Finanças
Ibovespa recua, de olho em cenário fiscal e economia dos EUA; dólar cai
Investidores monitoraram PEC dos Combustíveis e repercutiram fala de chefe do Fed.
O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira (29) e arrisca ter pior desempenho mensal desde os primeiros momentos da pandemia no país, em meio a temores de recessão nos Estados Unidos. Preocupações com o cenário fiscal no Brasil também pesaram, com investidores de olho na PEC dos Combustíveis, aumentos no Auxílio Brasil e Auxílio Gás e a criação de voucher para caminhoneiros.
Na sessão, o dólar também caiu acentuadamente, movimento completamente descolado do exterior que deixou o real com o melhor desempenho global, performance que operadores atribuíram a razões técnicas.
No dia, o Ibovespa caiu 0,96%, aos 99.621 pontos. Já o dólar caiu 1,38%, a R$ 5,1922.
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Contas públicas
Em Brasília, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) apresentou seu substitutivo à chamada PEC dos Combustíveis com aumentos no Auxílio Brasil e Auxílio Gás, bem como a criação de voucher para caminhoneiros autônomos. Segundo Bezerra, o impacto total dos novos benefícios previstos agora na PEC é de R$ 38,75 bilhões.
Para a estrategista de ações da XP Jennie Li, parte da performance negativa do Ibovespa em junho, com queda perto de 10% acumulada até agora, é reflexo justamente do aumento de riscos fiscais, com discussões como a da PEC dos Combustíveis.
Ainda no cenário interno, foi divulgada a aceleração da inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). O indicador subiu 0,59% em junho depois de ter subido 0,52% em maio, com a maior pressão no varejo compensando a alta mais fraca no atacado. O resultado, porém, ficou abaixo do esperado pelo mercado.
No exterior
O chefe do Fed, Jerome Powell, e a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, falaram em evento do BCE, chamando a atenção para o atual nível de inflação, que vem preocupando os mercados.
Powell disse que existe o risco de que os juros do Fed desacelerem demais a economia dos Estados Unidos, mas que o maior risco é uma inflação persistente que comece a deixar as expectativas públicas sobre os preços avançarem.
Dados divulgados nesta quarta mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA caiu a uma taxa anualizada de 1,6% no último trimestre, em uma revisão de dados que significa uma piora em relação ao ritmo de queda de 1,5% relatado anteriormente.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que a leitura de parte dos mercados financeiros é de que esse sinal de fraqueza na maior economia do mundo, com as perspectivas para os próximos trimestres também incertas, poderia forçar o banco central norte-americano a parar de subir os juros antes do planejado.
Isso pode provocar algum arrefecimento do dólar no curtíssimo prazo, mas Cruz ponderou que é pouco provável que o Fed realmente siga um caminho mais moderado em sua alta de juros, já que vários dirigentes da instituição têm reiterado que, entre proteger a atividade e combater a inflação, a prioridade deve ser buscar controlar a alta dos preços.
Na Europa, Lagarde ressaltou que a era de inflação ultrabaixa que precedeu a pandemia não deve voltar e os bancos centrais precisam se ajustar às expectativas de alta dos preços significativamente mais elevadas.
Bolsas mundiais
Wall Street
O índice S&P 500 encerrou uma sessão de vaivém levemente em baixa nesta quarta-feira, conforme se aproxima o fim de um mês pessimista, um trimestre difícil e o pior primeiro semestre para o S&P 500 desde o primeiro mandato do ex-presidente norte-americano Richard Nixon.
Segundo dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,08%, para 3.817,90 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq cedeu 0,04%, para 11.176,92 pontos. O Dow Jones subiu 0,24%, para 31.020,05 pontos.
Europa
As ações europeias caíram nesta quarta-feira, conforme se intensificavam as preocupações sobre uma recessão global depois que chefes do BCE e do Fed mantiveram sua postura agressiva em relação à inflação – ou seja, indicando que a alta de juros deve continuar.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,67%, a 413,42 pontos, e encerrou um rali de três dias.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,15%, a 7.312,32 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 1,73%, a 13.003,35 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,90%, a 6.031,48 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 1,21%, a 21.833,50 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,56%, a 8.188,00 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,66%, a 6.131,79 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações da China e de Hong Kong caíram mais de 1% nesta quarta-feira, após ganhos acentuados na sessão anterior, pressionados pela queda em Wall Street e pelas novas tensões geopolíticas.
Ao mesmo tempo, o governo do presidente dos EUA, Joe Biden, acrescentou cinco empresas da China a uma lista de proibição comercial na terça-feira por supostamente apoiarem a base industrial militar e de defesa da Rússia.
“Tensões geopolíticas entre a China e outras grandes economias, especialmente os EUA e seus aliados, provavelmente permanecerão elevadas”, disse na quarta-feira a agência de classificação Moody’s.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,91%, a 26.804 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,88%, a 21.996 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 1,40%, a 3.361 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 1,54%, a 4.421 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 1,82%, a 2.377 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 1,29%, a 15.240 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,17%, a 3.134 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,94%, a 6.700 pontos.
*Com informações da Reuters.
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