Finanças

Ibovespa fecha em queda de 5,22%, aos 63 mil pontos

Clima de apreensão prevaleceu sobre as novas medidas de estímulos anunciadas pelo BC brasileiro e o Fed; forte queda dos bancos pesou sobre o índice.

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Após abrir em leve alta nesta segunda-feira (23), o principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou em forte queda, mesmo após medidas do Banco Central para estimular a economia e novas ações do Fed (BC norte-americano) para baratear o crédito. Mais cedo, o clima era de apreensão nos mercados globais, com o coronavírus e impasse no Senado dos EUA.

MAIS CEDO: Bolsas globais voltam a tombar com coronavírus

O Ibovespa recuou 5,22%, negociado em 63.569 pontos.

Destaques do dia

Perto do horário de fechamento, a ação preferencial da Petrobras (PETR4) recuava ao redor de 5%, enquanto Vale (VALE3) caía 4,55%. A maior queda foi da varejista de moda Hering (HGTX3), que cedia mais de 18%.

Com forte peso no Ibovespa, os bancos Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) tiveram desvalorização ao redor de 8% e 7,5%, respectivamente, ajudando a pressionar o índice.

Pela manhã, o Ishares MSCI Brazil (EWZ), fundo de índice que replica as principais ações brasileiras, chegou a recuar 7,34% no pré-mercado de Nova York.

Na semana passada, o Ibovespa acumulou uma desvalorização de 18,88%, a pior desde o dia 10 de outubro de 2008, fechando aos 67.069 pontos.

As bolsas da Europa registraram fortes quedas, apesar dos esforços de governos e bancos centrais ao redor do mundo para mitigar os efeitos econômicos do coronavírus. O estresse global causado pela interrupção de empresas e medidas de quarentena continuaram a pesar sobre as ações europeias, fazendo o índice Stoxx 600 encerrar em baixa de 4,30%, a 280,43 pontos.

As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta segunda (23).

Os contratos futuros do ouro fecharam em alta, com os investidores em busca de ativos seguros à medida que a pandemia de coronavírus avança pelo mundo. O ouro para abril encerrou em alta de 5,59%, a US$ 1.567,60 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).

Medidas dos BCs

O Banco Central brasileiro (BC) anunciou nesta segunda a redução do compulsório (reserva obrigatória que os bancos devem fazer) sobre recursos a prazo, de 25% para 17%. Com isso, a expectativa é de que sejam liberados às instituições financeiras R$ 68 bilhões a partir do dia 30 de março.

“Em 14 de dezembro, caso a economia tenha atravessado a pandemia do Covid-19, a alíquota do compulsório sobre recursos a prazo será recomposta ao patamar anterior de 25%”, informou o BC.

De acordo com o BC, a medida é temporária e “tem o objetivo de aumentar a liquidez do Sistema Financeiro Nacional”. “A decisão faz parte do conjunto de ações adotadas pelo BC para minimizar os efeitos do coronavírus (Covid-19) sobre a economia brasileira”.

O Federal Reserve (banco central americano) expandiu seus programas de crédito para liberar recursos para os mercados. Segundo o órgão, as compras de títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) e títulos hipotecários anunciadas na semana passada são ilimitada, enquanto o Fed comprará US$ 375 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 250 bilhões em títulos hipotecários.

As novas quedas aconteceram em meio a um impasse em torno de um pacote de resgate trilionário proposto pelo governo dos EUA e à medida que o avanço da pandemia de coronavírus força governos a ampliar medidas de confinamento, comprometendo cada vez mais a perspectiva da economia global.

Ontem, o governo Trump falhou em aprovar no Senado americano um pacote de estímulos no valor de US$ 1,3 trilhão, destinado a amenizar os efeitos adversos do coronavírus. Há expectativa, porém, de que a proposta volte a ser apreciada nesta segunda.

Além disso, a propagação do coronavírus manteve ritmo acelerado no fim de semana, com o total de casos e mortes no mundo ultrapassando 300 mil e 14 mil, respectivamente. Como resultado, governos endureceram medidas de confinamento, numa tentativa de desacelerar o avanço da doença.

O investidor também monitorou os riscos políticos, após mais uma pesquisa mostrar redução na aprovação do presidente Jair Bolsonaro.

Medida trabalhista revogada

O presidente Jair Bolsonaro revogou o artigo 18 da MP 927, que permitia a suspensão do contrato de trabalho por até 4 meses sem salário.

O Artigo 18 previa que, durante o estado de calamidade pública, o contrato de trabalho poderia ser suspenso por até quatro meses, para participação do empregado em curso de qualificação profissional não presencial, oferecido pela empresa ou por outra instituição. Essa suspensão poderia ser acordada individualmente com o empregado e não depende de acordo ou convenção coletiva.

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