Finanças
Restaurante Paris 6 passa a aceitar pagamento com bitcoin; será que vale a pena?
Chegou a vez do badalado bistrô permitir que seus clientes paguem a conta com bitcoin.
ARTIGO*
As formas tradicionais de pagamento estão começando a andar lado a lado com outras opções mais modernas e vantajosas, como as criptomoedas. Tal tendência tem ganhado tanta força que agora foi a vez do Paris 6, o restaurante queridinho dos famosos, passar a aceitar bitcoin (BTC) como pagamento.
Conforme anunciado no dia 24 de novembro, o bistrô vai contar com a parceria do sistema de pagamentos Foxbit Pay para fornecer o serviço. No entanto, apesar de a rede estar presente em 11 cidades brasileiras, somente os restaurantes Paris 6 Classique e Paris 6 Vaudeville, gerenciados pelo Isaac Azar, cripto-entusiasta fundador da rede, irão aceitar a BTC.
Mas, com um fornecimento máximo limitado, escassez e natureza descentralizada do bitcoin que tornam quase impossível inflacionar ou manipular, será que realmente vale a pena usar o ouro digital como um meio de pagamento?
Reserva de valor x moeda
Primeiro de tudo, é preciso saber que uma reserva de valor, como o ouro, se refere a um ativo que consegue manter seu poder de compra com o decorrer do tempo. Desse modo, deve apresentar certas características como escassez, estabilidade de preço, aceitação, adoção, durabilidade e segurança.
Por outro lado — e didaticamente falando —, uma moeda é qualquer coisa que é aceita como meio de troca para pagar bens e serviços. Então, por exemplo, se João é dentista e deseja pães, e José é um padeiro que quer serviços de odontologia, eles podem trocar diretamente seus produtos, fazendo com que sejam uma moeda.
Além disso, como as moedas apresentam a função de reserva de valor, são confiáveis e têm alta liquidez, elas são as principais escolhas de muitos investidores para tal.
Limitado, escasso e cada vez mais valorizado ao longo dos anos
Criado por Satoshi Nakamoto, em 2008, o bitcoin surgiu para permitir que pagamentos fossem enviados diretamente de uma parte para a outra, sem passar por uma instituição financeira. Porém, devido sua descentralização, escassez e política de emissão anti-inflacionária, o BTC também preenche as características-base de uma reserva de valor.
É imprescindível saber que, no total, existirão apenas 21 milhões de unidades de BTC, sendo que mais de 19 milhões de moedas, ou 92% da oferta máxima, já foram emitidas. Assim, protege-se a criptomoeda contra a inflação e, portanto, consegue-se manter o seu poder de compra ao longo do tempo.
Resumidamente, mais que uma simples forma de pagamento, o bitcoin é escasso, seguro e, sendo 100% digital, também é portátil e de fácil transporte. Então, apesar de idealizado como meio de troca, o BTC tem características que o tornam um exímio ouro 2.0.
Pagamento agora, reserva de valor no futuro
Sem dúvidas, a cotação do BTC ainda é muito volátil e gera fortes críticas quanto a sua função como reserva de valor. Portanto, de fato, o BTC ainda não é uma reserva de valor. Mas, mediante um cenário de aversão ao risco, como crises políticas e econômicas, a ideia da maior criptomoeda do mercado como reserva de valor tende a se fortalecer.
Além disso, com a adoção crescente por países, lojas, empresas e investidores, a oscilação de preços da moeda vem diminuindo. E, conforme ela diminui, o que tem sido uma tendência, o bitcoin tende a se consolidar como uma espécie de substituto do ouro físico.
Portanto, aceitando pagamento com bitcoin, o Paris 6 está recebendo em troca uma moeda limitada a apenas 21 milhões de unidades. Nada bobo, o visionário Isaac sabe muito bem tudo que o bitcoin representa e pode vir a representar.
O mundo que vivemos hoje é, em grande parte, digital. Consequentemente, ter uma reserva de valor também digital, é um processo natural, que vai acontecer de uma forma ou outra.
Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano. |
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
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