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Veja as 10 ações que mais subiram e caíram no mês de agosto

Enquanto os índices americanos renovam máximas históricas, o Ibovespa ainda está longe do seu melhor momento e recua 14,07% no ano

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O mês de agosto acabou e o Ibovespa, principal índice da B3, recuou 3,44%. A bolsa de valores teve a sua primeira desvalorização desde a queda de 29,90% no mês de março. Segundo Cristiano Correa, professor de finanças do Ibmec, de abril a junho o Ibovespa acumulou alta de 40,94%, mas devolveu parte desses ganhos em agosto caindo 3,44%.

Entre os fatores que motivaram a queda do índice estão: a preocupação com risco fiscal e teto de gastos, conflitos na política doméstica. Enquanto Dow Jones e S&P 500 renovaram máxima histórica desde 1980, aqui o Ibovespa ainda está longe do seu melhor momento.

Além do cenário interno bastante tenso, Correa destaca dois problemas macro no radar. O primeiro é o conflito entre as relações comerciais EUA-China que vai além da briga do Tik Tok. “As relações entre os países estão deterioradas há um tempo”, defende.

O segundo fator no radar é a proximidade das eleições americanas, que geram volatilidade nos ativos a curto e médio prazo. Somado a precificação que o mercado financeiro faz pela chegada de uma nova vacina.

Segundo Correa, a queda de agosto se traduz em uma realização de lucros, após uma alta consecutiva durante meses de quase 40% no Ibovespa. Contudo, ele não enxerga que o índice continue em ritmo de queda por muito tempo. “A correção pode chegar até a região dos 92 mil pontos, mas nada abaixo disso”, reforça.

Para Matheus Kraft, assessor de investimentos e sócio da Ikedo Investimentos a queda do mês de agosto é um fenômeno pontual. Ele reforça que a expectativa do mercado ainda permanece nos 115 mil pontos para o índice brasileiro até o final de 2020. “Pode ser que o começo de setembro seja um pouco conturbado, mas nas semanas seguintes o Ibovespa deve retomar”, explica.

Maiores altas

A maior alta do mês de agosto foi a Usiminas (USIM5) que valorizou 24,85%. Kraft avalia que o setor siderúrgico avançou seguindo o aumento de demanda de minério de ferro, o que acabou animando os investidores. Outra que seguiu nesta dinâmica foi a Sid Nacional (CSNA3) que avançou 24,16%, terceira maior alta do mês. “A redução de custos no setor de aço com a reforma de alto-forno permitiu que CSNA3 tivesse alavancagem”, afirma Kraft.

A segunda maior alta do mês foi a Klabin (KLBN11) que subiu 24,39%. Segundo o assessor de investimentos, o que favoreceu a companhia de papel e celulose foi a depreciação do real frente ao dólar. Em consequência muitos investidores utilizaram a Klabin como proteção (hedge) na hora de se posicionar em companhias exportadoras.

Outro destaque foi a Hering (HGTX3) que avançou 23,58% no acumulado. Uma recuperação tardia porém necessária da varejista de roupa graças ao e-commerce. A companhia teve um lucro líquido de R$ 126,8 milhões no segundo trimestre de 2020, quase o triplo que no mesmo período em 2019. “É uma companhia conhecida pelo mercado que acabou se beneficiando deste resultado”, afirma Kraft.

Ainda entre as maiores altas de agosto, uma que não decepciona é a Marfrig (MRFG3) que valorizou 23,53%. Segundo o especialista, a companhia foi a menos afetada do setor na pandemia graças a uma boa combinação de fatores: real depreciado frente ao dólar, consumo elevado de carne e o aumento de demanda da proteína pela China, que ainda não se recuperou das perdas da peste suína em 2019.

Veja as 10 maiores altas do mês de agosto:

AçãoValorização
Usiminas (USIM5)24.85%
Klabin (KLBN11)24.39%
Sid Nacional (CSNA3)24.16%
Cia Hering (HGTX3)23.58%
Marfrig (MRFG3)23.53%
Suzano (SUZB3)19.52%
Magazine Luiza (MGLU3)15.50%
Totvs (TOTS3) 11.73%
Qualicorp (QUAL3)11.57%
Notre Dame (GNDI3) 10.99%

Maiores quedas

Entre as maiores quedas do mês de agosto está o setor de educação. A Cogna (COGN3) foi a companhia que mais desvalorizou com queda de 31,16% nas últimas 4 semanas. Segundo Cristiano Correa, professor de finanças do Ibmec, a companhia sofreu bastante com a mudança das atividades educacionais, migrando do presencial ao EAD. Tudo isso em meio a cobrança do investidor por uma reestruturação. “A Cogna está entre os piores desempenhos nos últimos 12 meses. Especialmente pela dificuldade da companhia de arcar com todos os custos de atividades”, explica.

Para Correa a recuperação deste tipo de empresa dependerá da lição de casa que cada companhia vai entregar para reformular as suas operações. “Eles anunciaram publicamente a intenção de manter o serviço premium, essa transição de presencial para o online precisa ser analisada pelo investidor”, aconselha. Para ele a situação da companhia cobra cautela.

Ainda falando em educação, outra que teve queda expressiva foi a Yduqs (YDUQ3) que recuou 20,48%. Segundo Kraft da Ikedo Investimentos, a companhia despencou após reportar um prejuízo de R$ 79,5 milhões no segundo trimestre de 2020. Outro assunto que preocupa o investidor é o endividamento da empresa após a aquisição do grupo Athenas educacional. “A pandemia já afetou o caixa da Yduqs, com a aquisição o investidor está preocupado se a empresa vai honrar as dívidas”, explica ele.

Ainda entre as maiores quedas está a Sabesp (SBSP3) que caiu 21,53%. A companhia se divide entre a capitalização e privatização, que segundo Correa já teria sido precificada pelo mercado. Por este motivo, quando o governador João Dória ventilou a possibilidade da privatização não ocorrer o mercado reagiu mal. Outro aspecto que impacta a Sabesp seria a indefinição no marco de saneamento. “A companhia ainda espera pela análise do veto em São Paulo”, explica o especialista.

Já na área de seguros, o grupo SulAmérica (SULA11) recuou 14,83%. A empresa lida com a queda de sinistralidade no ramo automotor além da redução de procedimentos na área da saúde. “A companhia lucrou R$ 398,7 milhões no segundo trimestre, mas parte deste lucro é resultado da venda de ativos e o investidor deve ficar atento”, adverte Correa.

Veja as 10 maiores quedas do mês de agosto:

AçõesQueda
Cogna (COGN3)-31.16%
Sabesp (SBSP3) -21.53%
Yduqs (YDUQ3)-20.48%
Cielo (CIEL3)-15.08%
SulAmérica  (SULA11)-14.83%
Raia Drogasil (RADL3) -13.13%
Atacadão (CRFB3) -12.88%
Itaú Unibanco (ITUB4)-12.42%
Hypermarcas (HYPE3)-12.38%
Cemig (CMIG4) -12.25%

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