No Brasil, 70% dos veículos e 87% das residências não têm seguros. Se um imprevisto acontecer, a maioria absoluta dos donos de carros e proprietários de imóveis corre o risco de perder tudo.
Mas o que é que seguro tem a ver com investimento? Tudo.
Imagine ser pego de surpresa num alagamento e ter de trocar de carro. Ou se um temporal danificar a casa? O dinheiro vai sair de uma parte de seu portfólio de investimentos; provavelmente, da sua reserva de emergência. O seguro, portanto, protege o patrimônio da família.
Uma situação clássica é a dos seguros de vida. Mesmo alguém que tenha milhões de reais investidos vai aumentar a segurança financeira dos filhos e do cônjuge se tiver um seguro de vida.
A carteira de aplicações e até o dinheiro em conta corrente ficam bloqueados durante a fase de inventário, em caso de morte do titular. Uma apólice não. Os beneficiários podem sacar rapidamente, porque o seguro não entra no processo. O ideal, nesse caso, é que cada integrante do casal tenha sua própria apólice com previsão de recursos suficientes para assegurar a manutenção do padrão de vida da casa ou, ao menos, o pagamento de despesas essenciais por um período razoável.
Na vida e nos investimentos
Há diversas formas de fazer essa previsão. Um bom parâmetro é usar renda de cada integrante. A indenização nesse caso pode ser calculada para cobrir 24 meses de salário, o que compensaria a perda imediata de parte da renda da família por dois anos.
Outra maneira de calcular essa cobertura é utilizar as despesas essenciais. Você pode, por exemplo, colocar na lista os gastos com saúde, escola dos filhos, aluguel (ou financiamento imobiliário), alimentação e contas da casa. Daí o montante a ser recebido em caso de acionamento da apólice precisa cobrir um ou dois anos desses desembolsos.
Para uma segurança ainda maior, a cobertura pode ser contratada para assegurar o pagamento das despesas da família até a faculdade dos filhos. É claro que, quanto maior a indenização, mais caro será o pagamento do seguro.
A lógica do seguro também depende da fase da vida de cada um. Mesmo um jovem recém-formado e sem filhos vai ter uma proteção importante com a contratação de um seguro de vida. Esse produto indeniza o titular em casos de invalidez temporária ou permanente e doenças graves.
Na medida em que você aumenta o patrimônio, pode reduzir a parcela de indenização prevista – já que o dinheiro do seguro será menos necessário. Isso ajuda a manter o custo da proteção mais equilibrado ao longo do tempo.
O valor pago pela apólice vai aumentar conforme a idade do contratante. A seguradora calcula o preço dos produtos de acordo com os riscos de ter de arcar com as indenizações dentro de um grupo com características parecidas.
Um seguro de vida com cobertura de R$ 200 mil para uma pessoa de 30 anos custa, em média, R$ 30 por mês, segundo a Icatu Seguros. Para alguém com 40 anos, mesmo com redução de capital segurado para R$ 150 mil, a mensalidade sobe para R$ 42.
Previdência privada faz diferença
Em uma família, há outras estratégias que podem ser combinadas para tornar mais eficiente os custos de proteção. Cada um dos pais pode fazer, paralelamente ao seguro de vida, um plano de previdência privada aberta. Esse segmento tem como principais produtos o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) ou o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).
A previdência aberta, na prática, funciona com um investimento. No fim do período de acumulação, em 10 ou 20 anos, por exemplo, os titulares podem receber uma renda mensal ou sacar o dinheiro de uma vez, acrescido dos rendimentos de cada produto. O aplicador também consegue resgatar parte ou todo o recurso mesmo antes do fim do plano.
O PGBL e o VGBL têm outras vantagens. Em geral, ficam de fora do processo de inventário, porque são, na verdade, um tipo de seguro. Em caso de falecimento do titular, os beneficiários recebem os recursos aportados.
Dentro da ideia de planejamento sucessório, esses planos se tornam um coringa devido a essas características. Conforme o valor poupado em um VGBL começa a alcançar os requisitos de indenização do seguro de vida, o titular pode reduzir proporcionalmente o valor de cobertura e, assim, o custo pago mensalmente – aquela mesma lógica: quanto maior o patrimônio, menor a necessidade de uma cobertura polpuda.
Casa e bolso protegidos
Outro tipo de seguro, bem versátil, é o residencial. Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, esse tipo de proteção tem um desembolso mensal bem acessível. A apólice custa entre 0,2% e 0,6% do valor do imóvel, de acordo com a Mapfre. Uma residência com valor de R$ 700 mil, por exemplo, custaria a partir de R$ 1,4 mil ao ano, ou R$ 116 mensais. Há seguradoras que oferecem coberturas a partir de R$ 20 por mês.
Além de proteger o valor do imóvel (em caso de incêndio, por exemplo), também indeniza danos causados a terceiros, tipo vazamentos que atinjam os vizinhos.
Já os danos à estrutura de um prédio residencial têm uma cobertura diferente. Nesse caso, a proteção é garantida pelo seguro condominial, que deve ser contratado pela gestão dos condomínios.
Mas, talvez, as maiores vantagens estão nas assistências associadas aos produtos. Algumas apólices oferecem mais de 80 serviços – de encanador, eletricista e chaveiro até manutenção de bicicleta e cuidados para pets.
Também faz sentido aproveitar os serviços para prevenir problemas maiores – fazer revisões hidráulicas, elétricas e de encanamento de gás ou ainda a manutenção periódica do aquecedor, da geladeira, do ar condicionado. Esse apoio ajuda a evitar dores de cabeça e gastos imprevistos, que podem afetar sua capacidade de investimento.
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