, disse o Citi em relatório divulgado na noite de terça-feira. “Ciclos de alta de juros nos EUA normalmente estão associados a menor crescimento na América Latina, depreciação cambial e maiores probabilidades de crises.”

Eles afirmaram que a situação da inflação nos Estados Unidos aponta para um aperto monetário (alta de juros) mais agressivo e probabilidade crescente de uma recessão nos EUA, o que piora ainda mais as perspectivas para a América Latina, cujos países enfrentam muitos desafios fiscais domésticos.

Bolsas mundiais

Wall Street

Wall Street fechou em baixa nesta quarta-feira, com investidores avaliando que dados econômicos mais recentes não contribuirão para tirar o banco central dos Estados Unidos de seu ciclo agressivo de alta da taxa de juros para domar a inflação descontrolada.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,75%, para 4.101,09 pontos; o índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,73%, para 11.993,03 pontos, e o Dow Jones caiu 0,54%, para 32.811,12 pontos.

Europa

As ações europeias caíram nesta quarta-feira quando dados apontando vendas fracas no varejo da Alemanha e a desaceleração da atividade industrial na zona do euro intensificaram preocupações com o crescimento econômico em meio a uma inflação recorde. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 1,04%, a 438,72 pontos, depois de ter chegado a subir 0,4% no início das negociações.

O índice de referência perdeu 1,6% em maio, pois o aumento da inflação alimentou preocupações com uma ação agressiva do banco central. As vendas no varejo alemão caíram 5,4% em abril, mais do que o esperado, enquanto o crescimento da indústria na zona do euro desacelerou no mês passado. “Os movimentos de preços que vimos esta semana nas ações são muito indicativos da incerteza geral dos mercados no momento”, disse Stuart Cole, macroeconomista chefe da Equiti Capital.

O STOXX 600 marcou perdas em todos os meses deste ano, exceto em março, com investidores também preocupados com a inflação elevada, o aperto da política monetária do banco central e as consequências do conflito entre Rússia e Ucrânia.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,98%, a 7.532,95 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,33%, a 14.340,47 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,77%, a 6.418,89 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,90%, a 24.283,56 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,18%, a 8.747,20 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,42%, a 6.231,15 pontos.

Ásia e Pacífico

As ações da China caíram nesta quarta-feira, com a redução do entusiasmo sobre o fim do lockdown de Xangai em meio a preocupações persistentes com a economia.

A flexibilização vem depois de o gabinete da China ter anunciado na terça-feira um pacote de 33 medidas que abrangem políticas fiscais, financeiras, de investimento e industriais para reviver sua economia, devastada pela pandemia.

No entanto, analistas esperam que a economia chinesa tenha contração no segundo trimestre e que a recuperação seja um processo difícil e fortemente dependente dos desdobramentos envolvendo a covid, com consumidores e empresas não devendo recuperar a confiança imediatamente.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,65%, a 27.457 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,56%, a 21.294 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,13%, a 3.182 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,20%, a 4.083 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI permaneceu fechado.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,79%, a 16.675 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,36%, a 3.244 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,32%, a 7.234 pontos.

*Com informações da Reuters.

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