Finanças

Ibovespa fecha em alta de 1,51% com trégua na política; dólar recua

Na semana o índice avançou 0,61% e no mês de agosto está perto de zerar perdas recuando apenas 0,75%

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Chegou ao fim uma semana super conturbada nos mercados, marcada pela incerteza política entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes sobre a aprovação do Renda Brasil. Após o mandatário afirmar que o programa estaria suspenso, o medo do risco fiscal tomou conta dos investidores.

Contudo, hoje o tom foi conciliador, Bolsonaro convocou uma nova reunião para terça-feira (1) onde deve ser anunciada a prorrogação do auxílio emergencial, até então em definição. Ele também destacou que o auxílio emergencial não é uma nova aposentadoria, reforçando o intuito da injeção dos recursos.

Embora nesta semana ficou nítido que de um lado Paulo Guedes está atento para que os recursos liberados não coloquem em risco o teto fiscal, do outro lado está Bolsonaro querendo liberar diversas medidas rapidamente. Porém nesta sexta-feira (28) o mercado teve um novo entendimento que agora ambos concordam com a austeridade fiscal.

Com as questões políticas mais alinhadas a bolsa de valores retomou seu ritmo de valorização. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta de 1,51% aos 102.142 pontos. Na semana o índice acumula ganhos de 0,61%.

O cenário externo também contribuiu para a recuperação do índice, repercutindo o anúncio de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed) sobre manter os juros perto do patamar zero, mas permitir uma inflação de em média 2% ou mais. Novamente os índices americanos S&P 500 e Nasdaq renovaram máximas e fecharam em alta de 0,67% e 0,60%. O Dow Jones subiu 0,57%.

Sob efeito da postura do Fed e com apetite de risco no exterior, o dólar recuou. O dólar comercial fechou em queda de 2,927%, cotado a R$ 5,4156. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,568.

O dólar derreteu deixando claro o desmonte de posições defensivas dos investidores. O movimento veio em continuidade ao enfraquecimento da divisa americana já visto na quinta-feira, por causa das renovadas as perspectivas de que os juros nos Estados Unidos continuarão baixos por um longo período diante da sinalização para a política monetária dada pelo presidente do Fed. Favoreceu também a desvalorização do dólar, o ambiente doméstico mais ameno, com os investidores enxergando certo entendimento entre a equipe econômica e o presidente Jair Bolsonaro.

As ações de commodities valorizaram. Os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) fecharam em alta de 1,76%, enquanto as ações ordinárias (PETR3) subiram 2,03%. Apesar da queda do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras avançam. A empresa assinou ontem acordo para venda de 27 concessões terrestres de exploração e produção no Espírito Santo, chamado de Polo Cricaré.

Já as ações da Vale (VALE3) subiram 0,51%, repercutindo a valorização de 1,76% do minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao, na China.

Destaques da bolsa

A maior alta do dia foi a Cyrela (CYRE3) que valorizou 7,39%. Os papéis da companhia subiram após a construtora Cury, controlada pela companhia, protocolar IPO com expectativa de movimentar até R$ 1,7 bilhão. Com juros baixos que favorecem o setor imobiliário tudo indica um futuro promissor para a Cyrela.

Ainda entre os destaques positivos estavam Qualicorp (QUAL3) e Ecorodovias (ECOR3) que fecharam em alta de 5,60% e 5,43%, respectivamente.

O destaque negativo do dia foi do IRB Brasil (IRBR3) que fechou em queda de 1,57%, ainda repercutindo possível posição da Squadra como “vendida” na companhia.

Caiu também a Marfrig (MRFG3), com desvalorização de 1,40%. Seguida da Braskem (BRKM5) que recuou 1,08%.

Indicadores

Mais cedo foi divulgado que o IGP-M voltou a ganhar tração em agosto e subiu 2,74% – maior taxa em 18 anos, desde dezembro de 2002 (3,75%) -, após alta de 2,23% em julho. Com o resultado, o índice passou a acumular alta de 13,02% em 12 meses e de 9,64% em 2020.

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 6,6 pontos na passagem de julho para agosto, na série com ajuste sazonal, alcançando 850 pontos. Após quatro meses consecutivos de altas, o índice ainda permanece abaixo do nível de fevereiro, no pré-pandemia, quando estava em 94,4 pontos.

Bolsas americanas

Os mercados acionários de Nova York voltaram a registrar ganhos nesta sexta-feira (28), com os índices S&P 500 e o Nasdaq renovando máximas históricas de fechamento. O Dow Jones, por sua vez, passou a mostrar sinal positivo neste ano, com investidores ainda avaliando a postura do Federal Reserve (Fed) e também com um indicador que superou as expectativas.

O índice Dow Jones fechou em alta de 0,57%, em 28.653,87 pontos, com alta semanal de 2,59%. O S&P 500 avançou 0,67%, a 3.508,01 pontos, registrando ganho de 3,26% na semana. O Nasdaq subiu 0,60%, para 11.695,63 pontos, com alta de 5,98% na semana.

O ajuste na política monetária do Fed, anunciado na quinta, continuou a reverberar nos mercados, com a avaliação entre analistas de que foi reforçada a postura de uma política monetária relaxada pelo banco central, o que tende a beneficiar as bolsas.

A Capital Economics diz que o Fed indicou que mais estímulo monetário pode vir em breve, mas com os juros de longo prazo já tão baixos é improvável que isso altere muito a perspectiva de curto prazo da economia.

Na agenda de indicadores, o sentimento do consumidor dos EUA avançou a 74,1 em agosto, segundo a Universidade de Michigan, acima da previsão dos analistas, o que apoiou as bolsas.

Entre os setores, o de energia liderou ganhos, com a percepção de que os estragos temidos no Golfo do México não se concretizaram, após a passagem do furacão Laura.

Papéis de tecnologia também estiveram entre os destaques, com Microsoft em alta de 1,03%, embora Apple tenha recuado 0,16%. O papel da Boeing subiu 0,92% e, entre os bancos, JPMorgan avançou 0,41% e Citigroup, 1,08%, mas Goldman Sachs perdeu 1,16%.

*Com Estadão Conteúdo

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